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Um relatório hoje divulgado pela Direção-Geral da Saúde traça um retrato ambivalente dos hábitos alimentares nacionais. O país posiciona-se entre os europeus com menor teor médio de sal em categorias como produtos de padaria, refeições pré-preparadas e queijos, e de açúcar em refrigerantes e bolos. Contudo, persistem valores elevados nos cereais de pequeno-almoço, iogurtes e produtos de charcutaria, que continuam acima da média europeia.
O Relatório Anual 2024 do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), publicado por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, confirma o impacto duradouro do imposto sobre bebidas açucaradas. Entre 2017 e 2024, registou-se uma quebra de 39% na proporção de bebidas no escalão fiscal mais elevado (teor de açúcar igual ou superior a 8g/100mL). Esta mudança estrutural na oferta contrasta com a evolução do consumo, que após uma quebra inicial, viu o volume de vendas em 2024 superar em 8% os níveis de 2017.
A análise comparativa com 13 outros países, baseada em dados da plataforma FABLE, coloca Portugal numa posição favorável em várias frentes. É segundo no ranking dos teores mais baixos de sal em produtos de padaria e de açúcar em refrigerantes, e integra o top 5 para bolos e bolachas doces. Já nos cereais de pequeno-almoço, o desempenho é menos positivo, com um teor médio de açúcar de 16,6g/100g, cerca de 60% superior ao verificado na Finlândia.
Pela primeira vez, o documento monitoriza de forma sistemática a resposta dos Cuidados de Saúde Primários na área da nutrição. Em 2024, realizaram-se 136.921 consultas de nutrição, um crescimento próximo de 30% face a 2022. A diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado, sublinhou no relatório que estes avanços representam passos concretos no sentido de uma maior integração da nutrição nos cuidados de saúde e na prevenção de doenças crónicas.
O registo de pré-obesidade e obesidade nos cuidados de saúde primários mantém uma trajetória ascendente, facto que poderá refletir, segundo o PNPAS, uma melhoria na identificação e notação clínica destas condições e não necessariamente um agravamento do estado nutricional da população.
O relatório assinala ainda uma descida da insegurança alimentar moderada ou severa para 4,1% em 2024, igualando o segundo valor mais baixo desde o início da série histórica em 2019.
O documento está disponível para consulta no sítio web da Direção-Geral da Saúde.
PR/HN



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