Açores contabilizam tempo de serviço a profissionais de saúde da pandemia

17 de Outubro 2025

Os Açores vão contabilizar o tempo de serviço dos profissionais de saúde contratados durante a pandemia para progressão na carreira. O diploma, proposto pelo BE, foi aprovado por maioria e entra em vigor com o Orçamento de 2026

O tempo de serviço dos mais de 600 profissionais de saúde contratados nos Açores durante a pandemia de covid-19 será finalmente contabilizado para a sua progressão na carreira e posição remuneratória. A medida consta de um decreto legislativo regional publicado esta quinta-feira em Diário da República, tentando pôr fim a uma situação descrita no próprio preâmbulo do diploma como “uma injustiça, que deve ser corrigida”.

A proposta, que partiu do Bloco de Esquerda, conseguiu reunir em setembro lastro suficiente na Assembleia Legislativa da região, onde foi aprovada por maioria. O PS, o Chega, o próprio BE e o PAN alinharam votos a favor, enquanto os partidos que sustentam o governo regional – PSD, CDS-PP e PPM – se abstiveram, tal como a Iniciativa Liberal.

O texto agora publicado vem na esteira de um processo de regularização extraordinária que não ocorreu de forma imediata nos Açores após o fim do período pandémico, em março de 2023, ao contrário do que sucedeu no território continental. Só com a entrada em vigor do Orçamento regional para 2024, em junho do ano passado, se desbloqueou a integração destes trabalhadores. No entanto, o tempo de serviço que acumularam manteve-se até agora num limbo, sem reconhecimento para efeitos de progressão.

O decreto vem assim preencher essa lacuna, determinando que será contado o tempo de serviço prestado desde a entrada em vigor da Resolução do Conselho do Governo Regional n.º 61-A/2023, de 14 de abril, até ao momento da sua efetiva integração nos quadros. A avaliação de desempenho realizada nesse intervalo será a considerada – ou, na sua falta, será atribuída uma menção de ‘Bom’.

Com esta contagem, a progressão e o respetivo reposicionamento remuneratório serão praticamente imediatos, com os trabalhadores a transitarem de imediato para o escalão correspondente ao tempo de serviço que agora lhes é reconhecido. O diploma estabelece ainda que o número de vagas para esta progressão será igual ao número de trabalhadores que reunam os requisitos, afastando-se assim qualquer lógica de contingentação.

Cabe agora ao Executivo açoriano regulamentar a matéria no prazo de 30 dias, um processo que terá de ser feito em concertação com as estruturas sindicais. A entrada em vigor do decreto acontece no dia seguinte à sua publicação, mas os seus efeitos práticos só se farão sentir com a vigência do Orçamento da Região para 2026, deixando ainda um horizonte temporal pela frente até que a correção se materialize nos vencimentos.

NR/HN/Lusa

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Chamadas para o SNS24 disparam 71% ao ano, mas taxa de atendimento cai para 75%

O serviço de atendimento telefónico SNS24 registou um crescimento anual de 71% no volume de chamadas desde 2023, ultrapassando os níveis pré-pandemia. Contudo, a capacidade de resposta não acompanhou este boom, com a taxa de chamadas atendidas a cair para 74,9%, levantando dúvidas sobre a sustentabilidade do modelo

ULSEDV Promove Primeiro Encontro Conjunto para Cuidados da Mulher e da Criança

A Unidade Local de Saúde de Entre Douro e Vouga organiza a 11 e 12 de novembro de 2025 as suas primeiras Jornadas da Saúde da Mulher e da Criança. O evento, no Europarque, em Santa Maria da Feira, visa consolidar a articulação clínica entre os hospitais e os centros de saúde da região, num esforço para uniformizar e melhorar os cuidados prestados.

Projeto “Com a Saúde Não Se Brinca” foca cancro da bexiga para quebrar estigma

A Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde lançou uma nova temporada do projeto “Com a Saúde Não Se Brinca” dedicada ao cancro da bexiga. Especialistas e doentes unem-se para combater o estigma em torno dos sintomas e alertar para a importância do diagnóstico atempado desta doença, que regista mais de 3.500 novos casos anuais em Portugal.

Maria Alexandra Teodósio eleita nova Reitora da Universidade do Algarve

O Conselho Geral da Universidade do Algarve elegeu Maria Alexandra Teodósio como nova reitora, com 19 votos, numa sessão plenária realizada no Campus de Gambelas. A investigadora e atual vice-reitora, a primeira mulher a liderar a academia algarvia, sucederá a Paulo Águas, devendo a tomada de posse ocorrer a 17 de dezembro, data do 46.º aniversário da instituição

Futuro da hemodiálise em Ponta Delgada por decidir

A Direção Regional da Saúde dos Açores assegura que nenhuma decisão foi tomada sobre o serviço de hemodiálise do Hospital de Ponta Delgada. O esclarecimento surge após uma proposta do BE para ouvir entidades sobre uma eventual externalização do serviço, que foi chumbada. O único objetivo, garante a tutela, será o bem-estar dos utentes.

Crómio surge como aliado no controlo metabólico e cardiovascular em diabéticos

Estudos recentes indicam que o crómio, um mineral obtido através da alimentação, pode ter um papel relevante na modulação do açúcar no sangue e na proteção cardiovascular, especialmente em indivíduos com diabetes tipo 2 ou pré-diabetes. Uma meta-análise publicada na JACC: Advances, que incluiu 64 ensaios clínicos, revela que a suplementação com este oligoelemento está associada a melhorias em parâmetros glicémicos, lipídicos e de pressão arterial, abrindo caminho a novas abordagens nutricionais no combate a estas condições

Alzheimer Portugal debate novos fármacos e caminhos clínicos em conferência anual

A Conferência Anual da Alzheimer Portugal, marcada para 18 de novembro na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, vai centrar-se no percurso que vai “Da Ciência à Clínica”. Especialistas vão analisar os avanços no diagnóstico, novos medicamentos e a articulação entre cuidados de saúde e apoio social, num evento que pretende ser um ponto de encontro para famílias e profissionais

Bayer anuncia redução significativa de marcador renal com finerenona em doentes com diabetes tipo 1

A finerenona reduziu em 25% o marcador urinário RACU em doentes renais com diabetes tipo 1, de acordo com o estudo FINE-ONE. Este é o primeiro fármaco em mais de 30 anos a demonstrar eficácia num ensaio de Fase III para esta condição, oferecendo uma nova esperança terapêutica. A segurança do medicamento manteve o perfil esperado, com a Bayer a preparar-se para avançar com pedidos de aprovação regulatória.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights