Greve dos enfermeiros desafia Ministério da Saúde em plena negociação do ACT

17 de Outubro 2025

 A adesão à greve de hoje dos enfermeiros é de 100% no bloco operatório do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e nas consultas externas do Hospital de Viseu, segundo dados avançados à Lusa pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.

No Hospital de Chaves, o serviço de Tomografia Axial Computorizada (TAC) está apenas a assegurar casos de urgência, disse a dirigente sindical Guadalupe Simões.

Estes são os primeiros dados da adesão à paralisação convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), que começou às 08:00 e termina à meia-noite, sendo os números globais divulgados por volta do meio-dia, disse a sindicalista.

O SEP espera uma forte adesão à greve em todo o país: “Não diríamos 100%, mas muito perto disso”, afirmou Guadalupe Simões.

Com a greve serão adiadas consultas e cirurgias, uma situação que, segundo a dirigente sindical, devia ter sido acautelada pelas administrações hospitalares e pelo Ministério da Saúde.

“Tendo em conta a previsão de uma forte adesão à greve, deveriam ter sido feitos os contactos no sentido de reagendar, reprogramar tudo o que estava programado”, o que, disse, “habitualmente não é feito”.

“Os prazos dos pré-avisos de greve foram cumpridos, portanto, tiveram tempo suficiente para fazer esses contactos”, rematou Guadalupe Simões.

O SEP convocou uma concentração marcada para as 11:00 em frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa, em protesto contra a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) apresentada no final de julho apresentada pelo Governo.

“A proposta de ACT apresentada pelo Ministério da Saúde tem como únicos objetivos poupar dinheiro à custa do trabalho dos enfermeiros, aumentando a exploração, e facilitar a entrega da gestão pública das Unidades Locais de Saúde às PPP”, afirma o SEP num comunicado publicado, no ‘site’.

O SEP exige que o Ministério da Saúde evolua na sua proposta, afirmando que apresentará “propostas e contrapropostas” e estará nas negociações no sentido da valorização de todos os enfermeiros.

“O problema da organização do nosso tempo de trabalho não reside na falta de regulamentação. Reside na carência de enfermeiros que se tem agravado pela ausência de medidas de contratação, atração e retenção de enfermeiros e pelo aumento das necessidades em cuidados de saúde da população”, salienta o SEP.

lusa/HN

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