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Os trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Serpa concentraram-se esta quinta-feira junto ao Lar de São Francisco, num novo protesto que replicou o realizado em agosto. A queixa mantém-se: a instituição não saldou os subsídios de Natal de 2024 e de férias de 2025, nem os retroativos salariais devidos desde 2022.
Alcides Teles, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas, não esconde o desalento. “Continua tudo igual ou se calhar pior”, desabafou, em declarações à Lusa. O sindicalista detalha que a dívida se bifurca. Uma parte, relativa ao período até fevereiro de 2025, está abrangida por um Processo Especial de Revitalização (PER), recentemente homologado pelo tribunal. Contudo, a partir dessa data, a situação agravou-se. “Em vez de se regularizar o que se devia, ainda se aumentou” o montante em dívida para com os funcionários, afirmou.
A perceção do sindicato é a de que não existe qualquer compromisso concreto por parte da Misericórdia para liquidar os valores mais recentes. Teles traça um cenário sombrio para o final do ano, antevendo a acumulação de sucessivos subsídios por pagar, num crescendo de incumprimento. “Podemos chegar ao final deste ano sem o subsídio Natal de 2024 pago, sem o subsídio de férias de 2025 pago, sem o subsídio de Natal de 2025 pago e sem os retroativos salariais [de 2022] pagos”, advertiu.
Questionado sobre o potencial impacto do PER, Alcides Teles reconheceu que o mecanismo poderá ajudar a resolver a dívida antiga, mas deixou um aviso: as obrigações que continuam a ser geradas ficam de fora. “No caso de alguns trabalhadores, a dívida de 2025 já é superior à dívida que tinham antes deste ano. [Por isso], o PER vem ajudar se a misericórdia decidir cumpri-lo a pagar uma dívida antiga, as dívidas novas não”, assegurou.
O tom endureceu quando o assunto se voltou para a provedora da instituição, Maria Isabel Estevens. “A situação vai resolver-se a bem ou a mal”, disparou o sindicalista, num tom de ultimato. “Cabe à provedora perceber se tem capacidade para resolver a situação que criou. Se não conseguir, está a mais, se não sabe gerir, está a mais. Enquanto cá estiver, enquanto não resolver, estará a mais”, criticou, numa clara exigência de responsabilização.
A Misericórdia de Serpa já havia, em agosto, após o primeiro protesto, justificado a situação com as “dificuldades financeiras particularmente difíceis” que atravessa. Na altura, a instituição referiu que os atrasos nos pagamentos, incluindo o subsídio de Natal de 2024, estavam incluídos no âmbito do Processo Especial de Revitalização que agora foi homologado, uma explicação que parece já não convencer quem espera há meses pelo que lhe é devido.
NR/HN/Lusa



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