Microplásticos nos ossos humanos podem acelerar envelhecimento celular

18 de Outubro 2025

Um estudo publicado na revista científica Osteoporosis International confirmou a existência de microplásticos nos ossos humanos e alertou que as partículas podem causar o envelhecimento das células, noticiou na sexta-feira a agência EFE.

“Os microplásticos foram recentemente detetados no tecido ósseo humano. Nos últimos anos, estudos `in vitro´ (realizados em laboratório, fora do organismo) mostraram que os microplásticos (…) induzem a senescência (envelhecimento) celular”, refere o estudo “Effects of microplastics on the bones: a comprehensive review” (em português, Efeitos dos Microplásticos nos Ossos: Uma Revisão Abrangente).

O estudo, baseado em investigações anteriores, demonstrou que os microplásticos fazem com que as células deixem de se dividir e percam a capacidade de regeneração.

O fenómeno provoca fragilidade e diminuição da densidade óssea, levando à osteoporose (formação de células que degradam o osso antigo para remodelação).

Os microplásticos levam ao stress oxidativo, um desequilíbrio entre os radicais livres (moléculas instáveis que danificam as células) e a capacidade do corpo neutralizar as partículas de plástico com antioxidantes, que protegem as células.

O stress oxidativo pode causar também cancro e inflamação (resposta do corpo que provoca inchaço, dor ou danos nos tecidos do organismo).

A presença de microplásticos e nanoplásticos nos ossos está também associada a doenças ósseas, como a osteoporose (uma doença em que os ossos perdem densidade e ficam mais frágeis, aumentando o risco de fraturas).

O estudo define o osso como um órgão endócrino, uma glândula que produz e liberta hormonas para a corrente sanguínea.

Os ossos contribuem para o “desenvolvimento de funções essenciais, como a homeostasia (processo que mantém o corpo estável) “, segundo os investigadores.

De acordo com o estudo, os ossos também regulam os órgãos do corpo, garantindo o funcionamento normal e a adaptação a várias doenças.

O estudo surgiu devido à preocupação com a informação limitada sobre o impacto da acumulação de microplásticos e nanoplásticos nos ossos e na medula óssea.

A organização espanhola Ecologistas em Ação, que partilhou a investigação no seu `site´ oficial, disse que as pessoas respiram “o equivalente a um cartão de crédito de plástico todos os anos”.

A organização alertou também para a presença de microplásticos na placenta humana ou no cérebro.

lusa/HN

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