A Finlândia, um dos países mais florestados da Europa e repetidamente considerado o mais feliz do mundo, viu agora a ciência esmiuçar o papel fundamental que as suas matas desempenham no bem-estar da população. Um novo estudo da Universidade da Finlândia Oriental introduz o conceito de “Felicidade Florestal” e desvenda os seus pilares, com base num inquérito nacional que recolheu perto de mil testemunhos.

A investigação, publicada na revista People & Nature, concluiu que esta felicidade percebida emerge de três dimensões principais. A primeira é um vínculo emocional profundo com florestas de cariz natural. A segunda radica nas atividades práticas realizadas na floresta, como a colheita de bagas e cogumelos, comummente praticadas em bosques geridos. A terceira prende-se simplesmente com a exposição, o ato de estar nestes ambientes.

“Foi interessante descobrir que mais de 64% dos participantes afirmaram que as suas vidas seriam consideravelmente menos felizes sem a sua relação com as florestas”, partilha Syamili Manoj Santhi, investigadora de doutoramento e primeira autora do artigo. A equipa internacional, liderada pela universidade finlandesa, abordou a felicidade como um conceito subjetivo, que pode ir de experiências momentâneas de alegria a formas mais profundas de realização pessoal.

Segundo Santhi, “verificámos que as pessoas tinham sentimentos de realização profundos associados às florestas, provenientes tanto de um forte vínculo com florestas de aparência natural como ao envolverem-se em atividades florestais práticas”. Já a alegria instantânea foi sobretudo ligada a essas mesmas atividades manuais e à colheita.

O trabalho não ignorou as sombras que ofuscam esta relação idílica. Danos e degradação em florestas naturais, resultantes de cortes rasos excessivos, lixo, perda de biodiversidade e mudanças no uso do solo, foram identificados como fatores que reduzem os níveis de felicidade e podem alimentar a ansiedade ecológica.

Os investigadores defendem, por isso, que políticas florestais e o planeamento urbano devem começar a reconhecer e a equilibrar os diversos valores que as pessoas atribuem a diferentes tipos de floresta, em vez de as tratar como um todo homogéneo. Adaptar intervenções e gestão florestal às conexões existentes e às formas preferenciais de interação com a natureza poderá maximizar o seu impacto positivo no bem-estar da população.

O artigo de investigação está disponível online: Influence of Human-Forest Relationships on Perceived Happiness in Finland.

NR/HN/AlphaGalileo