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A perceção que cada um tem do envelhecimento – encará-lo como um caminho de crescimento ou, pelo contrário, de declínio inevitável – mostra-se um fator decisivo nos níveis de atividade física dos adultos com mais de 50 anos. A conclusão é de uma investigação conduzida pela Universidade de Surrey, que analisou dados de 1.699 residentes no Reino Unido nesta faixa etária. O trabalho, publicado na revista científica Healthcare, veio sublinhar que as atitudes mentais não são um mero acessório, mas antes um componente tangível no bem-estar físico.
O que talvez surpreenda mais é que esta correlação se mostrou particularmente forte entre indivíduos que gerem uma ou mais doenças não transmissíveis, como a diabetes ou problemas cardiovasculares. Perante idênticos desafios de saúde, aqueles que mantinham uma perspetiva mais favorável sobre a idade revelaram uma propensão significativamente maior para se dedicarem a exercício de natureza vigorosa. A descoberta sugere que a mente atua como uma espécie de amortecedor, uma resiliência que extravasa o domínio do psicológico.
“A nossa investigação indica que uma perspetiva positiva sobre o envelhecimento pode funcionar como um amparo psicológico, ajudando os indivíduos a manterem-se ativos apesar dos problemas de saúde”, afirmou Victoria Tischler, coautora do estudo e professora de Ciências do Comportamento na Universidade de Surrey. A investigadora defende que abordar as crenças sobre a idade pode ser tão crucial quanto tratar das necessidades de saúde física, um aspeto que devia ser integrado nas estratégias de saúde pública para promover estilos de vida saudáveis.
No fundo, o estudo insinua que promover uma imagem positiva do envelhecimento é fundamental não só para a saúde geral, mas para melhorar concretamente a qualidade de vida daqueles que enfrentam uma ou mais condições de saúde de longa duração. A ideia de base passa por desconstruir a narrativa de que a idade avançada é sinónimo de uma queda livre e incontrolável. Serena Sabatini, autora principal do estudo e professora visitante na mesma universidade, acrescentou que “o objetivo final é criar uma sociedade onde uma vida ativa e envolvida na terceira idade não seja apenas possível, mas expectável, mesmo na presença de desafios de saúde”. O caminho, parecem sugerir, faz-se contrariando os estereótipos.
NR/HN/AlphaGalileo



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