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O Senegal contabiliza 21 mortes num surto de febre do Vale do Rift, uma infeção viral que se alastra principalmente pela picada de mosquitos ou contacto com animais infetados. Os números oficiais do Ministério da Saúde e Higiene Pública do Senegal, atualizados a 17 de outubro, indicam 196 casos confirmados desde que o surto foi identificado, a 21 de setembro. Do total de infetados, 147 pessoas recuperaram da doença.
A zona norte do país, na fronteira com a Mauritânia, suporta o grosso da incidência. “A região de Saint-Louis é o epicentro da epidemia”, confirmou Abdoulaye Sall, diretor regional adjunto de Saúde em Saint-Louis e coordenador do combate ao surto, em declarações à agência EFE. Mais de 170 casos concentram-se nesta área, que também faz fronteira a sul com a Guiné-Bissau. O rio Senegal corta a região, caracterizada por extensas áreas agrícolas e uma densa atividade pecuária, facto que amplifica o risco de contágio entre animais e pessoas.
A febre do Vale do Rift é categorizada como uma zoonose, o que significa que salta de animais para humanos. O gado bovino, ovino, caprino e os camelos são os principais reservatórios do vírus. A Organização Mundial da Saúde sublinha que a infeção em seres humanos ocorre maioritariamente por picadas de mosquitos ou manipulação de tecidos animais infetados. “Nas zonas urbanas, como Saint-Louis, a transmissão é sobretudo através dos mosquitos”, detalhou Abdoulaye Sall, justificando a tónica das ações de controlo no combate aos insetos.
O aparecimento do surto não é alheio ao contexto climático. As chuvas que recentemente assolaram o norte do país geraram inundações, criando charcos e condições ideais para a proliferação de mosquitos. Estes vectores encontraram um terreno fértil para se multiplicarem, catalisando a disseminação do vírus. Perante isto, as autoridades sanitárias implementaram um plano de fumigações em todas as áreas com casos confirmados ou onde são detetados criadouros de larvas. Cerca de cinquenta mil redes mosquiteiras foram igualmente distribuídas pela população da região como barreira física de proteção.
A doença manifesta-se de forma heterogénea. Enquanto uma larga percentagem de infetados experiencia sintomas ligeiros, semelhantes a uma gripe comum, uma minoria não escapa a complicações severas. Hemorragias ou lesões hepáticas estão entre as manifestações mais graves. Nos animais, o impacto é particularmente devastador, registando-se abortos em massa e uma mortalidade elevada nas crias, cenário que se traduz em prejuízos económicos palpáveis para os criadores. Para travar a cadeia de transmissão animal, os serviços de pecuária do Senegal estão a vacinar os animais nas proximidades de onde são detetados casos.
NR/HN/Lusa



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