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Num intervalo de dez dias, a prisão de Qarchak, no Irão, viu morrer três mulheres sob custódia, vítimas do que a Human Rights Watch classifica como uma negação sistemática de assistência médica. Os casos de Soudabeh Asadi, Jamile Azizi e Somayeh Rashidi vieram expor, uma vez mais, as condições desumanas que caracterizam o sistema prisional do país.
Somayeh Rashidi, uma prisioneira política de 42 anos, acabou por morrer no hospital Mofatteh a 25 de setembro, depois de sofrer uma convulsão. De acordo com informações recolhidas pela organização Human Rights Activists in Iran (HRANA), os clínicos atribuíram o agravamento irreversível do seu estado precisamente ao atraso na sua transferência para o hospital. A mesma organização reporta que lhe foram ministrados sedativos e medicamentos psiquiátricos que, em vez de a ajudarem, contribuíram para piorar o seu quadro clínico. Entretanto, os funcionários da prisão chegaram a acusar Rashidi de simular a doença. O poder judicial, por seu turno, avançou que a mulher tinha um histórico de consumo de drogas e problemas neurológicos, garantindo que recebera o tratamento adequado entre as grades.
Dois dias antes, a 19 de setembro, Jamile Azizi não teve melhor sorte. Perante sintomas de um ataque cardíaco, foi levada à enfermaria do estabelecimento prisional. Os médicos examinaram-na, asseguraram-lhe que estava tudo bem e ordenaram o seu regresso à cela. Jamile Azizi morreu pouco depois, ainda dentro da prisão.
Soudabeh Asadi foi a primeira a falecer, a 16 de setembro. De acordo com a HRANA, as autoridades recusaram-se sistematicamente a transferi-la para um hospital e a prestar-lhe a assistência de que necessitava.
Perante estes eventos, Michael Page, diretor-adjunto para o Médio Oriente da HRW, instou a comunidade internacional a pressionar firmemente as autoridades iranianas no sentido de garantir cuidados médicos apropriados a todos os detidos. A organização sublinha que dezenas de outros reclusos doentes continuam privados de tratamento em várias cadeias do Irão.
Qarchak, uma prisão situada nos arredores de Teerão, é notória pelas suas condições degradantes, onde a sobrelotação e a falta de higiene são a norma. A 9 de outubro, num movimento que pouco parece alterar a situação de fundo, as autoridades transferiram um grupo de prisioneiras políticas de Qarchak para a prisão de Evin, também em Teerão. Defensores dos direitos humanos alertam que também em Evin as detidas enfrentam condições precárias, sem acesso a necessidades básicas ou a cuidados de saúde.
NR/HN/Lusa



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