FMUL evoca legado de Egas Moniz em conferência internacional

21 de Outubro 2025

A Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa organiza esta sexta-feira, 24 de outubro, uma conferência internacional sobre Egas Moniz, único português distinguido com o Nobel da Medicina. Especialistas de várias nacionalidades revisitam a sua obra e o impacto duradouro na ciência.

A Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) dedica esta sexta-feira, 24 de outubro, uma jornada de reflexão à figura ímpar de Egas Moniz, prémio Nobel da Medicina em 1949 e personalidade complexa que marcou a neurologia do século XX. A conferência “Egas Moniz Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina” decorre na Aula Magna da instituição, integrada nas comemorações do seu bicentenário.

No encontro, participam nomes como Michel Thiebaut de Schotten, da Universidade de Bordéus, Joachim Krauss, da Faculdade de Medicina de Hannover, e investigadores portugueses da Fundação Champalimaud e do Serviço de Neurocirurgia do Hospital de Santa Maria. O diretor da FMUL, João Eurico da Fonseca, sublinha que a herança científica da faculdade está profundamente ligada a Moniz, cujo trabalho “continua a inspirar gerações”.

O programa percorre os vários rostos do homenageado — médico, professor, político e escritor — sem esquecer os capítulos mais decisivos e também os mais controversos da sua carreira. Entre os temas em análise estão a angiografia cerebral, técnica que revolucionou o diagnóstico neurológico, e a leucotomia pré-frontal, intervenção cirúrgica que lhe valeu o Nobel mas que permanece como um dos assuntos mais delicados da história da medicina.

A angiografia, desenvolvida por Moniz na década de 1920, permitiu, pela primeira vez, visualizar os vasos sanguíneos do cérebro em vida do paciente, abrindo caminho para avanços significativos na neurocirurgia. Já a leucotomia, popularizada na época como tratamento para certas doenças psiquiátricas, gerou acesos debates éticos que ainda hoje perduram, embora numa chave histórica e crítica.

A sessão promete assim não só celebrar, mas também problematizar o percurso de uma das figuras mais influentes — e por vezes mais incómodas — da medicina portuguesa. A pluralidade de olhares sobre a sua obra poderá ajudar a compreender a atualidade de um legado que, passado um século e meio sobre o seu nascimento, continua a suscitar interesse e discussão em fóruns científicos internacionais.

Mais informações sobre o programa e os oradores estão disponíveis em:
https://www.medicina.ulisboa.pt/conferencia-egas-moniz-premio-nobel-da-fisiologia-ou-medicina

PR/HN

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