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A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) apelou de forma veemente a vários Estados, com Portugal na lista, para que acelerem de forma drástica e urgente as transferências médicas de doentes da Faixa de Gaza que se veem privados de tratamentos especializados. O cenário no terreno é de uma quase asfixia do sistema sanitário, agravada por um processo de evacuação que não consegue responder à dimensão da catástrofe humana.
Em comunicado, o presidente internacional da MSF, Javid Abdelmoneim, não se coibiu de classificar a situação como um genocídio e de responsabilizar a comunidade internacional pela sua inação política. “Estes são casos de morte evitável”, afirmou, num raro tom de exasperação pública. A organização não-governamental sublinha que Portugal, de forma particular, ainda não recebeu um único paciente oriundo daquele território. Os números avançados pela MSF são avassaladores: mais de 15.600 pessoas, das quais 3.800 são crianças, aguardam por uma evacuação médica que teima em não acontecer. Entre julho de 2024 e agosto de 2025, pelo menos 740 doentes morreram à espera de tratamento.
O tecido hospitalar em Gaza, segundo a mesma fonte, sofreu um colapso total. Apenas 14 das 36 unidades hospitalares mantêm uma atividade parcial, um dado que por si só pinta um retrato da incapacidade de resposta local. A MSF insiste que as evacuações, embora urgentes, não podem servir de pretexto para negligenciar a ajuda humanitária no interior de Gaza ou para pôr em causa a frágil trégua em vigor. O conflito, desencadeado pelo ataque do Hamas a Israel em outubro de 2023, já provocou a morte a cerca de 67.000 palestinianos em Gaza, de acordo com validação da ONU. Entre as vítimas contam-se 1.700 profissionais de saúde, um número que inclui 15 colaboradores da própria MSF, num golpe duríssimo à já debilitada estrutura de cuidados.
NR/HN/Lusa



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