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Publicado na revista Nature Communications, o trabalho foi liderado por investigadores do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade NOVA de Lisboa (IHMT NOVA) e do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa (IGOT-UL). A equipa, composta por especialistas em entomologia médica e biogeografia,destaca–se a participação das investigadoras Rebecca Pabst e Carla A. Sousa (IHMT NOVA) e de César Capinha (IGOT–UL), coordenador do estudo, que integram uma equipa de nove autores especialistas em entomologia médica e biogeografia. A equipa identificou que 45 espécies de mosquitos transmissores de doenças humanas foram introduzidas em novas regiões do planeta, das quais 28 já estão estabelecidas, aumentando significativamente o risco de transmissão de doenças como malária, dengue e Zika.
O estudo destaca uma tendência preocupante de aumento de novas introduções, com 12 espécies registadas pela primeira vez desde o ano 2000. Espécies como Aedes aegypti e Aedes albopictus já se encontram presentes em todos os continentes, exceto na Antártida, enquanto outras, como o Anopheles stephensi – um vetor urbano de malária –, têm demonstrado rápida expansão global, tendo sido detetado em África pela primeira vez em 2012 e estando atualmente presente em pelo menos nove países do continente.
A investigação associa a dispersão destes mosquitos ao transporte internacional de mercadorias, nomeadamente pneus usados, plantas ornamentais e contentores, facilitado pela crescente rede de transporte aéreo, marítimo e terrestre. Registou-se ainda uma alteração nas regiões de origem das espécies invasoras, com a Ásia a superar recentemente África como a principal fonte destas introduções. Países com maior produto interno bruto per capita e elevada densidade populacional revelam maior suscetibilidade à introdução destes vetores, facto que realça a necessidade de políticas de prevenção adaptadas às condições socioeconómicas locais. A Europa emerge como um dos continentes mais afetados, com França, Países Baixos e Reino Unido identificados como pontos críticos para a introdução e estabelecimento das espécies invasoras.
Os autores alertam que, uma vez estabelecidos, os mosquitos vetores são extremamente difíceis de erradicar, o que sublinha a importância da vigilância epidemiológica contínua e da implementação de estratégias preventivas eficazes. Este estudo constitui uma referência científica essencial para o desenvolvimento de políticas públicas que visem prevenir e responder a doenças emergentes associadas à invasão de mosquitos vetores.
NR/PR/HN



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