Listas de Espera nos Hospitais Públicos Atingem Quase Um Milhão de Utentes

24 de Outubro 2025

Quase um milhão de portugueses aguardavam por uma primeira consulta nos hospitais públicos no final de junho de 2025, revela a monitorização da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) relativa ao primeiro semestre do ano.

O número exato de utentes em lista de espera era de 974.770, representando um aumento de 25,6% face ao período homólogo de 2024. Mais da metade destes pacientes, 56,6%, ultrapassava já os tempos máximos de resposta garantidos (TMRG), o que evidencia a pressão crescente sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

No mesmo período, foram realizadas 724.224 primeiras consultas de especialidade hospitalar, das quais 94,1% decorreram em hospitais públicos. Este valor traduz um crescimento de 2,5% em comparação com o primeiro semestre de 2024. No entanto, mais de metade dos utentes atendidos (51,6%) enfrentaram tempos de espera superiores aos limites estabelecidos para a sua prioridade, situação que se manteve estável face ao ano anterior.

No âmbito oncológico, entre janeiro e junho de 2025, registaram-se 19.014 primeiras consultas com suspeita ou confirmação de doença oncológica nos hospitais públicos, um aumento de 6,9% relativamente ao período equivalente de 2024. Apesar da redução de 30,8% no número de utentes em lista de espera (4.944 no semestre), 57,9% dos pacientes atendidos sofreram atrasos superiores ao limite legalmente definido para o seu nível de prioridade.

A cardiologia apresentou um aumento notável da atividade, com 23.618 primeiras consultas realizadas quase exclusivamente no SNS, o que representa um crescimento de 75,8% face ao primeiro semestre do ano anterior. Contudo, esta área registou um agravamento nos tempos de espera, com 87,4% dos doentes sujeitos a atrasos superiores ao limite legal, um aumento de 1,9 pontos percentuais relativamente a 2024.

Em suma, os dados da ERS evidenciam uma crescente pressão sobre os hospitais públicos portugueses, com um aumento considerável nas listas de espera e percentagens elevadas de incumprimento dos tempos máximos de resposta, sobretudo nas especialidades de oncologia e cardiologia.

lusa/HN

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