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Numa análise de dados preliminares da ONU, a agência de notícias France-Presse (AFP) indicou que os números estão muito abaixo do previsto no plano de paz apresentado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para o cessar-fogo entre Israel e o Hamas, no dia 10 deste mês.
Para definir melhor a situação, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, admitiu que a ajuda humanitária que entra no território palestiniano “é insuficiente” e “a situação continua catastrófica”.
“O nível de fome e desnutrição em Gaza continua inabalável, apesar do cessar-fogo em vigor desde 10 de outubro, já que a ajuda alimentar que entra na Faixa continua insuficiente”, alertou Ghebreyesus.
Em média, 1.011 toneladas de ajuda, ou 94 camiões, entraram todos os dias entre 10 e 21 de outubro, data da última atualização dos dados da ONU. No entanto, o acordo promovido por Trump prevê a entrada de 600 camiões por dia.
Embora este número represente um aumento em relação à média de 724 toneladas desde 19 de maio, ainda está muito longe das entregas em massa previstas pela ONU para o período imediatamente após o cessar-fogo.
Os dados são fornecidos pelo “2720 Mechanism for Gaza”, um programa da ONU que acompanha as entregas humanitárias que entram em Gaza desde 19 de maio, no dia seguinte ao fim de um bloqueio total de dois meses imposto por Israel.
Com base em verificações no local, nos pontos de passagem e na Faixa de Gaza, os dados não levam em consideração as entregas comerciais e algumas organizações não-governamentais (ONG) privadas, como a controversa Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada pelos Estados Unidos e Israel.
As operações desta organização foram manchadas pela morte de mais de 1.000 pessoas durante os confrontos violentos ocorridos nas proximidades das suas instalações, segundo o gabinete dos direitos humanos da ONU.
O dia com mais entregas através do mecanismo UN2720 foi 16 de outubro, com 206 camiões.
Na véspera, o chefe das operações humanitárias da ONU, Tom Fletcher, afirmou que a ajuda que chegou em poucos dias representa uma “fração do que é necessário”, referindo-se a dezenas de camiões em vez das desejadas centenas.
A ONU e as ONG parceiras prepararam 190.000 toneladas de ajuda pronta para entrar em Gaza, mas grande parte ainda aguarda autorizações de Israel. Ao ritmo atual desde o cessar-fogo, serão necessários mais de seis meses para distribuir tudo.
Mais de 93% da ajuda acompanhada pela ONU na entrada de Gaza é composta por alimentos, incluindo 1,7% de produtos nutricionais especializados e altamente calóricos para pessoas vulneráveis, como crianças e mulheres grávidas.
No final de agosto, a ONU declarou uma situação de fome em várias zonas do território, o que Israel contesta. Desde então, cerca de 1.000 toneladas de produtos nutricionais foram enviadas para Gaza.
A quantidade de alimentos fornecida pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU desde o cessar-fogo “é suficiente para alimentar cerca de meio milhão de pessoas durante duas semanas”, indicou na terça-feira a organização, da qual dependem cerca de 70% dos camiões que entram em Gaza, segundo o UN2070.
Com uma média de 850 toneladas de alimentos por dia entre 10 e 21 de outubro, provenientes do PAM e de outros intervenientes, registados pela UN2720 desde o acordo, as quantidades permanecem, no entanto, abaixo dos objetivos de cerca de 2.000 toneladas por dia do PAM.
Entre a ajuda enviada para Gaza nas últimas semanas, há também água, produtos sanitários, suprimentos médicos e combustível sólido.
Além da ajuda acompanhada pela UN2720, entram diariamente em Gaza 164.000 litros de combustível, em média, contra 68.000 litros diários durante os 30 dias que antecederam a trégua, disse à AFP o Gabinete das Nações Unidas para os Serviços de Apoio a Projetos (UNOPS), responsável pela UN2720 e por um programa distinto destinado a abastecer Gaza com combustível líquido.
A ONU estima em 1,9 milhões de litros por mês (cerca de 270.000 litros por dia) as necessidades de Gaza para que o seu plano humanitário pós-trégua possa funcionar.
Desde o início do acompanhamento pela ONU em maio, uma parte significativa da ajuda que entra em Gaza não chega ao destino previsto. Uma parte é intercetada “de forma pacífica por pessoas famintas ou pela força por atores armados”, afirmou a UN2720 no seu portal.
lusa/HN



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