SNS regista mais de 7.500 utentes em lista de espera para cirurgia oncológica em junho

24 de Outubro 2025

No final de junho de 2025, mais de 7.500 utentes encontravam-se à espera de uma cirurgia oncológica programada no Serviço Nacional de Saúde (SNS), conforme dados revelados pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS). 

Deste total, 7.468 pacientes aguardavam nos hospitais públicos, que registaram um aumento de 4,7% na lista de espera em comparação com o mesmo período de 2024.

Apesar deste crescimento, verificou-se uma ligeira melhoria na gestão dos tempos máximos de resposta garantidos (TMRG), com 16,3% dos doentes a ultrapassarem estes prazos, representando uma redução de 0,4 pontos percentuais face a 2024. Durante o primeiro semestre de 2025, foram realizadas 37.195 cirurgias oncológicas, das quais 92,6% decorreram em unidades públicas, correspondendo a um aumento de 6,9% da atividade cirúrgica global nesta área.

Este crescimento da atividade cirúrgica nos hospitais públicos é atribuído, em parte, ao regime excecional de incentivos implementado para reduzir as listas de espera de utentes com suspeita ou confirmação de cancro que ultrapassam os TMRG. No entanto, 19,5% dos utentes submetidos a cirurgias oncológicas no SNS no primeiro semestre enfrentaram tempos de espera superiores aos limites legais estabelecidos para o seu nível de prioridade.

No que diz respeito às restantes cirurgias — excluindo as oncológicas e cardíacas —, a ERS indicou que, a 30 de junho de 2025, havia 200.307 pessoas em lista de espera, das quais 96% aguardavam nos hospitais do setor público. Comparativamente a 2024, registou-se uma redução de 2,8% no número total de utentes em espera, justificada pela diminuição nas listas de espera dos hospitais públicos e protocolados.

Durante o primeiro semestre, foram realizadas 334.339 cirurgias de várias especialidades, sendo 91,4% realizadas no SNS. A utilização dos vales-cirurgia e notas de transferência emitidos pelo Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC) foi de 18,6%, valor inferior ao registado no ano anterior, possivelmente devido à preferência dos utentes por permanecer no hospital de origem.

Na área da cardiologia, foram efetuadas 4.904 cirurgias programadas no SNS, com 32,7% dos doentes a ultrapassarem os tempos máximos de espera. A 30 de junho, 2.437 utentes aguardavam cirurgia cardiológica, dos quais 56,9% tinham tempos de espera superiores ao limite legal.

Estes dados evidenciam uma pressão contínua sobre o SNS no que respeita à gestão das listas de espera cirúrgicas, sobretudo nas áreas oncológica e cardiológica, apesar dos esforços para incrementar a atividade cirúrgica e reduzir os tempos de espera

lusa/HN

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