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Podem participar pessoas entre os 55 e os 74 anos que sejam fumadoras ou ex-fumadoras há menos de 10 anos, e que tenham consumido pelo menos um maço de tabaco diário durante 20 anos. A ULSGE está a convocar os utentes elegíveis por fases, utilizando bases de dados nacionais e informações dos cuidados de saúde primários, com a meta de rastrear pelo menos 2.000 pessoas ao longo de um ano. Até ao momento, já foram rastreadas 105 pessoas.
Segundo a diretora do Serviço de Pneumologia da ULSGE, Margarida Dias, entre 60% a 80% dos casos de cancro do pulmão são detetados tardiamente, quando já existem metástases, situação em que a taxa de sobrevivência aos cinco anos é de cerca de 5%. Quando detetado numa fase precoce, com nódulos pequenos e localizados, a taxa de sobrevivência a 20 anos pode atingir 80%. O rastreio pode reduzir a mortalidade associada ao cancro do pulmão em 25%.
O método utilizado para o rastreio é a tomografia computadorizada torácica de baixa dose, um exame rápido, indolor e sem contraste. Além do cancro do pulmão, o exame permite identificar outras patologias frequentes, como a calcificação das artérias coronárias e o enfisema pulmonar, condições que podem ser tratadas precocemente para evitar complicações graves.
Os casos com alterações suspeitas são avaliados prontamente em consulta de pneumologia e, se confirmado o diagnóstico, os doentes são encaminhados para uma unidade multidisciplinar especializada em tumores torácicos. Outras patologias detetadas também recebem o devido encaminhamento para tratamento.
Este programa surge num momento em que a Comissão Europeia recomenda a implementação de rastreios ao cancro do pulmão associados a programas de cessação tabágica. Países como Croácia, Polónia, República Checa, Países Baixos, França, Irlanda e Hungria já implementaram projetos semelhantes. Em Portugal, embora discutido há várias legislaturas, esta é uma das primeiras iniciativas concretas.
A coordenadora da Unidade Funcional de Radiologia de Diagnóstico da ULSGE, Inês Marques, destaca que o rastreio não só contribui para a deteção precoce do cancro do pulmão, como também tem impacto positivo na saúde cardiovascular e na promoção da cessação tabágica, beneficiando globalmente a saúde dos doentes.
O cancro do pulmão é responsável por mais de 1,8 milhões de mortes anuais no mundo e cerca de 5.100 mortes por ano em Portugal, conforme dados do Global Cancer Observatory e da Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão (Pulmonale), respetivamente.
Este programa da ULSGE representa um avanço importante na luta contra uma doença com elevada mortalidade e reforça a importância da prevenção, deteção precoce e tratamento integrado para melhorar a sobrevivência e a qualidade de vida dos doentes
lusa/HN



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