Vacinação contra a poliomielite mantém-se crucial, alertam especialistas

26 de Outubro 2025

Um estudo alerta que a erradicação global da poliomielite não é iminente. Vírus selvagens e estirpes derivadas da vacina, somados a cortes no financiamento e à hesitação vacinal, exigem a manutenção de campanhas de imunização robustas, mesmo em países considerados livres da doença.

A luta global contra a poliomielite, uma das narrativas mais bem-sucedidas da saúde pública moderna, enfrenta agora um momento de delicado equilíbrio. A doença, outrora um temor global, foi reduzida em 99,99% desde o lançamento da Iniciativa Global de Erradicação da Poliomielite pela Organização Mundial da Saúde em 1988. Contudo, um estudo recente publicado no Deutsches Ärzteblatt adverte que a complacência não é uma opção, sublinhando a necessidade imperiosa de manter elevadas taxas de vacinação.

Professor Doutor Oliver Razum  da Universidade de Bielefeld

“Conter a pólio é uma das maiores conquistas da saúde pública — ou seja, proteger a saúde de populações inteiras”, afirma o Professor Doutor Oliver Razum  da Universidade de Bielefeld, autor sénior do trabalho. “Mas mesmo na Alemanha, temos de continuar a vacinar contra a pólio. A erradicação completa da doença não será alcançada tão cedo.” A investigação, que envolveu especialistas de Bielefeld e Heidelberg, traça um panorama complexo de sucessos e obstáculos persistentes.

O vírus selvagem da poliomielite continua endémico no Paquistão e no Afeganistão. Paralelamente, um problema crescente reside nas mutações de vírus derivados da vacina, capazes de desencadear surtos em regiões com coberturas vacinais baixas. A mobilidade internacional transforma estes focos numa ameaça transnacional, com vestígios destes vírus a serem detetados em águas residuais de várias cidades europeias, incluindo na Alemanha. Este cenário é agravado por fatores como a redução de financiamento de doadores internacionais, sistemas de saúde frágeis e a chamada fadiga vacinal.

Razum defende uma mudança de enfoque tático. “Não podemos depender unicamente do objetivo da erradicação. O que mais importa é alcançar uma cobertura vacinal consistentemente alta em todo o mundo.” O estudo salienta o papel crucial dos médicos na Alemanha, incentivando a verificação rotineira dos boletins de vacinação e a administração de doses em falta. A mensagem final é clara: a poliomielite continuará a desafiar a comunidade global durante os próximos anos, exigindo vigilância constante.

NR/HN/AlphaGalileo

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