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Segundo o estudo, a presença deste inseto, que foi introduzido em Portugal em 2015 após extensos testes e análises de risco, tem reduzido até 98% a produção anual de sementes desta planta, impedindo a sua propagação e ajudando na recuperação da vegetação nativa.
O inseto atua ao depositar os seus ovos nas gemas que dariam origem às flores da acácia, provocando a formação de galhas no lugar das flores. Tal processo impede o desenvolvimento dos frutos e, consequentemente, a produção de sementes, essencial para a perpetuação da espécie invasora. O acompanhamento das plantas durante seis anos, em várias dunas da região Centro, indicou que, em áreas onde o inseto está estabelecido há mais tempo, a produção de sementes praticamente desapareceu, o que representa um avanço significativo no controlo da praga.
Além do bloqueio da produção de sementes, os investigadores observaram o enfraquecimento progressivo de algumas árvores sob pressão das galhas, chegando em alguns casos à sua morte. Estes resultados demonstram que o controlo biológico através do Trichilogaster acaciaelongifoliae é uma ferramenta eficaz, segura e sustentável para apoiar a recuperação dos ecossistemas dunares portugueses.
Os especialistas recomendam que esta estratégia seja integrada com outras práticas de controlo, como o corte mecânico e a manutenção de árvores portadoras de galhas, para assegurar a continuidade do controlo a longo prazo. Esta abordagem visa quebrar o ciclo reprodutivo da acácia-de-espigas, criando condições favoráveis à regeneração da vegetação nativa.
A utilização deste inseto como agente de controlo não é inédita, tendo sido aplicada com sucesso na África do Sul desde 1987, onde reduziu em mais de 85% a produção de sementes da acácia-de-espigas. Em Portugal, a autorização para a introdução do inseto só foi concedida após mais de 12 anos de testes e avaliações rigorosas, o que demonstra a preocupação com a segurança ambiental e a sustentabilidade da intervenção.
Esta investigação representa um passo importante no combate às plantas invasoras em Portugal, contribuindo para a preservação dos ecossistemas locais e a manutenção da biodiversidade nas zonas dunares do país.
lusa/HN



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