Nova edição de “O Meu é Diferente do Teu” sublinha alargamento do rastreio e diversidade biológica do cancro da mama

28 de Outubro 2025

A campanha “O Meu é Diferente do Teu”, promovida pela AstraZeneca e pela Daiichi Sankyo, regressa este ano para a sua 3.ª edição, reforçando a importância da literacia em saúde e do conhecimento sobre os diferentes subtipos de cancro da mama. A iniciativa conta com o apoio da Careca Power, da Evita, da Liga Portuguesa Contra o Cancro, da Sociedade Portuguesa de Senologia e da Sociedade Portuguesa de Oncologia.

Nesta edição, a campanha destaca uma importante mudança em saúde pública: o alargamento do Programa Nacional de Rastreio do Cancro da Mama, que passou, desde março de 2025, a abranger mulheres entre os 45 e os 74 anos. Esta medida permitirá que milhares de mulheres até agora excluídas passem a ter acesso a exames regulares, promovendo um diagnóstico mais precoce e um melhor prognóstico da doença.

O cancro da mama é o segundo tipo de cancro mais diagnosticado no mundo e em Portugal, sendo o mais frequente entre as mulheres. De acordo com dados do Global Cancer Observatory de 2022, são diagnosticados anualmente cerca de 8.954 novos casos e registam-se aproximadamente 2.211 mortes devido à doença. A mortalidade tem vindo a diminuir nos países ocidentais, resultado do diagnóstico precoce e da melhoria contínua dos tratamentos disponíveis.

A nível europeu, verifica-se um aumento da incidência em mulheres com menos de 45 anos, o que reforça a importância do alargamento do rastreio e da sensibilização para a deteção precoce.

Com o mote “Se somos todas diferentes, porque é que o nosso cancro há de ser igual?”, a campanha sublinha a diversidade biológica do cancro da mama, lembrando que existem vários subtipos moleculares, com comportamentos, prognósticos e respostas terapêuticas distintos.

O cancro da mama é classificado de acordo com a presença ou ausência de recetores moleculares nas células tumorais, nomeadamente os recetores hormonais de estrogénio (RE) e progesterona (RP) e o recetor HER2. Com base nestes marcadores, distinguem-se quatro subtipos principais:

  • Luminal A: mais prevalente, com elevada expressão de recetores hormonais e menor agressividade;

  • Luminal B: menos prevalente, podendo ou não expressar HER2, com maior taxa de proliferação;

  • HER2+: crescimento mais rápido, ausência de recetores hormonais e elevada expressão de HER2;

  • Triplo negativo: ausência de recetores hormonais e de HER2, associado a maior agressividade.

Nos últimos anos, o avanço científico tem permitido a identificação de novos perfis, como o HER2-low, caracterizado por uma baixa expressão do biomarcador HER2, o que reflete a crescente personalização dos tratamentos e o foco em tratar cada pessoa de forma individualizada.

De acordo com especialistas das sociedades científicas parceiras, compreender o subtipo de cancro da mama é fundamental para uma abordagem personalizada, permitindo decisões partilhadas entre médico e doente e tratamentos mais adequados ao perfil de cada caso. A literacia em saúde é, por isso, essencial para que as mulheres conheçam o seu tipo de cancro e participem ativamente na definição do tratamento.

A campanha “O Meu é Diferente do Teu” será ativada nas redes sociais, através da divulgação de vídeos, testemunhos e conteúdos educativos, com o objetivo de aumentar o conhecimento sobre os diferentes subtipos de cancro da mama, promover a prevenção e dar voz às pessoas que vivem com a doença.

A mensagem é clara: se for diagnosticado cancro da mama, conhecer o seu subtipo pode fazer toda a diferença. Porque cada caso é único — “O Meu é Diferente do Teu”.

lusa/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Cancros hepáticos e biliares mantêm alta mortalidade em Portugal

Os cancros do fígado e das vias biliares figuram entre as doenças oncológicas com maior taxa de mortalidade em Portugal e a nível mundial. Especialistas e a Europacolon alertam para a necessidade de diagnóstico precoce e reforço da prevenção, apontando o consumo de álcool, a obesidade e a falta de rastreio como fatores críticos. A imunoterapia e as terapias dirigidas trazem novas esperanças, mas o silêncio em torno da doença persiste.

SNS: o melhor seguro de saúde dos portugueses

Sérgio Sousa: Mestre em Enfermagem de Saúde Pública; Enfermeiro Especialista de Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública na ULSM; Enfermeiro Responsável do Serviço de Saúde Pública da ULSM; Coordenador Local da Equipa de Saúde Escolar da ULSM

Um terço dos portugueses desconhece direito a segunda opinião médica

Trinta por cento dos cidadãos inquiridos num estudo pioneiro não sabem que podem solicitar uma segunda opinião médica. O desconhecimento dos direitos na saúde é particularmente preocupante entre doentes crónicos, que são quem mais necessita de navegar no sistema

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights