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Na Conferência Saúde Odisseia 2030, que explorou as transformações, desafios e oportunidades que o setor de saúde enfrentará nas próximas décadas, organizada pela da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar destacou-se o debate “Sustentabilidade e resiliência no setor de Saúde”. Moderado por Rui Berkemeier, representante da Associação ZERO. A sessão centrou-se na construção de um sistema de saúde sustentável e resiliente até 2030, partindo da premissa de que a sustentabilidade, embora por vezes relegada para segundo plano em contextos de crise económica, pandemias ou conflitos, é fundamental para a sobrevivência da espécie humana e para a saúde do planeta. A ligação intrínseca entre a saúde humana e a saúde ambiental foi assim estabelecida como pano de fundo para as intervenções. Berkemeier, com um vasto historial na área dos resíduos, enfatizou desde cedo que o setor da saúde tem implicações profundas na sustentabilidade, usando como exemplo a evolução positiva, mas ainda insuficiente, da gestão de resíduos hospitalares. Sublinhou que, nas últimas décadas, houve uma reversão significativa na forma como estes resíduos eram tratados, graças em parte ao contributo da legislação, mas que muito há ainda a fazer ao nível da prevenção e da reciclagem. Um dos problemas centrais apontados foi a gritante falta de informação e dados fiáveis sobre a produção de resíduos perigosos e não perigosos no setor hospitalar. Esta lacuna de informação, transversal a vários fluxos de resíduos mas particularmente grave no contexto hospitalar, foi apresentada como um obstáculo crítico. Sem dados de base robustos, provenientes de fontes oficiais como a Agência Portuguesa do Ambiente, torna-se extremamente difícil avaliar a situação atual, definir metas realistas e medir progressos. Esta carência de informação impede uma gestão estratégica e informada, mantendo o setor num estado de relativa cegueira sobre a sua própria pegada ambiental. A moderação lançou então o desafio aos oradores, questionando que modelos de gestão hospitalar poderiam reduzir o impacto ambiental, que medidas seriam mais eficazes para diminuir a pegada ecológica sem comprometer a qualidade dos cuidados, e de que forma a digitalização e a inteligência artificial poderiam ser aliadas nesta gestão mais eficiente de recursos. Foi também solicitada a partilha de exemplos de boas práticas de sustentabilidade já adotadas por hospitais, nacionais ou estrangeiros, que pudessem servir de inspiração e ser replicadas noutros contextos. A introdução do moderador estabeleceu, assim, um terreno fértil para o debate, colocando a tónica na necessidade urgente de dados, na melhoria contínua da gestão de resíduos e na procura de soluções práticas e inovadoras para os complexos desafios da sustentabilidade no setor da saúde.



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