Cancro do pâncreas em crescimento: avanços na cura e desafios no diagnóstico

30 de Outubro 2025

A incidência do cancro do pâncreas tem vindo a aumentar nos países industrializados, com um crescimento anual de cerca de 1% na população geral e entre 4% a 7% em adultos com idades entre os 40 e os 55 anos, alertou o oncologista Carlos Carvalho, diretor da Unidade de Cancro Digestivo da Fundação Champalimaud. 

Este aumento significativo poderá levar a que o cancro do pâncreas se torne a segunda causa de morte por cancro nestes países dentro de aproximadamente uma década.

Entre os fatores associados ao aumento do risco, destacam-se o tabaco, o álcool e a diabetes, mas a obesidade surge como o fator que mais claramente tem variado e poderá ser determinante, embora os mecanismos exatos ainda não estejam completamente esclarecidos devido à complexidade e duração dos estudos necessários.

Apesar da elevada mortalidade associada a este tipo de tumor, que se caracteriza pela sua agressividade e resistência aos tratamentos tradicionais, os avanços na investigação e na terapêutica têm permitido progressos significativos. Atualmente, em casos diagnosticados em fases iniciais, já é possível alcançar taxas de cura de um terço a metade dos doentes, através da combinação de cirurgia e quimioterapia. A Fundação Champalimaud tem reforçado os seus esforços para combater esta doença, considerada um dos tumores mais difíceis de tratar devido à sua rápida evolução e frequente diagnóstico tardio.

Carlos Carvalho sublinha que o número de doentes tratados com maior eficácia está a aumentar e que a evolução dos tratamentos é promissora. No entanto, alertou para a dificuldade em modificar comportamentos associados aos fatores de risco, como a obesidade, o consumo de tabaco e de álcool, uma vez que estas mudanças não dependem apenas da vontade individual, mas também de investimento e alteração de hábitos.

Outro desafio apontado pelo especialista é a inexistência de métodos de rastreio eficazes e economicamente viáveis para o cancro do pâncreas, o que limita a possibilidade de diagnóstico precoce na população em geral. A esperança reside nas inovações em genética molecular, nomeadamente na deteção de fragmentos de ADN tumoral no sangue, o que poderá permitir diagnósticos precoces, especialmente em grupos de maior risco, como familiares diretos de doentes ou portadores de alterações genéticas específicas.

A 2.ª Conferência Internacional sobre o Cancro do Pâncreas, que decorre na Fundação Champalimaud, em Lisboa, até sábado, tem sido palco para a discussão destes avanços e desafios no combate a um dos tumores mais agressivos da atualidade

lusa/HN

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