Médicos Sem Fronteiras recebe ordem para sair da Líbia até 09 de novembro

30 de Outubro 2025

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou hoje ter recebido uma ordem da Líbia para abandonar o país até 09 de novembro, afirmando que as autoridades não apresentaram qualquer justificação.

“Lamentamos profundamente a decisão que nos foi comunicada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e estamos preocupados com as consequências para a saúde das pessoas que ajudamos”, disse o responsável do programa da MSF na Líbia, Steve Purbrick, em comunicado hoje divulgado.

A organização já tinha visto as suas operações suspensas na Líbia em março, quando a Agência de Segurança Interna (ISA) do país encerrou as suas instalações.

Na altura, vários funcionários da MSF foram interrogados e a organização foi obrigada a retirar os seus funcionários internacionais da Líbia e a rescindir os contratos da sua equipa local.

A “onda de repressão”, como classificou a MSF num comunicado publicado na altura, afetou outras nove organizações não-governamentais de ajuda a migrantes e refugiados na Líbia.

“Num contexto de crescente obstrução das operações das ONG na Líbia, de uma diminuição drástica do financiamento da ajuda internacional e do reforço das políticas europeias de gestão de fronteiras em colaboração com as autoridades líbias, não existem atualmente ONG internacionais a prestar assistência médica a refugiados e migrantes no oeste da Líbia”, alertou.

Antes da suspensão das atividades, a MSF estava a tratar um grupo de mais de 300 doentes líbios, migrantes e refugiados, que necessitavam sobretudo de tratamento para a tuberculose, cuidados pré-natais e apoio psicológico, especialmente para sobreviventes de violência, sendo que alguns doentes morreram por ficarem assem ajuda.

Desde então, a MSF tem tentado chegar a um acordo com as autoridades para poder retomar a prestação de cuidados médicos na Líbia.

No entanto, a ONG explicou que recebeu recentemente uma carta do Ministério dos Negócios Estrangeiros líbio a ordenar a sua saída do país até 09 de novembro.

“Não foi apresentada qualquer razão para justificar a nossa expulsão, e o procedimento geral permanece muito obscuro. O registo da MSF junto das autoridades competentes do país continua válido e, por isso, esperamos encontrar uma solução positiva para esta situação”, adiantou Steve Purbrick.

A MSF refere que, em 2024, em colaboração com as autoridades de saúde líbias, realizou milhares de consultas médicas no país e que, em 2023, também prestou assistência médica de emergência após as inundações em Derna.

A organização esteve também envolvida na identificação e ajuda a refugiados e migrantes particularmente vulneráveis durante a sua retirada da Líbia.

lusa/HN

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