Carneiro diz que Marcelo evidenciou que “Governo falhou” na saúde

31 de Outubro 2025

O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, considerou hoje que o Presidente da República tornou “mais evidente que o Governo falhou na sua política de saúde” e “mostra-se incapaz de responder às necessidades” do setor.

À saída de uma sessão de boas-vindas aos novos militantes do PS, que hoje decorreu no Largo de Rato, em Lisboa, José Luís Carneiro foi questionado pelos jornalistas sobre a sugestão feita hoje pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para que seja feito um acordo político sobre o papel do SNS, do setor social e do setor privado na saúde.

“O que me foi possível perceber, por aquilo que me foi transmitido da declaração, foi que o senhor Presidente da República acabou por tornar mais evidente que o Governo falhou na sua política de saúde”, defendeu.

O líder do PS considerou evidente que Marcelo Rebelo de Sousa “acaba por certificar as palavras que todos têm dito a partir da oposição”, ou seja, “de que o Governo falhou e mostra-se incapaz de responder às necessidades”.

Sobre a sugestão concreta do acordo político, Carneiro prometeu ir “ouvir com atenção as palavras do Presidente da República” e depois, num momento oportuno e já tendo ouvido os seus camaradas, irá responder “de forma mais extensa e profunda àquilo que foi dito” por Marcelo Rebelo de Sousa.

“Vou conhecer os termos em que o senhor Presidente da República apresentou a proposta. A prova de que estamos disponíveis para ser parte das soluções foi que apresentámos em julho, antes do verão, uma proposta para a gestão e para a coordenação da resposta para a emergência hospitalar”, disse, referindo que até hoje a ministra da Saúde ainda não deu provas de a querer pôr em prática.

Carneiro insistiu que “o falhanço na saúde tem um responsável” que “é o primeiro-ministro”, um dia depois de ter desafiado Luís Montenegro a demitir Ana Paula Ministra, uma ministra que considerou estar sem autoridade política.

Segundo o secretário-geral do PS, “o Governo prometeu soluções no prazo de 100 dias para resolver as questões da emergência médica” e “não foi capaz de o fazer.

“O Governo fez tábua rasa sobre uma reforma que estava em curso, resultado de uma aprendizagem que se fez num dos momentos mais críticos que viveu o país que foi a pandemia, e sem sequer ter a preocupação de avaliar os resultados dessa mudança, entendeu decapitar essa estrutura e dar soluções aleatórias para problemas que exigem planeamento, recursos humanos, política de formação e uma resposta em relação à articulação entre os cuidados primários e os cuidados hospitalares”, criticou.

O Presidente da República sugeriu hoje um acordo político sobre o papel do SNS, do setor social e do setor privado na saúde, para que haja um quadro de médio prazo.

Numa intervenção no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, no encerramento de uma conferência sobre os 50 anos do Serviço Médico na Periferia (SMP), Marcelo Rebelo de Sousa criticou as constantes mudanças de política da saúde com os sucessivos governos.

Segundo o chefe de Estado, o Governo deve decidir, primeiro, se quer ou não fazer acordo, mas “mesmo sem acordo, tem de um dia tomar uma decisão sobre isto: o que é que deve ser SNS, o que é que deve ser setor social, o que é que deve ser setor privado lucrativo – com a flexibilidade suficiente para pensar nas interações”.

lusa/HN

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