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A bebé que nasceu através de uma cesariana de emergência no Hospital Amadora-Sintra morreu na manhã deste sábado, dia 01 de novembro. A morte ocorre apenas 24 horas após o óbito da mãe, uma gestante de 36 anos, natural da Guiné-Bissau.
Uma fonte oficial da Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora-Sintra confirmou à Lusa que o desfecho aconteceu pelas 07:00, atribuído ao “estado clínico em que se encontrava” a recém-nascida. A instituição, que se diz profundamente consternada, endereçou as suas condolências à família enlutada.
Os contornos do caso remontam a sexta-feira, quando a grávida, de 38 semanas, deu entrada no hospital em paragem cardiorrespiratória. Diogo Bruno, diretor do serviço de urgência obstétrica e ginecológica, descreveu uma atuação imediata da equipa. “Portanto, a atitude que foi tomada foi suporte avançado de vida e extração do bebé assim que possível e foi super rápido”, afirmou. A criança foi internada nos cuidados intensivos neonatais com “prognóstico reservado”.
Segundo o relato da ULS Amadora-Sintra, o percurso da gestante no sistema começou dois dias antes da tragédia. Na quarta-feira, deslocou-se ao hospital “assintomática” para uma consulta de rotina. Durante essa avaliação, foi-lhe identificada uma hipertensão ligeira. Diogo Bruno explicou que, “por extra cuidado”, a mulher foi enviada para a urgência para despiste de pré-eclâmpsia, uma complicação grave da gravidez. Após exames que, nas suas palavras, “descartaram complicações importantes”, a paciente recebeu alta. Foi-lhe dado “ensino dos sinais de alarme” para voltar a recorrer aos serviços se necessário, com indicação para um internamento programado apenas às 39 semanas.
O diretor admitiu lacunas no historial clínico. A grávida, que teria chegado recentemente a Portugal, não teve um “seguimento ideal”. “Tinha, efetivamente, uma história não bem esclarecida de hipertensão”, reiterou, acrescentando que na consulta os níveis tensionais se apresentavam “ligeiramente elevados”.
A dupla morte desencadeou uma vaga de reações institucionais. O Conselho de Administração do hospital determinou a abertura de um inquérito interno para esquadrinhar todos os contextos do caso. Paralelamente, a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) instaurou um processo de inquérito para avaliar a assistência prestada. A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) seguiu o mesmo caminho, anunciando a abertura de um processo de avaliação com idêntico objetivo. Aguardam-se agora os desfechos destas averiguações.
NR/HN/Lusa



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