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A Comissão Concelhia de Coimbra do Bloco de Esquerda veio a terreno rejeitar com veemência o que classifica como o encerramento puro e simples do serviço de urgência do Hospital Geral, conhecido por todos como Hospital dos Covões. Num comunicado que não poupa nas palavras, a estrutura política local exigiu a reabertura plena do serviço, com todos os meios humanos e técnicos que considera indispensáveis.
A decisão, tomada pela administração da Unidade Local de Saúde de Coimbra, transformou aquele serviço de urgência num Centro de Atendimento Clínico, vocacionado para situações agudas mas não emergenciais. Uma mudança que, segundo a ULS, visa otimizar recursos e adequar os percursos dos utentes, mas que para o BE cheira a mais do mesmo: “a lógica dos últimos anos de condenação progressiva dos Covões à irrelevância”. A estrutura bloquista não engole o argumento oficial e desmonta-o com outra leitura. O problema da baixa afluência, que a administração aponta como justificação principal, é para eles um círculo vicioso criado de propósito. “É precisamente a falta de investimento e a redução de valências que têm afastado utentes e profissionais”, atira o partido, sugerindo que se criou uma profecia autorrealizada para depois fechar a porta.
A ULS, por seu turno, sustenta a decisão nos números. O Hospital dos Covões registava uma média irrisória de 10 a 15 atendimentos diários, um mundo distante dos 450 que diariamente passam pelo Serviço de Urgência dos Hospitais da Universidade de Coimbra. Este fosso, argumentam, tornou clara a necessidade de uma reorganização que garanta uma melhor aplicação dos meios disponíveis. Mas o BE não se deixa convencer pela aritmética e vê na manobra mais um passo no desmantelamento progressivo de um hospital que tem vindo a ser asfixiado. A nota do partido, carregada de uma certa mágoa política, não se limita à crítica. Solidariza-se explicitamente com os trabalhadores da casa e com a população que, na sua perspetiva, perde um serviço de proximidade que lhe era querido. E remata com um princípio que considera inegociável: o Serviço Nacional de Saúde precisa é de ser reforçado, não enfraquecido.
A polémica instalou-se e promete dar que falar, espelhando um conflito entre duas visões opostas para a saúde na região: a da racionalização de meios face à realidade dos fluxos, e a da defesa intransigente de serviços públicos de proximidade, mesmo quando os números parecem não justificar a sua existência.
NR/HN/Lusa



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