Bloco de Esquerda de Coimbra contesta encerramento da urgência dos Covões

3 de Novembro 2025

A Comissão Concelhia de Coimbra do BE repudiou a transformação da urgência do Hospital dos Covões num centro de atendimento não emergencial. Defende que é mais um passo no desmantelamento de um serviço essencial para a população da região.

A Comissão Concilhia de Coimbra do Bloco de Esquerda veio a terreo rejeitar com veemência o que classifica como o encerramento puro e simples do serviço de urgência do Hospital Geral, conhecido por todos como Hospital dos Covões. Num comunicado que não poupa nas palavras, a estrutura política local exigiu a reabertura plena do serviço, com todos os meios humanos e técnicos que considera indispensáveis.

A decisão, tomada pela administração da Unidade Local de Saúde de Coimbra, transformou aquele serviço de urgência num Centro de Atendimento Clínico, vocacionado para situações agudas mas não emergenciais. Uma mudança que, segundo a ULS, visa otimizar recursos e adequar os percursos dos utentes, mas que para o BE cheira a mais do mesmo: “a lógica dos últimos anos de condenação progressiva dos Covões à irrelevância”. A estrutura bloquista não engole o argumento oficial e desmonta-o com outra leitura. O problema da baixa afluência, que a administração aponta como justificação principal, é para eles um círculo vicioso criado de propósito. “É precisamente a falta de investimento e a redução de valências que têm afastado utentes e profissionais”, atira o partido, sugerindo que se criou uma profecia auto-realizada para depois fechar a porta.

A ULS, por seu turno, sustenta a decisão nos números. O Hospital dos Covões registava uma média irrisória de 10 a 15 atendimentos diários, um mundo distante dos 450 que diariamente passam pelo Serviço de Urgência dos Hospitais da Universidade de Coimbra. Este fosso, argumentam, tornou clara a necessidade de uma reorganização que garanta uma melhor aplicação dos meios disponíveis. Mas o BE não se deixa convencer pela aritmética e vê na manobra mais um passo no desmantelamento progressivo de um hospital que tem vindo a ser asfixiado. A nota do partido, carregada de uma certa mágoa política, não se limita à crítica. Solidariza-se explicitamente com os trabalhadores da casa e com a população que, na sua perspectiva, perde um serviço de proximidade que lhe era querido. E remata com um princípio que considera inegociável: o Serviço Nacional de Saúde precisa é de ser reforçado, não enfraquecido.

A polémica instalou-se e promete dar que falar, espelhando um conflito entre duas visões opostas para a saúde na região: a da racionalização de meios face à realidade dos fluxos, e a da defesa intransigente de serviços públicos de proximidade, mesmo quando os números parecem não justificar a sua existência.

NR/HN/Lusa

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Tempestade Cláudia obriga a medidas de precaução na Madeira

A depressão Cláudia, estacionária a sudoeste das ilhas britânicas, vai afetar o arquipélago da Madeira com ventos fortes, aguaceiros e agitação marítima significativa. As autoridades regionais de Proteção Civil emitiram recomendações para minimizar riscos, incluindo a desobstrução de sistemas de drenagem e evitar zonas costeiras e arborizadas

Carina de Sousa Raposo: “Tratar a dor é investir em dignidade humana, produtividade e economia social”

No Dia Nacional de Luta contra a Dor, a Health News conversou em exclusivo com Carina de Sousa Raposo, do Comité Executivo da SIP PT. Com 37% da população adulta a viver com dor crónica, o balanço do seu reconhecimento em Portugal é ambíguo: fomos pioneiros, mas a resposta atual permanece fragmentada. A campanha “Juntos pela Mudança” exige um Plano Nacional com metas, financiamento e uma visão interministerial. O principal obstáculo? A invisibilidade institucional da dor. Tratá-la é investir em dignidade humana, produtividade e economia social

Unicorn Factory Lisboa lança novo ‘hub’ de saúde no Rossio

 A Unicorn Factory Lisboa lançou esta quinta-feira um novo ‘hub’ no Rossio, em Lisboa, dedicado à saúde em parceria com empresas, hospitais e universidades e criando 56 postos de trabalho, avançou hoje a Unicorn Factory.

Genéricos Facilitam Acesso e Economizam 62 Milhões ao SNS em 2025

A utilização de medicamentos genéricos orais para o tratamento da diabetes permitiu uma poupança de 1,4 mil milhões de euros ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) nos últimos 15 anos. Só em 2025, a poupança ultrapassou os 62 milhões de euros, segundo dados divulgados pela Associação Portuguesa de Medicamentos pela Equidade em Saúde (Equalmed) no Dia Mundial da Diabetes.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights