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A investigação, conduzida ao longo de dois anos pelo Conselho Mundial sobre as Desigualdades, a SIDA e as Pandemias, contou com a participação de especialistas de renome, incluindo o prémio Nobel da Economia de 2001, Joseph Stiglitz, a ex-primeira-dama da Namíbia, Mónica Geingos, e o epidemiologista Michael Marmot.
Segundo o documento, a desigualdade, tanto dentro como entre países, está associada à transformação de surtos epidémicos em pandemias, além de dificultar as respostas nacionais e globais, prolongando a duração das crises e aumentando a mortalidade. O relatório destaca ainda que as pandemias, por sua vez, aprofundam as desigualdades existentes, alimentando um ciclo negativo que tem sido observado em crises de saúde pública anteriores, como a covid-19, a SIDA, o ébola, a gripe e a varíola.
A pandemia de covid-19 é destacada como um exemplo emblemático, tendo empurrado cerca de 165 milhões de pessoas para a pobreza, enquanto os mais ricos aumentaram a sua riqueza em mais de 25%. Os autores do relatório sublinham que a desigualdade é uma escolha política que representa um perigo para a saúde global.
Os especialistas apelam aos líderes mundiais para que reforcem a preparação para futuras pandemias através do investimento em mecanismos de proteção social e pela mitigação das desigualdades globais, nomeadamente pela reestruturação da dívida dos países em desenvolvimento. Joseph Stiglitz alerta que as políticas de austeridade e o financiamento das respostas às pandemias por via de elevadas taxas de juro da dívida privam os sistemas de saúde, educação e proteção social dos recursos necessários, tornando as sociedades menos resilientes e mais vulneráveis a epidemias.
O relatório defende ainda a necessidade de um acesso mais equitativo a tratamentos e tecnologias de saúde, propondo a suspensão imediata dos direitos de propriedade intelectual a nível global sempre que seja declarada uma pandemia. Nos próximos dias, Joseph Stiglitz apresentará um relatório sobre a desigualdade e a pobreza globais aos líderes do G20, na cimeira que decorrerá em Joanesburgo no final de novembro
lusa/HN



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