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Luís Mendes Cabral toma hoje posse como presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), sucedendo a Sérgio Janeiro, que dirigia o organismo em regime de substituição desde julho de 2024. A confirmação foi avançada pelo Ministério da Saúde, que emitiu os despachos de nomeação com efeitos a partir de segunda-feira.
Em paralelo, foi designado para vogal do Conselho Diretivo do INEM António de Eça Pinheiro, um nome com um percurso atípico no setor da saúde. A sua licenciatura em Economia Agrária e Sociologia Rural, obtida em universidades norte-americanas, contrasta com uma carreira posteriormente desenvolvida em cargos administrativos no sector da saúde em Portugal, incluindo passagens pela MM – Gestão Partilhada e por várias unidades locais de saúde.
A nomeação de Mendes Cabral, de 46 anos, encerra um processo de recrutamento que conheceu percalços vários. O concurso foi inicialmente aberto em janeiro, mas a convocação de eleições antecipadas para maio obrigou à sua suspensão, nos termos da lei que rege o pessoal dirigente. Esta não foi a primeira interrupção; um concurso anterior, no início do ano, tinha mesmo falhado por falta de candidatos em número suficiente.
Especialista em medicina de urgência e emergência, o novo presidente do INEM não é um rosto desconhecido na casa. Já havia trabalhado como médico de helitransporte e como regulador no CODU. Até esta nomeação, era o diretor clínico do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores, acumulando funções de médico regulador e formador. A sua experiência inclui ainda a participação na equipa de evacuações aéreas do Hospital do Divino Espírito Santo, em Angra do Heroísmo, e um mandato como secretário regional da Saúde no Governo dos Açores, entre 2012 e 2016.
A transição de liderança ocorre num momento particularmente delicado para o instituto. O INEM debate-se com desafios operacionais de monta, desde a anunciada revisão da sua lei orgânica até à crónica falta de meios humanos, um problema que se tornou visível durante recentes greves dos técnicos de emergência pré-hospitalar. A questão do transporte aéreo de emergência é outro dossier sensível. O contrato com a empresa vencedora do concurso público não foi cumprido na íntegra, já que a operação não arrancou com quatro helicópteros em funcionamento contínuo a 1 de julho, como estava estipulado. Para evitar uma quebra no serviço, o INEM viu-se forçado a um ajuste direto com a mesma empresa, que fornece uma capacidade mais reduzida, com o suporte adicional da Força Aérea.
A equipa de Mendes Cabral herda assim uma instituição sob pressão, onde a urgência da missão diária se cruza com a necessidade de uma reestruturação profunda. O caminho que se avinha, como é público, está longe de ser um mar de rosas.
NR/HN/Lusa



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