Mogadouro duplica capacidade de cuidados continuados com investimento de 3,5 milhões

3 de Novembro 2025

A Santa Casa da Misericórdia de Mogadouro avança com uma ampliação de 3,5 ME na sua unidade de cuidados continuados. O número de camas vai passar de 24 para 50, um projeto com conclusão prevista para finais de 2026.

A Santa Casa da Misericórdia de Mogadouro vai injetar 3,5 milhões de euros para transformar a sua Unidade de Cuidados Continuados, um projeto que visa mais do que duplicar a capacidade de resposta num território que se debate com carências crónicas. A estrutura, que atualmente dispõe de 24 camas, ficará dotada de 50, um salto considerado vital para assegurar a viabilidade do próprio serviço.

João Henriques, provedor da instituição, não esconde a urgência da obra. “Com as 24 camas existentes estamos no nosso limite. Temos de ter escala para poder continuar a prestar estes cuidados”, afirmou, sublinhando que a sustentabilidade financeira da unidade depende diretamente desta expansão. No terreno, os primeiros sinais de movimento já são visíveis com o início da montagem das estruturas necessárias, perspetivando-se que a nova ala esteja operacional no último trimestre de 2026.

O financiamento desenha um mapa de parcerias invulgar para uma terra do interior. A empreitada de construção foi adjudicada por 2,9 milhões de euros, valor que sobe para os 3,5 milhões com a aquisição de equipamentos. Do PRR virão 1,1 milhões de euros. Contudo, foi o município local que surpreendeu com um contributo decisivo, aprovando um apoio financeiro de 1,5 milhões de euros. É uma fatia considerável, um voto de confiança da autarquia que deixa marcas no orçamento municipal. O restante montante ficará a cargo da Santa Casa.

A unidade, que abriu portas em 2008, não serve apenas o Nordeste Transmontano. Integrada na rede nacional, a UCC de Mogadouro pode receber utentes de qualquer ponto do país, uma realidade por vezes difícil de digerir para as famílias locais. “A Rede Nacional de Cuidados Continuados pode pôr aqui até utentes do Algarve”, confirmou João Henriques. A prioridade, garante, recai sempre nas “proximidades à residência”, o que na prática traduz-se na chegada de doentes de concelhos como Barcelos, Guimarães, Braga ou Vila Real.

A ampliação, na visão do provedor, não é um capricho. Ela surge justificada por um défice nacional que Henriques quantifica: “fazem falta no país mais 5 mil camas nas UCC”. Um número que paira sobre o setor e que confere a este investimento em terras de Trás-os-Montes um alcance que extravasa as suas fronteiras.

NR/HN/Lusa

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