![]()
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, criticou esta segunda-feira o que designou como uma “grande querela comunicacional” em Portugal, motivada pela sua defesa da otimização de recursos e de uma gestão mais criteriosa do investimento financeiro na saúde. A afirmação foi feita durante uma visita à Sword Health, no Porto, ato em que esteve acompanhado pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e pelo novo presidente da Câmara Municipal, Pedro Duarte.
Montenegro mostrou-se surpreendido pela comoção gerada em torno de uma ideia que considera basilar. “Por alguém ter dito que era preciso otimizar os recursos e gerir melhor o investimento financeiro que se estava a fazer para se produzir melhores resultados e para se poder, no fundo, prestar melhor serviço gastando menos `aqui-d´el-rei´ que o país ia parar”, desabafou, num tom de certa perplexidade. O seu comentário surge num contexto de fortes críticas de partidos e especialistas do setor, na sequência de alegadas instruções do diretor executivo do SNS no sentido de os hospitais prepararem cortes de despesa para o próximo ano.
Segundo uma peça do jornal Público, essas orientações apontam para a redução de gastos em áreas como medicamentos, produção adicional – que inclui cirurgias fora do horário para debelar listas de espera –, serviços de prestadores externos e contratação de pessoal. Perante isto, o líder do executivo lamentou que se critique “uma coisa tão simples e óbvia”. Para suster o seu argumento, lembrou que, na última década, a despesa com saúde duplicou, saltando de oito para 18 mil milhões de euros, um crescimento que, na sua ótica, não se refletiu numa melhoria proporcional dos serviços prestados aos cidadãos.
“Pois, aquilo que nós queremos é isto. O que nós queremos em Portugal é mais cuidados de saúde, mais eficácia e eficiência e, ao mesmo tempo, também melhor resultado financeiro ou poupança como lhe chamaram”, afirmou, de forma perentória. Montenegro defendeu que o país tem de enfrentar estes problemas estruturais “sem complexos, sem barreiras, com espírito inovador e empreendedor”. Num momento de maior arrebatamento, caraterizou os opositores da sua visão como os “Velhos do Restelo”, que “se ficam sempre a queixar, mesmo quando depois a realidade mostra que estão errados”. O discurso enveredou, assim, por uma crítica a uma certa cultura de inércia, apelando a uma mudança de mentalidades. No seu entender, Portugal carece urgentemente de uma cultura mais comprometida com os resultados tangíveis do que com discussões estéreis.
NR/HN/Lusa



0 Comments