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O deputado socialista Pedro do Carmo saiu esta manhã de uma reunião com a Associação de Agricultores do Campo Branco com uma certeza e uma missão. A certeza é a de que o vírus da língua azul está a corroer de forma mais violenta do que nunca as explorações de ovinos no distrito de Beja. A missão, que prometeu cumprir ainda hoje, é a de interpelar diretamente o ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, para que desbloqueie medidas de apoio destinadas a travar o descalabro.
A visita a uma exploração pecuária em Castro Verde, antecedendo o encontro com os agricultores, não deixou margem para dúvidas sobre a gravidade do momento. “Se não houver realmente uma situação mais fortalecida, mais robusta, continuamos a ficar muito prejudicados no interior”, afirmou o parlamentar, sublinhando o desânimo palpável entre os produtores. A sua exigência é clara: é preciso um apoio concreto para quem ainda resiste e mantém a atividade pecuária numa região que sente o abandono de forma crónica.
Este apelo não surge no vazio. Na passada quinta-feira, a Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA) já tinha enviado uma carta ao ministério a pedir ajuda, alertando que a doença grassa com particular intensidade em zonas que haviam escapado relativamente ilesas no ano anterior. O chamado Campo Branco, que se estende por concelhos como Castro Verde, Almodôvar e Ourique, transformou-se num epicentro do problema.
Dados compilados pela Associação de Agricultores do Campo Branco apontam para 240 explorações atualmente com a febre catarral ovina identificada, na sua maioria infectadas com o serótipo 3. O presidente da AACB, António Aires, não disfarça a apreensão. “No ano passado, não tivemos nem a mortalidade nem a morbilidade que estamos a ter este ano”, confirmou, referindo-se a um panorama bem mais complicado. A linguagem técnica não esconde a realidade no terreno: abortos em série e borregos mortos, um golpe duríssimo que se refletirá no rendimento das famílias no próximo ano.
Sem avançar números exatos, Aires falou em “milhares” de animais doentes apenas naquela zona, um fardo pesado para um setor já debilitado. “Os prejuízos são grandes”, disse, esperançado numa “sensibilidade por parte dos responsáveis políticos”. Enquanto isso, a expectativa paira sobre a resposta que o ministro da Agricultura dará ao apelo do deputado e às cartas que se acumulam na sua mesa, num teste à capacidade de resposta do Governo a uma crise que, longe dos centros urbanos, ameaça o tecido económico do interior alentejano.
A febre catarral ovina é uma doença viral que afecta ruminantes e não representa perigo para a saúde pública.
NR/HN/Lusa



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