Sudão: ONG denuncia que paramilitares estão a deter milhares de civis em Al-Fashir

3 de Novembro 2025

A Rede de Médicos do Sudão denunciou hoje que o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido continua a deter milhares de civis e a impedi-los de sair de Al-Fashir, cidade que tomaram há uma semana.

Os rebeldes das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) tomaram Al-Fashir, expulsando o Exército sudanês do seu último bastião na vasta região ocidental do Darfur.

“As RSF continuam a deter milhares de civis em Al-Fashir, impedindo-os de abandonar a cidade, depois de apreenderem todos os veículos utilizados para o transporte de deslocados”, alertou a organização não-governamental (ONG) Rede de Médicos do Sudão nas redes sociais.

A ONG relatou também que “várias pessoas que fugiram da cidade foram devolvidas pela força, incluindo feridos a tiro enquanto tentavam fugir e outros que padecem de subnutrição”.

Na passada quinta-feira, os paramilitares anunciaram ter detido “várias pessoas acusadas de violações” cometidas desde 26 de outubro, durante a tomada de Al-Fashir, e o líder do grupo, Mohamed Hamdan Dagalo — também conhecido como Hemedti —, prometeu “a formação de uma comissão de investigação”.

No entanto, como denunciou a ONG, a continuação da detenção de “um grande número de civis no contexto de uma situação humanitária extremamente complexa, uma grave escassez de medicamentos e falta de profissionais médicos — alguns dos quais permanecem detidos pelas RSF, enquanto outros são mantidos como reféns pelos seus membros — constitui uma catástrofe humanitária em agravamento”.

Por isso, a ONG exigiu a “libertação imediata” dos civis, a abertura de corredores seguros para a sua saída e o acesso das organizações humanitárias para enterrar os cadáveres”.

Várias ONG e também a ONU denunciaram execuções sumárias, assassínios, violência sexual, sequestros, tortura e mesmo limpeza étnica durante a tomada pelas RSF de Al-Fashir, uma cidade do norte do Darfur que se encontrava cercada pelos paramilitares desde maio de 2024 e cuja população padece de fome.

A guerra no Sudão causou a morte a dezenas de milhares de pessoas — mais de 150 mil, segundo estimativas dos Estados Unidos —, obrigou mais de 13 milhões a fugir das suas casas e transformou o país africano no cenário da pior catástrofe humanitária do planeta.

lusa/HN

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