Bolsa para investigadores que querem revolucionar tratamento da leucemia linfocítica aguda

29 de Setembro 2021

A equipa de investigadores que venceu a 2.ª edição da Bolsa de Investigação em Leucemia Linfocítica Aguda quer compreender alguns mecanismos de progressão da doença para poder encontrar soluções para casos em que os tratamentos não são curativos.

Em declarações à agência Lusa, Nuno Rodrigues dos Santos, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), da Universidade do Porto, explicou que as leucemias agudas são habitualmente tratadas com bastante sucesso, sobretudo em crianças, mas continuam a existir grupos de doentes, especialmente adultos, para quem os tratamentos atuais não são curativos.

“Muitos acabam por ter a chamada recidiva, em que após uma resposta ao tratamento volta a aparecer leucemia e, às vezes, não há tratamentos que possam resolver esse problema”, explicou o investigador principal desta equipa.

O responsável sublinhou que estas leucemias agressivas “muitas vezes têm associado uma disseminação das células leucémicas para o sistema nervoso central” e que estes casos exigem tratamento diferenciado.

“A quimioterapia tem que ser usada ou administrada especificamente no sistema nervoso central, nas meninges”, disse.

Explicou igualmente que um dos problemas da disseminação das células leucémicas no sistema nervoso central são as sequelas, que “podem surgir tanto durante a leucemia como posteriormente, por problemas de índole neurológica que surgem durante o tratamento e após o tratamento”.

“O que nós queremos é compreender melhor porque é que alguns doentes têm infiltração de células para o sistema nervoso central e outros não têm. E, para aqueles que têm, saber se podemos desenvolver formas de tratamento mais adequadas, mais especificas”, disse Nuno Rodrigues dos Santos.

“Atualmente não existem terapias específicas para eliminar as células leucémicas do sistema nervoso central. Este projeto tem o objetivo de avaliar o comportamento de progressão da doença para criar barreiras de proteção contra estas células, ou seja, em primeira análise procura identificar os agentes necessários para evitar a progressão da doença para o sistema nervoso central, ao invés de só atuar numa fase avançada da doença”, acrescentou.

A bolsa de 15 mil euros ganha por esta equipa, composta por investigadores do i3S, do Imperial College London Faculty of Medicine, do Instituto Português de Oncologia do Porto e do Serviço de Hematologia do Hospital S. João do Porto, é atribuída pela Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL) e pela Sociedade Portuguesa de Hematologia (SPH), com o apoio da Amgen Biofarmacêutica.

Além de compreender melhor este mecanismo da doença, os investigadores pretendem igualmente testar terapias em modelos laboratoriais.

“O que no futuro queremos descobrir são os alvos terapêuticos”, disse o investigador, explicando: “A quimioterapia é uma terapia que parece às cegas, ou seja, o objetivo da quimioterapia é matar células malignas, por vezes com efeitos secundários em células normais, e com as terapias dirigidas pretende-se identificar moléculas específicas do cancro em que o tratamento possa ser mais focalizado na célula maligna, sem ter tantos problemas nas células normais”.

LUSA/HN

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