Philip Alston, que estava em Paris a tomar conta de três gatos a um casal francês, tomou a decisão, embora com relutância, de regressar ao Reino Unido.
“Felizmente, eles disseram que, no caso de isto acontecer, eles tinham outra pessoa à disposição”, afirmou na estação ferroviária Gare du Nord em Paris, antes de embarcar num comboio Eurostar em direção a Londres.
“Estou realmente chateado porque estava a divertir-me a tratar dos gatos e a explorar Paris”, acrescentou.
Outro turista residente em Londres, Firas Kilin, também antecipou o regresso de comboio para a capital britânica.
“Eu deveria voltar amanhã [sábado] à noite, mas depois do anúncio de ontem, decidi mudar para hoje e sim, custou 105 libras (117 euros) para mudar o meu bilhete e os bilhetes dos meus filhos”, revelou.
A Eurostar, que opera os comboios de passageiros que ligam Inglaterra a França, disse ter capacidade “para aqueles que desejam evitar as medidas de quarentena”.
No entanto, a Getlink, que opera o serviço ferroviário de transporte de automóveis do Túnel do Canal, admitiu que não ter mais vagas para quem deseja voltar ao Reino Unido antes de as medidas de quarentena entrarem em vigor, às 04:00 de sábado.
O Governo britânico anunciou na quinta-feira à noite que vai retirar França da lista de países isentos de quarentena, medida que afeta potencialmente centenas de milhares de turistas, bem como aqueles que planeiam atravessar o Canal da Mancha nos próximos dias.
O Governo francês respondeu na mesma moeda, o que prejudicará ainda mais as viagens e o turismo entre os dois países numa altura em que a indústria está a tentar recuperar do choque económico da pandemia Covid-19.
O ministro dos Transportes, Grant Shapps, justificou a decisão com o aumento de 66% nas infeções por coronavírus em França na semana passada.
“Infelizmente este vírus é imprevisível. Acho que muitas pessoas sabiam que esta era uma possibilidade relativamente a França e em alguns dos outros países”, disse hoje, em declarações à Sky News.
Países Baixos, Malta, Mónaco e as ilhas Turcas e Caicos e Aruba também foram removidos da lista de destinos seguros, isentos de quarentena à chegada ao Reino Unido, onde se mantêm países como a Grécia, Itália, Turquia ou Alemanha.
Embora o número de novas infeções no Reino Unido também esteja a aumentar, não está a acontecer ao mesmo ritmo que os países sujeitos à quarentena.
Ainda assim, a preocupação com surtos levou à imposição de restrições em Aberdeen, na Escócia, e em regiões do norte e noroeste de Inglaterra, como Manchester, Blackburn, Burnley, Kirklees ou Calderdale.
Em França há um receio crescente de uma segunda vaga da pandemia e hoje o diretor do serviço nacional de saúde, Jerome Salomon, disse que Paris e Marselha foram declaradas zonas de risco.
A decisão do governo britânico representa um grande golpe para a indústria de turismo de França, que depende fortemente de turistas britânicos, que durante o verão enchem os parques de campismo na Normandia, fazem muitas excursões de degustação de vinhos no Vale do Loire e caminhadas nos Alpes.
Além da retaliação de França, que vai passar a exigir quarentena nas viagens entre o Reino Unido e França, os Países Baixos também passaram a desaconselhar viagens ao Reino Unido, mas não exigem quarentena.
LUSA/HN
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