“Em apenas uma semana (entre 23 e 30 de junho), 94 países membros da Interpol – representando todos os continentes – lançaram uma operação em farmácias ‘online’ ilícitas”, tendo apreendido, “globalmente, mais de 7.800 medicamentos e produtos de saúde ilícitos e de marca incorreta, totalizando mais de 3 milhões de unidades individuais”, explicou a organização, em comunicado hoje divulgado.
A operação, denominada Pangea XV, tinha como alvo o mercado de produtos farmacêuticos ilícitos, avaliado em 4,3 mil milhões de euros, que atrai o envolvimento de grupos do crime organizado em todo o mundo, adiantou a polícia.
Segundo a organização, foram investigados mais de 4.000 ‘links’ da internet, principalmente plataformas de redes sociais e aplicações de mensagens para telemóveis, que anunciavam produtos ilícitos, tendo essas páginas ‘online’ sido encerradas ou removidos os produtos ilegais.
Só na Malásia foram identificados mais de 2.000 páginas de internet que vendiam ou anunciavam produtos farmacêuticos falsificados ou obtidos ilegalmente, adiantou.
Além disso, a Interpol inspecionou cerca de 3.000 pacotes em 280 centros postais em aeroportos, fronteiras e centros de distribuição de correio ou correio de carga, abrindo mais de 600 investigações e emitindo mais de 200 mandados de busca.
Quase metade (48%) das embalagens inspecionadas continha medicamentos ilícitos ou falsificados, sendo que 40% destinavam-se à disfunção erétil.
As autoridades da Austrália, Argentina, Malásia e Estados Unidos também apreenderam mais de 317.000 ‘kits’ de testes de Covid-19 não autorizados, sendo que, só nos Estados Unidos, as apreensões foram avaliadas em quase 3 milhões de euros.
Embora os resultados ainda estejam a ser comunicados por cada país envolvido, as ações de fiscalização já interromperam as atividades de pelo menos 36 grupos de crime organizado, sublinha a Interpol.
“Vender medicamentos falsificados ou ilícitos ‘online’ pode parecer um crime pouco relevante, mas as consequências para as vítimas são potencialmente fatais”, lembrou o secretário-geral da Interpol, Jürgen Stock, citado no comunicado.
“As cadeias de fornecimento ilícitas e os modelos de negócios por trás do comércio de medicamentos falsificados são inerentemente internacionais, o que significa que as forças da lei devem trabalhar em conjunto além das fronteiras para proteger efetivamente os consumidores”, referiu.
Por seu lado, o diretor do Centro Nacional de Coordenação de Direitos de Propriedade Intelectual nos Estados Unidos, Jim Mancuso, admitiu que “duas décadas de experiência mostraram que os criminosos não vão parar por nada, apesar dos perigos que causam”.
Os resultados da operação Pangea XV são “um alerta para as organizações criminosas transnacionais de que as agências de aplicação da lei de todo o mundo farão o que for necessário para proteger a saúde e a segurança pública”, concluiu.
LUSA/HN
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