Mais de 2.000 pessoas assinaram em 24 horas petição a reclamar acesso a bombas de insulina híbridas

20 de Setembro 2022

Mais de 2.000 pessoas assinaram em 24 horas uma petição pública a reclamar o acesso das crianças e jovens com diabetes tipo 1 às bombas de insulina híbridas em todos os centros de tratamentos do país.

A petição “pelo acesso aos sistemas híbridos de perfusão subcutânea contínua de insulina (bombas de insulina) e pela qualidade de vida das pessoas com diabetes tipo 1 em Portugal” foi lançada na segunda-feira pela Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) e um conjunto de entidades ligadas aos cuidados de saúde prestados a crianças e jovens com diabetes tipo 1.

No texto de enquadramento da petição, os promotores da iniciativa explicam que “o sistema de bombas de insulina híbridas ou automáticas é já uma realidade em Portugal, mas ainda não tem o alcance necessário e implica um valor incomportável para as famílias”.

“Trata-se do sistema cuja performance mais se aproxima do pâncreas artificial, administrando insulina automaticamente e ajustando-a de acordo com as necessidades individuais. É revolucionário na medida em que melhora substancialmente a saúde das pessoas com diabetes, permitindo-lhes viver quase como se não tivessem diabetes”, sublinham.

Segundo as entidades, a utilização destas bombas pode proporcionar às crianças e jovens com diabetes melhor compensação, uma redução em 80% do número de picadas nos dedos e 95% do número de injeções que uma pessoa com diabetes tipo 1 tem de dar por ano, contribuindo para “uma melhoria significativa da qualidade de vida das crianças, mas também das suas famílias e outros cuidadores”.

Para o presidente da APDP, José Manuel Boavida, a disponibilização destes dispositivos a todas as pessoas que poderão beneficiar deles “é uma questão de humanismo e de respeito”.

“Só as pessoas com diabetes tipo 1 poderão utilizar estas bombas e entre elas, cerca de 5.000 são crianças ou jovens que dependem da ajuda de cuidadores, pais, avós, educadores, que serão também muito mais livres e menos sofredores no seu dia-a-dia. Querendo o essencial da vida, as crianças e jovens com diabetes tipo 1 e suas famílias não podem esperar”, defende José Manuel Boavida, citado num comunicado da APDP.

A petição, que às 11:40 de hoje reunia 2.102 assinaturas, reclama assim “o acesso desta população, sob prescrição de especialista, aos sistemas de bombas de insulina híbridas em todos os centros de colocação de bombas do país”.

Em agosto, a Direção-Geral da Saúde anunciou que os Centros de Tratamento com Perfusão Subcutânea Contínua de Insulina iriam passar a ter disponíveis bombas de insulina híbridas e microbombas comparticipadas na totalidade pelo Serviço Nacional de Saúde.

Segundo a DGS, previa-se uma “aquisição faseada” destes novos tipos de dispositivos ao longo dos próximos anos, “de forma a cobrir a totalidade dos utentes com Diabetes tipo 1 e indicação clínica para a sua utilização”.

“Estas novas bombas de insulina oferecem oportunidades de melhoria da qualidade do tratamento e qualidade de vida”, considerava a autoridade de saúde, sublinhando que, desde 2020, “todas as pessoas com diabetes tipo 1 acompanhadas nos centros de tratamento validados e com indicação clínica podem ter acesso ao tratamento com bombas de insulina, ao abrigo deste programa”.

Além da APDP, são autores desta petição um grupo de pais de crianças e jovens com diabetes tipo 1, as consultas de Diabetes Pediátrica do Centro Hospitalar Barreiro-Montijo, da Unidade Local de Saúde de Matosinhos, os serviços de Pediatria do Centro Hospitalar do Oeste – Caldas da Rainha, do Hospital de São Francisco Xavier, a Unidade de Diabetes da Criança e Adulto do Centro Hospitalar do Oeste e a Unidade de Endocrinologia e Diabetologia Pediátrica do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia.

LUSA/HN

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