“Estamos a falar de uma grande preocupação de todos os autarcas e de todos os agentes do nosso território, das nossas unidades hospitalares (…). Obviamente que nenhum autarca defende o encerramento de qualquer maternidade. Naturalmente que eu também não o defendo, mas temos todos de ter a noção que temos de ter uma estratégia definida e clara para o futuro”, afirmou António Luís Beites (PS).
O autarca falava após a reunião do executivo municipal, onde o assunto foi abordado com o vereador da oposição Filipe Batista a frisar o clima de “alarmismo” criado pelas notícias que têm vindo a público e que referem que a proposta da Comissão de Acompanhamento da Resposta em Urgência de Ginecologia, Obstetrícia e Bloco de Partos aponta o encerramento de dois serviços na Beira Interior.
Vincado que as notícias apontam o encerramento em Castelo Branco, bem como na Guarda ou na Covilhã (dependendo da fonte da notícia) e que o concelho de Penamacor recorre aos serviços, quer Castelo Branco, quer da Covilhã, Filipe Batista quis saber se o município já tomou uma posição formal ou fez diligências em relação a essa matéria.
Na resposta, António Luís Beites defendeu que essa é uma questão que tem de ser colocada do ponto de vista “supramunicipal” e que as autarquias estão a trabalhar em temos da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa (da qual Penamacor faz parte) e da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, que integra outros municípios da região.
Ressalvando sempre que espera que todas as maternidades e serviços possam manter-se, António Luís Beites também lembrou que o problema está relacionado com a falta de recursos humanos e que, por isso, tem haver uma análise profunda relativamente à disponibilidade de recursos e à estratégia que será seguida.
Destacou que as autarquias e as unidades locais de saúde devem estar unidas e que é preciso uma estratégia conjunta que permita atrair mais médicos para a Beira Interior, para evitar cenários ainda mais desfavoráveis no futuro.
“Isolados já não vamos a lado nenhum em territórios destes. Temos de estar todos unidos nestas matérias e, por isso é que eu digo, a estratégia tem de ser claramente supramunicipal”, apontou, mostrando-se confiante de que o Governo não tomará nenhuma decisão em relação a eventuais encerramentos sem promover o diálogo com as entidades locais.
António Luís Beites assumiu ainda que, no futuro, será cada vez mais difícil garantir todas as especialidades hospitalares em todas as unidades, pelo que, considerou que é hora de se revisitar o plano que há muito é falado na região e que visa uma reestruturação que englobaria as três estruturas da Beira Interior para garantir a manutenção das diferentes respostas de saúde no território.
Questionado sobre o facto de no passado nunca se ter conseguido concretizar essa ideia e de os próprios presidentes das câmaras não se terem entendido nessa matéria, sublinhou que “os autarcas hoje têm de ter a condição de ver mais além”, conseguindo “olhar para a região e não apenas para o seu quintal”.
LUSA/HN
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