PCP acusa Governo de “desproteger as populações” ao encerrar urgências pediátricas

13 de Março 2023

O PCP considerou hoje que o encerramento de urgências pediátricas mostra que a Direção Executiva do SNS serve para “concretizar as decisões negativas” do Ministério da Saúde, acusando o Governo de “desproteger as populações”.

Em comunicado, o gabinete de imprensa do PCP considera que o encerramento à noite de três serviços de urgência de Pediatria na região de Lisboa e Vale do Tejo, e dois aos fins de semana, comprova que, “sob a capa de reorganização de serviços”, o objetivo do Governo “sempre foi” fechar esses serviços.

“Em vez de garantir a existência de mais profissionais no Serviço Nacional de Saúde (SNS), evitando a sua saída e garantindo novas contratações, o Governo prefere desproteger as populações, no caso concreto as crianças, e favorecer o negócio privado que se alimenta das carências dos serviços públicos”, lê-se na nota.

Os comunistas advertem que, mesmo nos casos dos serviços de urgência cujo funcionamento ainda não foi restringindo, “nada garante que isso não venha a acontecer num futuro próximo, caso se mantenha a política de desvalorização dos profissionais de saúde, de subfinanciamento e de escasso investimento no SNS”.

“As ‘contas certas’ do Governo são urgências encerradas para a população”, criticam.

Para o PCP, a decisão de se encerrarem aquelas urgências pediátricas confirma que a Direção Executiva do SNS “serve no fundamental para concretizar as decisões negativas do Ministério da Saúde, sob a capa de uma fundamentação técnica, que nada mais é do que uma consequência das opções políticas do Governo”.

Perante este cenário, o partido defende a necessidade “de uma imediata reversão desta política, como aliás têm vindo a exigir os profissionais de saúde”.

O PCP sustenta que é necessário garantir “carreiras e remunerações dignas, de forma a tornar o SNS mais atrativo e melhorando as condições de equipamentos e infraestruturas, assegurando melhores condições de trabalho e atendimento”.

Os serviços de urgência de Pediatria dos hospitais S. Francisco Xavier (Lisboa), Beatriz Ângelo (Loures) e do Centro Hospitalar do Oeste vão encerrar à noite a partir de 01 de abril, anunciou hoje a Direção Executiva do SNS.

No âmbito da estratégia de reorganização do serviço de urgência de Pediatria na Região de Lisboa e Vale do Tejo, a Direção Executiva garante que nenhum dos 14 Serviços de Urgência de Pediatria desta região encerra.

No entanto, o número de unidades fechadas durante o período noturno, entre as 21:00 e as 09:00, aumenta para três, uma vez que o serviço de urgência do Hospital Beatriz Ângelo já estava fechado à noite e aos fins de semana por falta de profissionais.

Já o Centro Hospitalar de Setúbal passa a encerrar quinzenalmente a urgência de pediatria, entre as 21:00 de sexta-feira e as 09:00 de segunda-feira, informou a DE-SNS, salientando que os horários do plano vigoram até 30 de junho.

As restantes urgências pediátricas mantêm-se permanentemente abertas, nomeadamente nos hospitais Santa Maria, D. Estefânia, ambos em Lisboa, Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra), Vila Franca de Xira, Cascais, Hospital Garcia de Orta, em Almada, Santarém e centros hospitalares Barreiro Montijo, Médio Tejo (Torres Novas) e Oeste (Caldas da Rainha).

Esta estratégia resulta de “longas semanas de trabalho, com os profissionais das várias instituições que estão no terreno, com a ponderação e diálogo necessários, visando a construção de respostas que visam assegurar a proximidade e o acesso da população ao SNS, sublinhando a enorme generosidade e esforço dos profissionais”, refere a DE-SNS em comunicado.

LUSA/HN

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