“Os farmacêuticos não têm motivos, infelizmente, para estarem menos mobilizados para esta greve do que estiveram para as anteriores. A nossa situação não sofreu qualquer alteração e, portanto, tivemos uma adesão de 90%. Tem sido a média das greves que temos feito, o que mostra que a larga maioria dos farmacêuticos se revê na luta que o sindicato está a travar”, disse, esta terça-feira, o presidente do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos.
A concentração junto à residência oficial do primeiro-ministro, na segunda-feira, foi motivada pelo silêncio das entidades de que o sindicato precisa para negociar. “Temos tentado entrar em diálogo com o Ministério da Saúde e temos pedidos de audiência quer com o Ministério das Finanças quer para a Administração Pública, que são as duas entidades que têm de estar presentes e concordar com uma série de matérias que é necessário negociar. O Ministério da Saúde disponibilizou-se para negociar apenas matérias que digam respeito exclusivamente ao Ministério da Saúde, o que quer dizer que tudo o que respeite a remunerações, tabelas remuneratórias e correção de situações de falta de reconhecimento dos anos de trabalho (…) está fora da esfera de negociação. Já que o Ministério da Saúde não trazia o Ministério das Finanças nem a Administração Pública, temos tentado entrar em contacto direto com eles, para ver se os conseguimos sensibilizar, mas o facto é que nem resposta temos às nossas tentativas de contacto”, explicou Henrique Reguengo.
Ou seja, “já que o Ministério da Saúde se recusa e os outros não respondem”, dirigiram-se ao chefe do Governo.
Esta segunda-feira, em dia de greve de farmacêuticos e médicos, o ministro da Saúde garantiu que vai apresentar uma proposta de revisão da grelha salarial aos médicos. Os farmacêuticos “tiveram a reestruturação da carreira em 2017, estamos com a residência farmacêutica, aguentem. Claramente foi essa a mensagem que o senhor ministro deu. Não me parece que seja a mensagem correta”, comentou Henrique Reguengo.
“Nós efetivamente tivemos uma reestruturação da carreira em 2017, porque foi feita com as matérias que beneficiavam o Serviço Nacional de Saúde e com o sacrifício de todas as matérias que beneficiavam os farmacêuticos. Eu não conheço outra classe profissional que tenha feito isto. (…) Era expectável que, depois do sacrifício temporário que os farmacêuticos acederam a fazer em benefício do Serviço Nacional de Saúde, o Governo tivesse a decência de olhar para essa situação e de a retificar. Ora, aquilo que acontece é que o Governo está a olhar para todos os outros profissionais de saúde e até fora da área da saúde, mas para os farmacêuticos diz aquilo que ouvimos o senhor ministro dizer no outro dia. Não é aceitável”, concluiu o farmacêutico.
HN/RA
Como acontece com as demais carreiras na área da saúde, o ministério arranja desculpas para apenas fazer o que lhe dá jeito.