Esta doença altamente infeciosa, que causa febre hemorrágica, pertence à mesma família do vírus do Ébola e foi detetada menos de dois meses depois de a Guiné-Conacri ter declarado o fim de um surto de Ébola, que tinha surgido no início do ano.
Em comunicado, a OMS explicou que as amostras retiradas de um paciente já falecido e testadas num laboratório de campo em Gueckedou, bem como no laboratório nacional de febre hemorrágica da Guiné, testaram positivo para o vírus de Marburg.
Uma análise mais aprofundada do Instituto Pasteur no Senegal confirmou o resultado obtido.
O paciente testado tinha procurado tratamento numa clínica local, na região de Koundou, em Gueckedou, para onde uma equipa de investigação médica foi enviada para acompanhar o agravamento dos sintomas.
“Aplaudimos o estado de alerta e a rápida ação de investigação dos profissionais de saúde da Guiné. O potencial para o vírus Marburg se espalhar por toda a parte demonstra a necessidade de detê-lo”, apontou o diretor regional da OMS para África, Matshidiso Moeti.
O responsável, citado na nota de imprensa, acrescentou que esta organização está a “trabalhar com as autoridades de saúde para implementar uma resposta rápida que se baseie na experiência e conhecimento anteriores da Guiné-Conacri na gestão do Ébola, que tem uma forma de transmissão semelhante”.
Esta região de Gueckedou é a mesma onde surgiram os casos do surto de Ébola no início de 2021, bem como onde foi detetado inicialmente o surto de 2014-2016 na África Ocidental.
Neste momento, estão a decorrer esforços para encontrar indivíduos que possam ter estado em contacto com o paciente identificado.
Como a doença surgiu pela primeira vez no país, as autoridades de saúde estão a efetuar ações de educação pública e a mobilizar as comunidades para aumentar a consciencialização e galvanizar apoio para conter a infeção generalizada.
Uma equipa inicial de dez especialistas da OMS, onde se incluem epidemiologistas e sócio-antropólogos está no local a ajudar na investigação e a apoiar as autoridades locais para acelerar a resposta de emergência, com avaliações de risco, vigilância de doenças, mobilização da comunidade, testagem, atendimento clínico, prevenção de infeções e apoio logístico.
Também a vigilância transfronteiriça está a ser preparada para detetar rapidamente qualquer caso. Os sistemas de controlo do Ébola em vigor na Guiné-Conacri e nos países vizinhos revelam-se cruciais na resposta de emergência para o vírus Marburg.
Esta infeção é transmitida às pessoas por morcegos frugívoros e espalha-se entre os humanos através de contacto direto com fluidos corporais, superfícies ou materiais infetados.
A doença desenvolve-se abruptamente com febra alta, forte dor de cabeça e mal-estar. Muitos pacientes desenvolvem sinais hemorrágicos graves num período de sete dias e a taxa de mortalidade varia entre 24% e 88%, segundo surtos anteriores.
Embora não existam vacinas ou tratamentos antivirais para tratar este vírus, os cuidados básicos como reidratação através de líquidos por via oral ou intravenosa, ou o tratamento de sintomas específicos aumentam a possibilidade de sobrevivência.
Uma série de potenciais tratamentos, onde se incluem imunoterapias ou terapias medicamentosas, estão a ser avaliados.
Em África, surtos anteriores e casos esporádicos foram relatados em Angola, República Democrática do Congo, Quénia, África do Sul e Uganda.
LUSA/HN
0 Comments