Guiné-Conacri deteta primeiro caso do vírus Marburg no país e na África Ocidental

10 de Agosto 2021

As autoridades de saúde da Guiné-Conacri confirmaram o primeiro caso do vírus de Marburg no país e na África Ocidental, anunciou na segunda-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Esta doença altamente infeciosa, que causa febre hemorrágica, pertence à mesma família do vírus do Ébola e foi detetada menos de dois meses depois de a Guiné-Conacri ter declarado o fim de um surto de Ébola, que tinha surgido no início do ano.

Em comunicado, a OMS explicou que as amostras retiradas de um paciente já falecido e testadas num laboratório de campo em Gueckedou, bem como no laboratório nacional de febre hemorrágica da Guiné, testaram positivo para o vírus de Marburg.

Uma análise mais aprofundada do Instituto Pasteur no Senegal confirmou o resultado obtido.

O paciente testado tinha procurado tratamento numa clínica local, na região de Koundou, em Gueckedou, para onde uma equipa de investigação médica foi enviada para acompanhar o agravamento dos sintomas.

“Aplaudimos o estado de alerta e a rápida ação de investigação dos profissionais de saúde da Guiné. O potencial para o vírus Marburg se espalhar por toda a parte demonstra a necessidade de detê-lo”, apontou o diretor regional da OMS para África, Matshidiso Moeti.

O responsável, citado na nota de imprensa, acrescentou que esta organização está a “trabalhar com as autoridades de saúde para implementar uma resposta rápida que se baseie na experiência e conhecimento anteriores da Guiné-Conacri na gestão do Ébola, que tem uma forma de transmissão semelhante”.

Esta região de Gueckedou é a mesma onde surgiram os casos do surto de Ébola no início de 2021, bem como onde foi detetado inicialmente o surto de 2014-2016 na África Ocidental.

Neste momento, estão a decorrer esforços para encontrar indivíduos que possam ter estado em contacto com o paciente identificado.

Como a doença surgiu pela primeira vez no país, as autoridades de saúde estão a efetuar ações de educação pública e a mobilizar as comunidades para aumentar a consciencialização e galvanizar apoio para conter a infeção generalizada.

Uma equipa inicial de dez especialistas da OMS, onde se incluem epidemiologistas e sócio-antropólogos está no local a ajudar na investigação e a apoiar as autoridades locais para acelerar a resposta de emergência, com avaliações de risco, vigilância de doenças, mobilização da comunidade, testagem, atendimento clínico, prevenção de infeções e apoio logístico.

Também a vigilância transfronteiriça está a ser preparada para detetar rapidamente qualquer caso. Os sistemas de controlo do Ébola em vigor na Guiné-Conacri e nos países vizinhos revelam-se cruciais na resposta de emergência para o vírus Marburg.

Esta infeção é transmitida às pessoas por morcegos frugívoros e espalha-se entre os humanos através de contacto direto com fluidos corporais, superfícies ou materiais infetados.

A doença desenvolve-se abruptamente com febra alta, forte dor de cabeça e mal-estar. Muitos pacientes desenvolvem sinais hemorrágicos graves num período de sete dias e a taxa de mortalidade varia entre 24% e 88%, segundo surtos anteriores.

Embora não existam vacinas ou tratamentos antivirais para tratar este vírus, os cuidados básicos como reidratação através de líquidos por via oral ou intravenosa, ou o tratamento de sintomas específicos aumentam a possibilidade de sobrevivência.

Uma série de potenciais tratamentos, onde se incluem imunoterapias ou terapias medicamentosas, estão a ser avaliados.

Em África, surtos anteriores e casos esporádicos foram relatados em Angola, República Democrática do Congo, Quénia, África do Sul e Uganda.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Novos diagnósticos de VIH aumentam quase 12% na UE/EEE em 2023

 A taxa de novos diagnósticos de pessoas infetadas pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) cresceu 11,8% de 2022 para 2023 na União Europeia/Espaço Económico Europeu, que inclui a Noruega, a Islândia e o Liechtenstein, indica um relatório divulgado hoje.

Idade da reforma sobe para 66 anos e nove meses em 2026

A idade da reforma deverá subir para os 66 anos e nove meses em 2026, um aumento de dois meses face ao valor que será praticado em 2025, segundo os cálculos com base nos dados provisórios divulgados hoje pelo INE.

Revolução no Diagnóstico e Tratamento da Apneia do Sono em Portugal

A Dra. Paula Gonçalves Pinto, da Unidade Local de Saúde de Santa Maria, concorreu à 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar (APDH), com um projeto inovador para o diagnóstico e tratamento da Síndrome de Apneia Hipopneia do Sono (SAHS). O projeto “Innobics-SAHS” visa revolucionar a abordagem atual, reduzindo significativamente as listas de espera e melhorando a eficiência do processo através da integração de cuidados de saúde primários e hospitalares, suportada por uma plataforma digital. Esta iniciativa promete não só melhorar a qualidade de vida dos doentes, mas também otimizar os recursos do sistema de saúde

Projeto IDE: Inclusão e Capacitação na Gestão da Diabetes Tipo 1 nas Escolas

A Dra. Ilka Rosa, Médica da Unidade de Saúde Pública do Baixo Vouga, apresentou o “Projeto IDE – Projeto de Inclusão da Diabetes tipo 1 na Escola” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa visa melhorar a integração e o acompanhamento de crianças e jovens com diabetes tipo 1 no ambiente escolar, através de formação e articulação entre profissionais de saúde, comunidade educativa e famílias

Cerimónia de Abertura da 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde: Inovação e Excelência no Setor da Saúde Português

A Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar (APDH) realizou a cerimónia de abertura da 17ª edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde, destacando a importância da inovação e excelência no setor da saúde em Portugal. O evento contou com a participação de representantes de várias entidades de saúde nacionais e regionais, reafirmando o compromisso com a melhoria contínua dos cuidados de saúde no país

Crescer em contacto com animais reduz o risco de alergias

As crianças que crescem com animais de estimação ou em ambientes de criação de animais têm menos probabilidade de desenvolver alergias, devido ao contacto precoce com bactérias anaeróbias comuns nas mucosas do corpo humano.

MAIS LIDAS

Share This