APIC elege Rita Calé Theotónio como presidente da direção

APIC elege Rita Calé Theotónio como presidente da direção

A nova Direção assume o projeto de continuidade da APIC, reforçando a importância das parcerias e colaboração com entidades congéneres, como condição fundamental para fomentar o estudo, investigação e promoção de atividades de âmbito científico, médico, e educacional na área da Cardiologia de Intervenção.

“A estratégia para os próximos dois anos assentará em três pilares fundamentais: Formação, Investigação e Relações nacionais, internacionais e com a tutela. Iremos promover a formação e capacitação dos profissionais de saúde com cursos e formações específicas, que promovam a partilha de conhecimentos e experiências interpares, bem como contribuir para uma maior literacia em saúde cardiovascular através de atividades educativas no seio da População”, garantiu Rita Calé Theotónio, citada na nota de imprensa.

A nova responsável defendeu ainda que a sua direção terá como objetivo “incutir dinamismo ao Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção e à Investigação na nossa área de intervenção. Faremos ainda um trabalho de sensibilização da tutela para a importância de disponibilizar os recursos adequados e necessários, de forma a manter a universalidade e equidade no acesso atempado a técnicas de intervenção percutâneas”.

Rita Calé Theotónio é licenciada pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade NOVA de Lisboa e cardiologista com a subespecialidade de intervenção desde 2015. Fez parte da última Direção da APIC como Secretária-geral (2021-2023). Atualmente, é Coordenadora-adjunta da Unidade de Cardiologia de Intervenção do Hospital Garcia de Orta.

A restante Direção é constituída por Pedro Jerónimo de Sousa (Secretário-Geral) e Carlos Galvão Braga (Tesoureiro). A Assembleia-Geral é composta por Rui André Rodrigues (Presidente), Joana Delgado Silva (Vogal) e David Neves (Vogal).

PR/HN/VC

João Brum Silveira: “Cerca de 40% dos doentes não reconhece os sintomas do enfarte agudo do miocárdio”

João Brum Silveira: “Cerca de 40% dos doentes não reconhece os sintomas do enfarte agudo do miocárdio”

HealthNews (HN)- O enfarte agudo do miocárdio é uma das principais causas de morte e incapacidade em Portugal. De que forma o conhecimento da sintomatologia e a rápida atuação influenciam a progressão do quadro clínico do doente?
João Brum Silveira (JBS)- Quando uma das artérias coronárias sofre de uma obstrução por um coágulo, a contração do coração deixa de existir e o miocárdio começa a entrar em sofrimento.
Quando há uma obstrução numa das artérias, o doente sente muita dor no peito. No entanto, muitos doentes apresentam aquilo que chamamos ‘sintomas acompanhados’ -enjoos, vómitos, sudorese profusa, fadiga e ansiedade. É importante que o doente saiba identificar estes sintomas e contacte para o 112. Quando é feito esse contacto, a pessoa entra na Via Verde Coronária. O INEM encaminha o doente para o hospital e é feito de imediato o diagnóstico e iniciado o tratamento. Portanto, o enfarte agudo do miocárdio esta dependente do tempo que a artéria coronária está obstruída. Quanto mais tempo passar, maior vai ser a quantidade de musculo do coração (que é o miocardio) que vai ser perdido e mais débil fica o coração.

HN- Segundo o INEM mais de 73% dos casos de enfarte encaminhados para os hospitais em 2021 decorreram em menos de duas horas entre o início dos sintomas e o contacto com o INEM. A evolução do quadro clínico do doente está unicamente dependente da intervenção dos profissionais? Qual o papel do doente?
JBS- Tal como referi há pouco, quanto menor for a quantidade de músculo perdido, maior a probabilidade de sobrevida e de o doente voltar a ter uma vida normal. Portanto, o doente tem de identificar os sintomas o mais rapidamente possível. As recomendações sugerem que, a partir do momento que o doente reconhece os sintomas, deve ser feita a angioplastia primária nos primeiros 120 minutos. O problema é que cerca de 40% dos doentes não reconhece os sintomas do enfarte agudo do miocárdio. Isso atrasa o diagnóstico e o tratamento. Por outro lado, à volta de 30 a 40% das pessoas dirige-se para o hospital pelos seus próprio meios e corre o risco de ir para um que não tenha laboratórios de hemodinâmica… Se o doente entrar na Via Verde Coronária é garantida uma rápida intervenção.

HN- O INEM anunciou recentemente que encaminhou quase 900 casos de enfarte para os hospitais em 2021. Como olha para estes números?
JBS- Gostávamos que fossem encaminhados mais doentes pelo INEM e que deixasse de haver menos pessoas a dirigir-se para os hospitais pelo seu próprio pé. Quem nos deram que 80 a 90% dos doentes com enfarte agudo do miocárdio entrassem pela Via Verde Coronária. Era sinal que os doentes eram tratados mais precocemente e iam ter uma recuperação e sobrevida muito melhor.

HN- Tendo os serviços de emergência médica um papel essencial na sobrevida dos doentes, como olha para os alertas que são feitos sobre a falta de formação dos técnicos responsáveis pelo atendimento destas chamadas de socorro?
JBS- Uma coisa é falar com o doente ao telefone, outra é olhar para a cara do doente. Há pessoas que ligam para estes serviços de emergência médica a acharem que estão a ter um enfarte, mas na verdade não é isso que está a acontecer. Quando os sintomas coincidem com o enfarte o profissional encaminha o doente para o hospital. Mesmo que não se trate de um enfarte, para nós é um sinal positivo de que não perdemos um doente por um enfarte. Portanto, não acredito que haja técnicos mal formados… Há é falta de educação sobre quando é que os doentes devem recorrer às urgências. Qual é a percentagem de falsas urgências que temos nos hospitais? São mais de metade…

HN- Cerca de quatro mil angioplastias primárias para o tratamento de enfarte agudo do miocárdio foram realizadas em 2021. Este aumento de 4,8% face a 2020 é sinal de que há mais doentes em estado grave ou que o receio dos doentes em se dirigirem as urgências desapareceu?
JBS- Estes números revelam que o sistema está a funcionar. Ao contrário daquilo que é dito, o facto de haver mais chamadas ao INEM é sinal de que as pessoas estão mais sensibilizadas para os sinais do enfarte e que estão a entrar meio meio que é o mais correto. Não considero que estes números signifiquem que há mais doentes em estado grave, acredito, sim, que as nossas campanhas estão a dar frutos. O doente que acha que está a ter um enfarte já não se dirige para um hospital privado nem para um hospital que não tem capacidade para o poder tratar, o doente já sabe que tem de ligar para o 112.
Penso que as pessoas começaram a ter, aos poucos, maior confiança no sistema e a perceber que os hospitais estavam bem organizados para receber doentes covid e não covid. Os doentes que não vieram aos hospitais não foi por problemas no sistema. Durante a pandemia, o INEM sempre esteve disponível para tratar os doentes e os centros de angioplastia primária reinventaram-se e adaptaram-se para responder aos doentes.

HN- Grande parte dos doentes tratados são homens com idade acima dos 60 anos. Como se pode prevenir um enfarte agudo do miocárdio?
JBS- Nos doentes que ainda não tiveram enfarte é preciso que seja feito um controlo dos fatores de risco cardiovasculares. Há fatores de risco modificáveis, que são aqueles pelos quais somos responsáveis, nomeadamente o consumo de tabaco, controlo da hipertensão, da diabetes, do sedentarismo e stress. Por outro lado, existem os fatores de risco não modificáveis, que dizem respeito à genética. Há doentes que têm um património genético mais favorável a ter enfarte agudo do miocárdio. A idade e o sexto também são fatores não modificáveis que têm influência na ocorrência de um enfarte, já que é mais frequente no sexo masculino e nas pessoas mais idosas.
Se atuarmos corretamente nos fatores que são modificáveis, conseguimos prevenir o enfarte agudo do miocárdio em mais 80% dos casos.

HN- Todos os anos mais de 12 mil portugueses sofrem um enfarte agudo do miocárdio. O que defende que seja feito para reduzir estes números?
JBS- É preciso que as pessoas têm que adotar hábitos de vida saudáveis – têm que ter cuidado com a alimentação, fazer exercício físico e manter as doenças metabólicas controladas. Enquanto não mudarmos este paradigma, vamos continuar a ver as doenças cardiovasculares como a principal causa de morte nos países desenvolvidos.

Entrevista de Vaishaly Camões

Luís Bronze toma posse como presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão

Luís Bronze toma posse como presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão

Para Luís Bronze, cardiologista, diretor de Saúde da Marinha Portuguesa, e investigador integrado do Centro de Investigação e Desenvolvimento do Instituto Universitário Militar (CIDIUM) “é um grande orgulho ter sido escolhido para a esta honrosa posição Esta eleição enriquece também a minha carreira clínica e científica. E, certamente, espero que contribua para o esforço que constitui o combate às doenças cardiovasculares, fonte de tanto sofrimento. Afinal, é mister da alma de cada médico o alívio da dor dos seus semelhantes… Também foi e será sempre aquele o meu objetivo, enquanto médico”.

O novo presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão reforça que o atual contexto pandémico veio salientar a importância e das sociedades. “As sociedades científicas são muito importantes para assegurar a informação científica mais atual e as boas práticas em relação à sua área científica de interesse. Esse papel é ainda mais relevante neste tempo pandémico em que as informações se sucedem, muitas vezes contraditórias e eivadas de ‘achismo'”.

Neste sentido Luís Bronze quer, durante o seu mandato, dar destaque “aos principais desafios que são contribuir de todas as formas para o diagnóstico, combate e informação pública relativas a esta doença crónica e, ao cumprir este nobre desiderato, assegurar o engrandecimento e a continuidade do bom trabalho iniciado pelos meus antecessores, durante o biénio 2021-2023”.

O médico naval da Marinha Portuguesa é cardiologista com o grau de consultor da carreira médica hospitalar. É doutorado em Medicina/Cardiologia pela Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa, sendo professor auxiliar e coordenador do Bloco Cardiocirculatório do Mestrado Integrado de Medicina da Universidade da Beira Interior.

Entre outros cargos, é coordenador da linha de investigação da saúde, no Centro de Investigação Naval (CINAV), Escola Naval, Marinha Portuguesa. É diretor de Saúde da Marinha Portuguesa desde 26 de julho de 2018 e investigador integrado do Centro de Investigação e Desenvolvimento do Instituto Universitário Militar (CIDIUM).

No passado, foi cardiologista do Hospital da Marinha, subdiretor do Centro de Medicina Naval e responsável pela Secção de Cardiologia da referida instituição. Foi igualmente chefe de serviço de Cardiologia do Hospital das Forças Armadas (HFAR)/Polo de Lisboa, diretor do referido polo e, por inerência, subdiretor daquele grupo hospitalar militar, que inclui um polo em Lisboa e outro no Porto.

PR/HN/Vaishaly Camões

Médico português integra direção da Associação Europeia de Cardiologia de Intervenção Percutânea

Médico português integra direção da Associação Europeia de Cardiologia de Intervenção Percutânea

Pela mão de Rui Campante Teles, médico que presidirá ao Comité de Treino e Certificação, o cardiologista de intervenção é um dos primeiros portugueses a assumir a coordenação de uma das áreas da EAPCI. É neste sentido que Eduardo Infante de Oliveira garante que a sua principal missão neste mandato é promover “ações de formação com conteúdos e formatos dirigidos aos jovens em formação e dar voz aos jovens cardiologistas de intervenção, levando as suas sugestões e ideias frescas a influenciar o futuro da associação”.

Sem esquecer a área da formação e o contexto atual de pandemia, Eduardo Infante de Oliveira afirma que quer manter o curso para internos e jovens especialistas em formação que antecede o Congresso anual da ESC. Para o cardiologista é essencial reforçar a área com “formatos não presenciais que permitam fazer chegar esta formação durante esta crise pandémica, tendo até potencial para se tornar uma oportunidade, aumentando as audiências e criando formatos mais atrativos”.

O especialista acrescenta que a sua chegada representa uma “mudança política” dentro do Comité. Eduardo Infante de Oliveira defende, por isso, um novo modelo que permita “aproveitar a experiência de quem já está noutra fase da carreira para proporcionar oportunidades mais consistentes a quem enfrenta o difícil desafio de construir uma carreira”.

O cardiologista destaca a importância de “estimular o contacto entre jovens cardiologistas de intervenção de forma a partilharem casos clínicos, conteúdos pedagógicos e darem os primeiros passos em iniciativas de investigação multicêntricas”, sublinhando que pretende ainda “promover este networking através das redes sociais, evitando o formalismo dos antigos métodos e estimulando a criatividade da nova geração”.

PR/HN/ Vaishaly Camões