18/04/2023
A nova Direção assume o projeto de continuidade da APIC, reforçando a importância das parcerias e colaboração com entidades congéneres, como condição fundamental para fomentar o estudo, investigação e promoção de atividades de âmbito científico, médico, e educacional na área da Cardiologia de Intervenção.
“A estratégia para os próximos dois anos assentará em três pilares fundamentais: Formação, Investigação e Relações nacionais, internacionais e com a tutela. Iremos promover a formação e capacitação dos profissionais de saúde com cursos e formações específicas, que promovam a partilha de conhecimentos e experiências interpares, bem como contribuir para uma maior literacia em saúde cardiovascular através de atividades educativas no seio da População”, garantiu Rita Calé Theotónio, citada na nota de imprensa.
A nova responsável defendeu ainda que a sua direção terá como objetivo “incutir dinamismo ao Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção e à Investigação na nossa área de intervenção. Faremos ainda um trabalho de sensibilização da tutela para a importância de disponibilizar os recursos adequados e necessários, de forma a manter a universalidade e equidade no acesso atempado a técnicas de intervenção percutâneas”.
Rita Calé Theotónio é licenciada pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade NOVA de Lisboa e cardiologista com a subespecialidade de intervenção desde 2015. Fez parte da última Direção da APIC como Secretária-geral (2021-2023). Atualmente, é Coordenadora-adjunta da Unidade de Cardiologia de Intervenção do Hospital Garcia de Orta.
A restante Direção é constituída por Pedro Jerónimo de Sousa (Secretário-Geral) e Carlos Galvão Braga (Tesoureiro). A Assembleia-Geral é composta por Rui André Rodrigues (Presidente), Joana Delgado Silva (Vogal) e David Neves (Vogal).
PR/HN/VC
18/02/2022
HealthNews (HN)- O enfarte agudo do miocárdio é uma das principais causas de morte e incapacidade em Portugal. De que forma o conhecimento da sintomatologia e a rápida atuação influenciam a progressão do quadro clínico do doente?
João Brum Silveira (JBS)- Quando uma das artérias coronárias sofre de uma obstrução por um coágulo, a contração do coração deixa de existir e o miocárdio começa a entrar em sofrimento.
Quando há uma obstrução numa das artérias, o doente sente muita dor no peito. No entanto, muitos doentes apresentam aquilo que chamamos ‘sintomas acompanhados’ -enjoos, vómitos, sudorese profusa, fadiga e ansiedade. É importante que o doente saiba identificar estes sintomas e contacte para o 112. Quando é feito esse contacto, a pessoa entra na Via Verde Coronária. O INEM encaminha o doente para o hospital e é feito de imediato o diagnóstico e iniciado o tratamento. Portanto, o enfarte agudo do miocárdio esta dependente do tempo que a artéria coronária está obstruída. Quanto mais tempo passar, maior vai ser a quantidade de musculo do coração (que é o miocardio) que vai ser perdido e mais débil fica o coração.
HN- Segundo o INEM mais de 73% dos casos de enfarte encaminhados para os hospitais em 2021 decorreram em menos de duas horas entre o início dos sintomas e o contacto com o INEM. A evolução do quadro clínico do doente está unicamente dependente da intervenção dos profissionais? Qual o papel do doente?
JBS- Tal como referi há pouco, quanto menor for a quantidade de músculo perdido, maior a probabilidade de sobrevida e de o doente voltar a ter uma vida normal. Portanto, o doente tem de identificar os sintomas o mais rapidamente possível. As recomendações sugerem que, a partir do momento que o doente reconhece os sintomas, deve ser feita a angioplastia primária nos primeiros 120 minutos. O problema é que cerca de 40% dos doentes não reconhece os sintomas do enfarte agudo do miocárdio. Isso atrasa o diagnóstico e o tratamento. Por outro lado, à volta de 30 a 40% das pessoas dirige-se para o hospital pelos seus próprio meios e corre o risco de ir para um que não tenha laboratórios de hemodinâmica… Se o doente entrar na Via Verde Coronária é garantida uma rápida intervenção.
HN- O INEM anunciou recentemente que encaminhou quase 900 casos de enfarte para os hospitais em 2021. Como olha para estes números?
JBS- Gostávamos que fossem encaminhados mais doentes pelo INEM e que deixasse de haver menos pessoas a dirigir-se para os hospitais pelo seu próprio pé. Quem nos deram que 80 a 90% dos doentes com enfarte agudo do miocárdio entrassem pela Via Verde Coronária. Era sinal que os doentes eram tratados mais precocemente e iam ter uma recuperação e sobrevida muito melhor.
HN- Tendo os serviços de emergência médica um papel essencial na sobrevida dos doentes, como olha para os alertas que são feitos sobre a falta de formação dos técnicos responsáveis pelo atendimento destas chamadas de socorro?
JBS- Uma coisa é falar com o doente ao telefone, outra é olhar para a cara do doente. Há pessoas que ligam para estes serviços de emergência médica a acharem que estão a ter um enfarte, mas na verdade não é isso que está a acontecer. Quando os sintomas coincidem com o enfarte o profissional encaminha o doente para o hospital. Mesmo que não se trate de um enfarte, para nós é um sinal positivo de que não perdemos um doente por um enfarte. Portanto, não acredito que haja técnicos mal formados… Há é falta de educação sobre quando é que os doentes devem recorrer às urgências. Qual é a percentagem de falsas urgências que temos nos hospitais? São mais de metade…
HN- Cerca de quatro mil angioplastias primárias para o tratamento de enfarte agudo do miocárdio foram realizadas em 2021. Este aumento de 4,8% face a 2020 é sinal de que há mais doentes em estado grave ou que o receio dos doentes em se dirigirem as urgências desapareceu?
JBS- Estes números revelam que o sistema está a funcionar. Ao contrário daquilo que é dito, o facto de haver mais chamadas ao INEM é sinal de que as pessoas estão mais sensibilizadas para os sinais do enfarte e que estão a entrar meio meio que é o mais correto. Não considero que estes números signifiquem que há mais doentes em estado grave, acredito, sim, que as nossas campanhas estão a dar frutos. O doente que acha que está a ter um enfarte já não se dirige para um hospital privado nem para um hospital que não tem capacidade para o poder tratar, o doente já sabe que tem de ligar para o 112.
Penso que as pessoas começaram a ter, aos poucos, maior confiança no sistema e a perceber que os hospitais estavam bem organizados para receber doentes covid e não covid. Os doentes que não vieram aos hospitais não foi por problemas no sistema. Durante a pandemia, o INEM sempre esteve disponível para tratar os doentes e os centros de angioplastia primária reinventaram-se e adaptaram-se para responder aos doentes.
HN- Grande parte dos doentes tratados são homens com idade acima dos 60 anos. Como se pode prevenir um enfarte agudo do miocárdio?
JBS- Nos doentes que ainda não tiveram enfarte é preciso que seja feito um controlo dos fatores de risco cardiovasculares. Há fatores de risco modificáveis, que são aqueles pelos quais somos responsáveis, nomeadamente o consumo de tabaco, controlo da hipertensão, da diabetes, do sedentarismo e stress. Por outro lado, existem os fatores de risco não modificáveis, que dizem respeito à genética. Há doentes que têm um património genético mais favorável a ter enfarte agudo do miocárdio. A idade e o sexto também são fatores não modificáveis que têm influência na ocorrência de um enfarte, já que é mais frequente no sexo masculino e nas pessoas mais idosas.
Se atuarmos corretamente nos fatores que são modificáveis, conseguimos prevenir o enfarte agudo do miocárdio em mais 80% dos casos.
HN- Todos os anos mais de 12 mil portugueses sofrem um enfarte agudo do miocárdio. O que defende que seja feito para reduzir estes números?
JBS- É preciso que as pessoas têm que adotar hábitos de vida saudáveis – têm que ter cuidado com a alimentação, fazer exercício físico e manter as doenças metabólicas controladas. Enquanto não mudarmos este paradigma, vamos continuar a ver as doenças cardiovasculares como a principal causa de morte nos países desenvolvidos.
Entrevista de Vaishaly Camões
17/04/2021
Para Luís Bronze, cardiologista, diretor de Saúde da Marinha Portuguesa, e investigador integrado do Centro de Investigação e Desenvolvimento do Instituto Universitário Militar (CIDIUM) “é um grande orgulho ter sido escolhido para a esta honrosa posição Esta eleição enriquece também a minha carreira clínica e científica. E, certamente, espero que contribua para o esforço que constitui o combate às doenças cardiovasculares, fonte de tanto sofrimento. Afinal, é mister da alma de cada médico o alívio da dor dos seus semelhantes… Também foi e será sempre aquele o meu objetivo, enquanto médico”.
O novo presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão reforça que o atual contexto pandémico veio salientar a importância e das sociedades. “As sociedades científicas são muito importantes para assegurar a informação científica mais atual e as boas práticas em relação à sua área científica de interesse. Esse papel é ainda mais relevante neste tempo pandémico em que as informações se sucedem, muitas vezes contraditórias e eivadas de ‘achismo'”.
Neste sentido Luís Bronze quer, durante o seu mandato, dar destaque “aos principais desafios que são contribuir de todas as formas para o diagnóstico, combate e informação pública relativas a esta doença crónica e, ao cumprir este nobre desiderato, assegurar o engrandecimento e a continuidade do bom trabalho iniciado pelos meus antecessores, durante o biénio 2021-2023”.
O médico naval da Marinha Portuguesa é cardiologista com o grau de consultor da carreira médica hospitalar. É doutorado em Medicina/Cardiologia pela Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa, sendo professor auxiliar e coordenador do Bloco Cardiocirculatório do Mestrado Integrado de Medicina da Universidade da Beira Interior.
Entre outros cargos, é coordenador da linha de investigação da saúde, no Centro de Investigação Naval (CINAV), Escola Naval, Marinha Portuguesa. É diretor de Saúde da Marinha Portuguesa desde 26 de julho de 2018 e investigador integrado do Centro de Investigação e Desenvolvimento do Instituto Universitário Militar (CIDIUM).
No passado, foi cardiologista do Hospital da Marinha, subdiretor do Centro de Medicina Naval e responsável pela Secção de Cardiologia da referida instituição. Foi igualmente chefe de serviço de Cardiologia do Hospital das Forças Armadas (HFAR)/Polo de Lisboa, diretor do referido polo e, por inerência, subdiretor daquele grupo hospitalar militar, que inclui um polo em Lisboa e outro no Porto.
PR/HN/Vaishaly Camões
23/06/2020
Pela mão de Rui Campante Teles, médico que presidirá ao Comité de Treino e Certificação, o cardiologista de intervenção é um dos primeiros portugueses a assumir a coordenação de uma das áreas da EAPCI. É neste sentido que Eduardo Infante de Oliveira garante que a sua principal missão neste mandato é promover “ações de formação com conteúdos e formatos dirigidos aos jovens em formação e dar voz aos jovens cardiologistas de intervenção, levando as suas sugestões e ideias frescas a influenciar o futuro da associação”.
Sem esquecer a área da formação e o contexto atual de pandemia, Eduardo Infante de Oliveira afirma que quer manter o curso para internos e jovens especialistas em formação que antecede o Congresso anual da ESC. Para o cardiologista é essencial reforçar a área com “formatos não presenciais que permitam fazer chegar esta formação durante esta crise pandémica, tendo até potencial para se tornar uma oportunidade, aumentando as audiências e criando formatos mais atrativos”.
O especialista acrescenta que a sua chegada representa uma “mudança política” dentro do Comité. Eduardo Infante de Oliveira defende, por isso, um novo modelo que permita “aproveitar a experiência de quem já está noutra fase da carreira para proporcionar oportunidades mais consistentes a quem enfrenta o difícil desafio de construir uma carreira”.
O cardiologista destaca a importância de “estimular o contacto entre jovens cardiologistas de intervenção de forma a partilharem casos clínicos, conteúdos pedagógicos e darem os primeiros passos em iniciativas de investigação multicêntricas”, sublinhando que pretende ainda “promover este networking através das redes sociais, evitando o formalismo dos antigos métodos e estimulando a criatividade da nova geração”.
PR/HN/ Vaishaly Camões