26/05/2023
Os partidos entendem que estas “megaestruturas” não trouxeram, até agora, vantagens numa melhor coordenação e articulação dos cuidados de saúde.
Numa nota enviada à Lusa, o PSD/Porto referiu que o Governo PS se prepara para alterar a gestão e o modelo de funcionamento do sistema de saúde do concelho com a “eventual” criação das ULS São João e Santo António, ambos centros hospitalares.
“Quais os objetivos que o Ministério da Saúde pretende alcançar com a eventual criação das ULS São João e ULS Santo António e qual o seu impacto nos cidadãos do Porto”, questionaram os sociais-democratas.
O PSD/Porto interrogou-se ainda sobre as evidências de que dispõe o Ministério da Saúde, nomeadamente quanto aos resultados das ULS já existentes, de que a eventual criação de novas ULS irá aumentar o acesso e a qualidade dos cuidados de saúde prestados aos utentes do Porto.
Considerando esta decisão da “maior importância” para os cidadãos, os sociais-democratas consideram que tal não deve ser tomada no “segredo e na opacidade de um qualquer gabinete”, devendo ser debatidas e demonstradas as mais-valias de tal mudança.
Também o PCP/Porto, igualmente em comunicado enviado às redações, salientou que a realidade veio a demonstrar que essas estruturas não trouxeram vantagem numa melhor coordenação e articulação dos cuidados de saúde.
“O que aconteceu foi uma ainda maior centralização da gestão nas unidades hospitalares de cada ULS com uma sistemática desvalorização dos cuidados de saúde primários, sempre relegados para segundo plano”, sublinhou.
Por esse motivo, os comunistas alertaram que tomar uma decisão destas sem que se tenha feito nenhum balanço sério das ULS anteriormente criadas tem como objetivo concentrar cada vez mais os serviços, continuando a “desvalorizar os cuidados de saúde primários e disfarçar a falta de medidas de valorização dos profissionais de saúde”.
O PCP/Porto defendeu a criação de um modelo que assente na criação de sistemas locais de saúde, ou seja, organismos com existência jurídica, integrando hospitais e centros de saúde do Sistema Nacional de Saúde (SNS) de uma determinada região, mas com uma direção acima de cada uma das unidades e com poderes para tomar as decisões e distribuir os meios e recursos de forma adequada.
A 24 de abril, a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) anunciou que as regiões Norte e Lisboa e Vale do Tejo vão ter mais sete novas ULS, passando a totalizar 27 no país que assegurarão respostas em saúde a mais de metade da população.
No Norte, irão ser constituídas as ULS de São João, Vila Nova de Gaia/Espinho, Barcelos, Dão Lafões (Tondela e Viseu) e do Baixo Mondego (Figueira da Foz).
Na região de Lisboa e Vale do Tejo irão ser criadas as unidade locais de Saúde do Estuário do Tejo (Vila Franca de Xira) e do Médio Tejo.
LUSA/HN
26/05/2023
Os participantes podem submeter resumos até 31 de maio e, no encontro, Watson comentará o trabalho vencedor. Para participantes externos, as inscrições estão abertas; para os membros da ESEL, falta pouco para poderem garantir um dos 300 lugares.
HealthNews (HN)- Em que consiste o projeto “Emoções em Saúde & Práxis de Enfermagem”?
Paula Diogo (PD)- Este projeto, “Emoções em Saúde & Práxis de Enfermagem”, está integrado no grupo de Investigação Fundamental em Enfermagem do CIDNUR, a estrutura de investigação da ESEL. Além disso, a ESEL tem um protocolo de colaboração celebrado com a Rede Portuguesa da Ciência de Enfermagem para o Cuidado Humano, que está vinculada com o Watson Caring Science Institute, da Dra. Jean Watson, nos Estados Unidos. Portanto, o evento tem múltiplos parceiros: a ESEL, a Rede Portuguesa da Ciência de Enfermagem para o Cuidado Humano e o CIDNUR, onde sou a investigadora responsável do projeto “Emoções em Saúde & Práxis de Enfermagem”.
Este projeto é a continuidade de uma linha de investigação que coordenei de 2010 a 2021, que terminou porque a antiga unidade de investigação também foi extinta. Neste novo centro de investigação, que é o CIDNUR, o projeto “Emoções em Saúde & Práxis de Enfermagem” tem o mesmo objetivo: investigar os fenómenos de Enfermagem e a experiência humana das emoções, num quadro conceptual de Enfermagem. Temos vários projetos. Temos projetos de doutoramento, neste momento quatro, e temos outros projetos em parceria com algumas universidades do Brasil. Estudamos as emoções em Enfermagem.
HN- Porquê Jean Watson e a sua Teoria do Cuidado Humano?
PD- Acredito que seja um privilégio, para estudantes de Enfermagem, professores e investigadores da área científica de Enfermagem, termos em presença, aqui em Lisboa, a Dra. Jean Watson, que foi, de facto, uma proeminente professora da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos da América. Neste momento está aposentada. Foi investigadora, desde 1970, e destacou-se com o desenvolvimento da sua teoria de Enfermagem do cuidado humano. Atualmente, é diretora da Watson Caring Science Institute. Criou este instituto já depois de aposentada, no qual tem uma atividade permanente a nível da formação, produção e divulgação científica. Dá um contributo não só para a prática clínica de Enfermagem, mas também para os cuidados de saúde no geral.
Esta Teoria do Cuidado Humano de Jean Watson sustenta e explica uma diversidade de fenómenos de Enfermagem. Sendo um conhecimento próprio da Enfermagem, fundamenta e orienta as intervenções de Enfermagem, tendo em conta as respostas humanas ao processo de saúde-doença e numa lógica de cuidado transpessoal, que é um conceito muito próprio desta teoria. A empatia, a proximidade, a disponibilidade, a sensibilidade para a experiência emocional e o respeito pela condição humana são características da sua teoria, e nomeadamente a compreensão da experiência humana da pessoa que é cuidada e da pessoa que cuida – neste caso, do enfermeiro. Ela dá realce às duas pessoas, ou às pessoas que são sujeitos da interação de cuidados. Há aqui um olhar muito atento e uma compreensão muito profunda quanto à experiência humana. Não é um olhar que se restrinja ao exterior ou meramente objetivo, ou percetível ao olhar mais superficial; é um olhar com profundidade e com muita consideração relativamente à experiência humana. É uma teoria que integra um modelo com 10 processos de cuidados que é muito orientador para a prática clínica.
A Enfermagem continua a basear a sua prática em teorias e filosofias próprias, o que é muito importante tendo em conta que é uma disciplina prática – portanto, com um enquadramento teórico-científico próprio que é norteador do exercício profissional. Além disso, a Prof.ª Dra. Jean Watson é das poucas autoras de Enfermagem que iniciaram a publicação dos seus estudos nos anos de 1970. Ela continua a desenvolver a sua Teoria do Cuidado Humano, sendo que já tem mais de 80 anos, evoluindo na sua teoria ao longo de mais de cinco décadas – releva, de facto, uma persistência e resiliência que merecem ser enaltecidas. É excecional e meritório. É também uma investigadora que tem uma teoria que é um recurso pedagógico dos três ciclos de estudo de Enfermagem há várias décadas. Desde os anos 90 que as escolas de Enfermagem incluem a Teoria do Cuidado Humano de Jean Watson nos seus cursos. Acho que é muito interessante ter uma teórica com estas características e com esta história, porque já faz parte da história da Enfermagem.
HN- Apresente-nos estes outros dois momentos que preparou, a conferência online e a apresentação do livro.
PD- Vou começar um bocadinho antes. Queria dizer que, neste evento, proporcionamos um diálogo direto com a teórica de Enfermagem Jean Watson. Visamos refletir sobre a sua influência na prática clínica, na formação e na investigação em Enfermagem. Então, o nosso programa apresenta quatro momentos de intervenção direta da Professora Jean Watson, onde se inclui a discussão sobre a aplicabilidade da Teoria do Cuidado Humano e o “À conversa com”. Este último permite um debate mais próximo com os participantes – é mesmo um momento em que os participantes podem colocar diversas dúvidas, diversas questões, partilhar experiências e obter uma reflexão por parte da Professora Jean Watson.
Depois, convidámos a Professora Maria Ribeiro Lacerda, da Universidade do Paraná, no Brasil, que vai estar online, e que é uma pessoa muito conceituada e profundamente conhecedora do trabalho da Professora Jean Watson, para nos falar sobre o uso da Teoria do Cuidado Humano na formação e na investigação. Haverá ainda um espaço para apresentar o livro “Modelo de Trabalho Emocional em Enfermagem Pediátrica” e a sua sustentação na Teoria do Cuidado Humano de Jean Watson, que é da minha autoria – é um novo livro que vou agora lançar. Como está muito alicerçado na Teoria do Cuidado Humano de Jean Watson, aproveito para o apresentar.
HN- No evento, Jean Watson comentará também o poster vencedor.
PD- Exatamente. Nós temos um período para apresentação de pósteres, em diferentes salas da escola, em grupos. Os pósteres vão ser organizados em temáticas, vamos ter três a quatro apresentações por sala e os participantes distribuem-se consoante o seu interesse. Depois, o autor do poster vencedor terá oportunidade de voltar a apresentar, no auditório, para todos os participantes, e a Professora Jean Watson vai assistir e fazer um comentário. Há um prémio para o autor do poster vencedor, mas eu acho que o prémio maior será a oportunidade de ouvir um comentário pela própria Jean Watson. Considerámos que era uma coisa diferente e bastante estimulante.
Os participantes podem submeter resumos até dia 31 de maio de 2023.
HN- Quem está convidado para este evento? Como é que os interessados se podem inscrever?
PD- Qualquer pessoa da área da saúde poderá beneficiar deste encontro e de conhecer uma pessoa que desenvolve uma teoria do cuidado humano, que é uma enfermeira. Tem uma grande aplicabilidade na Enfermagem, mas pode perfeitamente ser mobilizado por outros profissionais da área da saúde, porque há aspetos que são que são transversais, em termos dos processos de cuidados, dos seus valores, das suas orientações mais gerais. É possível aplicar, e é aplicado em alguns hospitais dos Estados Unidos – mais especificamente o seu modelo, que é mais operacional –, em instituições completas, em todos os serviços e por toda a equipa de cuidados de saúde. Nessa perspetiva, qualquer profissional de saúde e estudante de saúde tem interesse em assistir a este encontro.
Mais especificamente, temos os estudantes de Enfermagem, enfermeiros, professores de Enfermagem e investigadores na área científica de Enfermagem. As inscrições estão abertas. Até dia 31 de maio, são inscrições para participantes externos à ESEL e há um pagamento de 45 euros. A partir de 1 de junho, até dia 25, continuam abertas as inscrições para os participantes externos, mas inclui-se a inscrição gratuita dos professores, estudantes e investigadores da ESEL.
Inscrição
HN/RA
23/05/2023
A coima foi aplicada pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS) devido às infrações, “em autoria material e na forma consumada”, relacionadas com a “recusa de prestação de cuidados de saúde a utentes beneficiários do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente com fundamento em procedimentos internos de cobrança do valor de 75,00 euros pelo custo de EPI”.
De acordo com a entidade reguladora, esta infração constitui uma violação das regras relativas ao acesso aos cuidados de saúde prevista e punida nos Estatutos da ERS.
Segundo a contraordenação, esta segunda-feira publicada no site da ERS, este processo foi aberto em maio de 2021, a decisão de aplicar a coima foi decidida em 20 de abril de 2023 e o processo foi arquivado devido ao pagamento do respetivo montante.
LUSA/HN
17/05/2023
No Dia Internacional contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia, assinalado hoje, foi publicado em Diário da República um despacho que cria o Grupo de Acompanhamento da Implementação da Estratégia de Saúde para as Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo (LGBTI), por iniciativa da Secretária de Estado da Promoção da Saúde, Margarida Tavares.
O Grupo de Acompanhamento terá por missão avaliar a implementação da estratégia, publicada em 2019 pela Direção-Geral da Saúde, identificar as lacunas que persistam a nível da prevenção, promoção da saúde, acesso e prestação de cuidados a esta população, bem como identificar oportunidades de melhoria da resposta dos serviços e propor medidas para resolver as dificuldades identificadas.
A estratégia aborda a “promoção da saúde das pessoas trans e intersexo” e propõe um modelo funcional de articulação entre os cuidados de saúde primários, hospitalares e centros de Intervenção especializada, que terá ainda de ser enquadrado por normas, orientações e referenciais.
Em declarações à agência Lusa, a coordenadora do grupo, Zélia Figueiredo destacou o simbolismo do despacho ser publicado na data que hoje se assinala, sublinhando que é “uma forma de garantir às pessoas da comunidade trans que se está a pensar nelas e que se vai fazer alguma coisa em termos reais de promoção da sua saúde”.
O grupo é constituído por 17 membros de representantes de entidades estatais, de centros hospitalares, e de associações de pessoas LGBTI ou que desenvolvam a sua atividade nesta área, o que para Zélia Figueiredo “faz toda a diferença”, porque vão ter “uma voz que raramente têm”.
“Será um grupo diverso para verificar se as coisas estão a correr no melhor sentido”, disse a coordenadora dos trabalhos, avançando que as normas para o enquadramento da estratégia já estão a ser elaboradas e permitirão a quem trabalha nos cuidados de saúde ter “uma visão uniforme e possam ter um documento para seguir para as coisas não ficarem como têm estado até agora, dependendo muito da vontade de cada instituição de saúde”.
A psiquiatra que dedicou a vida à comunidade trans e intersexo salientou as “imensas barreiras” que esta população ainda enfrenta “desde a chegada ao seu centro de saúde até à urgência” e a maneira como são muitas vezes discriminadas nas instituições.
No seu entender, “há coisas que têm de ser corrigidas para que estas pessoas sejam tratadas da mesma forma que as outras”, lembrando um estudo português que mostra que metade das pessoas trans se sentiu discriminadas nos serviços de saúde.
Deu o exemplo de uma recomendação do parlamento ao Governo para que esta população não seja discriminada nos rastreios oncológicos aos cancros de mama, colorretal e de colo do útero: “Uma vez que não têm órgãos genitais de acordo com a indicação que têm no registo civil, não fazem parte desse grupo de pessoas que têm que ser rastreadas e estudadas. Portanto, há ainda muitas dificuldades”.
Para psiquiatra e especialista em sexologia “o ideal” era conseguir articular todos os envolvidos nesta área para ultrapassar as barreiras que existem e que “às vezes são só burocráticas”, sendo para isso necessário que “todos os profissionais de saúde, de todas as áreas da saúde, tenham formação nesta área”.
“Sem isso, é muito difícil porque saem normas que têm que ser cumpridas, mas se as pessoas não sabem do que estão a falar, podem discriminar sem saber, por falta de conhecimento destas condições”, sustentou.
Também defendeu ser preciso garantir “cuidados de saúde mais adequados” e, para isso, “tem que saber ao certo quais são e aqueles com que as pessoas se sentem bem”.
“É isso que tem que ser posto em prática e é um trabalho que eu acho que tem que ser feito”, rematou Zélia Figueiredo.
LUSA/HN
07/05/2023
O certame terá como local principal o Teatro Vista Alegre, onde diversas entidades ligadas à área da Saúde apresentam produtos, serviços e meios de diagnóstico gratuítos.
Durante a Feira da Saúde serão oferecidos aos visitantes rastreios de insuficiência venosa, glicemia, alergias, pele, tensão arterial, acuidade visual, saúde oral, cardiovascular e auditivo, entre outros.
LUSA/HN