26/01/2023
O Congresso Português de Endocrinologia, que representa a 74.ª reunião da SPEDM, concentrará, na edição deste ano, a apresentação de várias recomendações, nomeadamente as guidelines luso-brasileiras e das Associações Europeias e Americanas de Diabetes para o tratamento da diabetes mellitus tipo 2, a divulgação das Guidelines Europeias da Doença Nodular da Tiroide, a apresentação das diretrizes portuguesas sobre vitamina D e a posição de consenso sobre a cirurgia bariátrica e gravidez.
As mais de 200 comunicações sobre o largo espetro de doenças endócrinas serão apresentadas por especialistas de referência nacionais e internacionais, dando a conhecer não só as novidades científicas como todo o trabalho que está a ser realizado nos centros de endocrinologia nacionais, e debatendo as inúmeras áreas temáticas abrangidas pela endocrinologia: diabetes, obesidade, tiroide, supra-renal, hipófise, gonadas, gravidez, metabolismo fosfo-cálcico, tumores e neoplasias endócrinas.
Os temas e conferencistas de um evento que a organização, presidida pelo endocrinologista Jorge Dores, pretende ser diverso, abrangente, de qualidade e que contribua para a formação de profissionais de saúde (médicos endocrinologistas, de medicina geral e familiar, medicina interna, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos ou investigadores), podem ser conhecidos no programa, já disponível no site do congresso (www.spedm2023.pt).
“O congresso é o momento alto da partilha da endocrinologia em Portugal e, mais uma vez, a SPEDM prova ser o farol para o tratamento e a investigação das doenças endócrino-metabólicas no país”, considera o presidente da SPEDM, João Jácome de Castro, sublinhando a colaboração com outras sociedades científicas nacionais e a presença de sociedades científicas internacionais.
Pela primeira vez, estarão igualmente presentes as associações de doentes relacionadas com diabetes, obesidade e tiroide. “Um envolvimento muito importante e que permite criar laços, agregar, promover a partilha e a colaboração”, “que são objetivos que formam o ADN do Congresso Português de Endocrinologia e da própria SPEDM, que existe desde 1949”, refere João Jácome de Castro.
O congresso incluirá também palestras com outros temas. O professor universitário e ex-ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes falará sobre os “desafios do sistema de saúde” e o psiquiatra Júlio Machado Vaz sobre “sexualidades e culturas – uma viagem através do tempo”.
Na abertura do congresso, a 3 de fevereiro, estarão presentes Graça Freitas e Miguel Guimarães.
PR/HN/RA
26/10/2022
Em resposta à polémica sobre o uso do semaglutido para a perda de peso, Mafalda Marcelino, explica ao HealthNews que o “este fármaco, em termos de princípio ativo, também está indicado para o tratamento da perda de peso. A questão aqui é que na dose que está disponível em Portugal está apenas definida para o tratamento da diabetes. Para a obesidade, a dose é superior.”
“Quando falam em off label, é um off label no sentido em que a dose está unicamente definida para o tratamento da diabetes. É uma diferença muito importante”, esclarece a endocrinologista.
A especialista considera, por isso, que, enquanto houver restrições no acesso ao medicamento semaglutido pela quantidade disponível, devem ser privilegiados os doentes com o diagnóstico de diabetes.
“Cada vez que prescrevemos o medicamento a um doente que não é diabético estamos, de facto, a contornar o sistema. Ainda que clinicamente não esteja ‘errado’, porque sabemos que o medicamento é eficaz na perda de peso, estamos a contornar as regras. Isso é muito grave porque estamos a impedir o acesso às pessoas com diabetes”, frisa Mafalda Macelino.
A Sociedade Portuguesa de Endocrinologia pediu recentemente regras para selecionar os doentes elegíveis para o medicamento aprovado para a diabetes e também usado na perda de peso, para definir os médicos que podem prescrever e os níveis de comparticipação.
“É preciso definir os médicos que podem prescrever o medicamento e os níveis de comparticipação. Tem que haver, por outro lado, fiscalização. São as autoridades competentes que devem fazer esse controlo. Quando chega uma receita à farmácia, tem que existir um mecanismo de controlo que assegure que a receita foi passada para um doente que é diabético”, diz a Secretária Geral da SPEDM.
“O que está a acontecer é que as prescrições estão a ser assumidas como doente diabético”.
Na orientação divulgada esta terça-feira, a Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica do Infarmed considera que a prescrição deste medicamento deve ter em conta, “não apenas os ganhos em saúde para o cidadão individual, mas a saúde global da população, observando-se os princípios éticos de justiça na distribuição dos recursos aos que mais deles necessitam”.
HN/Vaishaly Camões
25/05/2021
De acordo com os especialistas, fadiga, sonolência, sensibilidade ao frio, ganho de peso, depressão são alguns dos sintomas de uma das mais frequentes disfunções da tiroide, o hipotiroidismo. Por serem sintomas parecidos aos de outras doenças o diagnóstico precoce é muitas vezes um desafio.
Em comunicado a SPEDM e ADTI alertam que se estima que “350 milhões de pessoas em todo o mundo sejam afetadas por disfunções da tiroide, que ocorrem quando a glândula da tiroide não funciona adequadamente. E as estimativas apontam também para a existência de até 50% das pessoas com estas disfunções sem diagnóstico pelo facto de os sintomas serem comumente confundidos com os de outras doenças, o que impede as pessoas de viverem as suas vidas ao máximo, inclusive em marcos importantes, como constituir família.”
No entanto, João Jácome de Castro, Presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, refere que “apesar de estimarmos que, na Europa, cerca de 3% dos adultos sofram com hipotiroidismo, a mais comum das disfunções da tiroide, se estes doentes forem diagnosticados e tratados corretamente poderão ter uma vida completamente normal”.
Este ano, a Semana Internacional da Tiroide reforça a importância da atenção que deve ser dada aos níveis de iodo da população, essenciais que são para a produção de hormonas da tiroide, em especial antes, durante e depois da gravidez.
João Jácome de Castro explica que, “uma vez que o iodo é o principal combustível para a produção de hormonas tiroideias, o seu défice pode acarretar alterações funcionais de diferentes graus de gravidade, podendo inclusivamente comprometer a produção de hormonas tiroideias e levar a disfunções graves.”
A tiroide concentra 99% do iodo disponível no organismo, pelo que a depleção de iodo é a causa maior de patologia tiroideia. “Em Portugal, a Direção-Geral de Saúde já emitiu, inclusive, uma norma de orientação clínica acerca da suplementação de iodo em grávidas, na qual recomenda a ingestão de iodo, sob a forma de iodeto de potássio, a todas as mulheres em pré-conceção, grávidas ou em amamentação, exatamente para combater esta falha e evitar problemas maiores,” sublinha o Presidente da SPEDM.
PR/HN/Vaishaly Camões
15/06/2020
A linha telefónica serviu como ferramenta de apoio a doentes com diabetes e familiares durante a pandemia da Covid-19. De acordo com o Coordenador do Núcleo de Diabetes Mellitus da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, Estevão Pape, a linha de apoio surgiu após ser constatada a diminuição de utentes às unidades de saúde. “Muitas pessoas deixaram de contactar diretamente com os seus médicos de medicina geral e familiar e deixaram de se dirigir a centros de saúde e hospitais”, afirma.
Estevão Pape garante que através da linha foi possível esclarecer dúvidas relacionadas com o impacto do novo coronavírus em diabéticos. “No início, as perguntas que nos chegavam estavam relacionadas com a Covid-19 e a diabetes. As pessoas começaram a ouvir notícias que mencionavam que as pessoas com diabetes eram um dos grupos de risco para quem contrai o novo vírus, e surgiram muitos receios e dúvidas por parte dos doentes, que era necessário esclarecer.”
O mês de abril foi o mês em que surgiram mais chamadas de questões e pedidos de apoio devido ao confinamento e ao Estado de Emergência. Algumas das principais questões que chegaram à linha telefónica foram dúvidas sobre as terapêuticas, aumento de peso, controlo dos níveis de glicose no sangue e necessidade de ajuste de tratamento. No entanto, houve também quem colocasse questões burocráticas e relacionadas com o teletrabalho, direitos dos doentes com diabetes e autorizações para transporte de insulina no controlo alfandegário.
A linha telefónica foi criada pela Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM), pelo Núcleo de Diabetes Mellitus da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) e pela Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD). A inciativa que decorreu durante dois meses contou com a participação de 3 endocrinologistas, de medicina interna e de diabetologia em regime voluntário. Os especialistas estiveram disponíveis todos os dias da semana, das 8h às 22h, para responder às questões dos doentes.
O presidente da SPEM, Davide Carvalho, explica que o número de chamadas diminuiu devido à retoma da normalidade e à remarcação de consultas médicas e à normalização das idas aos centros de saúde e hospitais, levando, assim à desactivação da linha de apoio voluntária. “As sociedades vão continuar o seu trabalho de apoio aos médicos, profissionais de saúde e doentes, nos moldes que existiam até aqui. Fazemos um balanço muito positivo da linha telefónica, que teve um papel essencial durante o confinamento social”, garante.
A maior parte dos telefonemas foi de pessoas com 40 ou mais anos com diabetes mellitus tipo 2, mas houve ainda registo de doentes mais novos, com diabetes mellitus tipo 1. Verificou-se também uma “procura interessante” por parte de familiares, amigos e cuidadores de pessoas que vivem com diabetes que procuraram esclarecer algumas dúvidas. Apesar das chamadas terem sido feitas maioritariamente do território português, verificaram-se também contactos de portugueses a viver no estrangeiro, como a Suíça e o México.
PR/HN/ Vaishaly Camões
26/05/2020
Segundo profissionais da área, o hipotiroidismo é uma doença que atinge principalmente as mulheres. A endocrinologista membro da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM), Inês Sapinho assegura que existe uma grande percentagem de mulheres que desconhece “a importância do controlo da função tiroideia, nomeadamente durante a gravidez”.
O hipotiroidismo é uma doença que se desenvolve de forma lenta e progressiva, com sintomas pouco específicos e partilhados com outras doenças. De acordo com especialistas da SPEDM, a doença surge “quando a glândula da tiroide não produz hormonas em quantidade suficiente para a corrente sanguínea”, comprometendo o funcionamento normal do organismo. Maria João Oliveira, também membro da SPEDM alerta que a doença “se manifesta lentamente, com sinais e sintomas que podem ser inespecíficos”.
Os problemas associados ao hipotiroidismo incluem a dificuldade da fecundação, atrasando a gravidez. Os sintomas “inespecíficos e facilmente confundíveis”, como aumento de peso, falta de força, cansaço e obstipação podem provocar “um aumento do volume da glândula tiroideia, vulgarmente conhecido por bócio”, o hipotiroidismo pode afetar também a saúde do bebé, continua a explicar Maria João Oliveira.
Os especialistas explicam que existe um esforço acrescido da glândula tiroideia durante a gravidez, já que durante este período há alterações fisiológicas no organismo da mãe. “Até cerca das 20 semanas de gestação, a tiroide fetal não sintetiza as hormonas necessárias para o desenvolvimento do feto, pelo que este necessita das hormonas tiroideias produzidas pela mãe, que são indispensáveis ao desenvolvimento do sistema nervoso central fetal. Um défice destas pode-se traduzir, mais tarde, num atraso cognitivo ou dificuldades de aprendizagem da criança. Assim se compreende que o diagnóstico e tratamento tardios do hipotiroidismo materno podem comprometer o desenvolvimento do feto e mais tarde da criança”.
Os alertas dos profissionais indicam que nos casos em que o hipotiroidismo é diagnosticado antes da gravidez e não estiver tratado, a doença pode conduzir a uma infertilidade. O tratamento da doença é possível ser feito “desde que a função da tiroide esteja dentro dos limites pretendidos durante a gravidez e a mulher seja convenientemente vigiada, a gestação pode decorrer de uma forma perfeitamente normal”.
No ano em que se assinala, em Portugal, o 12º ano da Semana Internacional da Tiroide, o foco consiste em chamar a atenção para os perigos existentes dos distúrbios da tiroide durante o período da gestação. Este ano a iniciativa é apoiada pela Associação das Doenças da Tiroide (ADTI), Associação Portuguesa de Fertilidade (APFertilidade), a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM) e pela Merck.
VC