Linde Saúde disponibiliza sessões sobre os desafios da abordagem do doente respiratório

Linde Saúde disponibiliza sessões sobre os desafios da abordagem do doente respiratório

De acordo com a companhia, as sessões incluiem patologias como Fibrose quística, doença neuromuscular, doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), e ainda distúrbios do sono associados à obesidade.

“A importância deste tipo de iniciativas passa pela visão integradora e centralizada nos melhores cuidados ao doente, que são a coluna vertebral da Medicina Interna. O doente é centralizado e são múltiplas as opções de análise”, explica em comuncado Andrea Mateus, co-coordenadora do Grupo de Doenças Respiratórias do Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUP).

A também assistente hospitalar graduada em medicina interna do CHUP, e sócia fundadora do Núcleo de Doenças Respiratórias da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, refere ainda que “estes webinares permitiram mostrar que a Medicina Interna consegue integrar as várias variáveis e priorizá-las individualmente, atendendo ao plano definido e consentido pelo doente. Idealmente somos, enquanto profissionais, coautores do tratamento da doença a par do perfil do doente”.

Em cada sessão foi apresentado um caso clínico tipificado, que proporcionou uma discussão saudável sobre a abordagem prática do dia-a-dia. Foram abordados aspetos como o tratamento de suporte na insuficiência respiratória, as particularidades de diferentes patologias, bem como a transversalidade dos cuidados paliativos.
Composto por oito sessões em formato digital, o ciclo de eventos Difusão resultou de uma parceria entre a Academia Linde Saúde e o grupo InCHPira, que reúne profissionais de saúde do Serviço de Medicina do CHUP.

As gravações estão disponíveis aqui.

PR/HN/VC

Ministério Público abre inquérito para apurar circunstâncias de morte de doente em Évora

Ministério Público abre inquérito para apurar circunstâncias de morte de doente em Évora

Questionada pela agência Lusa, a PGR confirmou “a instauração de inquérito com vista a apurar as circunstâncias que rodearam a morte” da mulher.

O inquérito “teve origem em queixa e encontra-se em investigação no DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal] da comarca de Évora”, acrescentou.

A doente com cancro no esófago, de 45 anos, morreu no dia 31 de outubro de 2022, no Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE).

Segundo a advogada Carla Cardoso Cabanas, a família apresentou no DIAP de Évora uma queixa-crime contra quatro médicas do hospital de Évora por negligência e enviou cópias para entidades do setor da saúde, entre as quais a Ordem dos Médicos (OM).

Contactada pela Lusa, fonte da OM limitou-se a confirmar que o Conselho Disciplinar Regional do Sul da Ordem dos Médicos iniciou um “processo de averiguação” sobre o caso, na sequência de uma queixa apresentada pela família.

Além da OM, adiantou a causídica, as cópias da queixa-crime foram também enviadas para a administração do HESE, Entidade Reguladora da Saúde (ERS) e Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS).

Também a unidade hospitalar, de acordo com uma fonte do Gabinete de Comunicação e Marketing do HESE, iniciou um processo de inquérito interno, que se encontra ainda a decorrer.

A mesma fonte assinalou igualmente que o hospital de Évora teve conhecimento do processo de averiguação sumária da OM pela própria Ordem no dia 19 de abril.

“Tendo em conta que estão a decorrer ainda todos os processos, aguardamos as conclusões, sendo prematuro avançar qualquer outra informação”, acrescentou.

A advogada da família sustentou que, entre outras queixas, foi demorada a análise ao resultado de uma tomografia por emissão de positrões (PET) feita pela doente e que uma gastrostomia endoscópica percutânea correu mal.

A doente “apenas conseguiu iniciar a quimioterapia no final de agosto” de 2022, cerca de três meses após o diagnóstico, acrescentou.

LUSA/HN

Hospital de S. João introduz técnica não cirúrgica no tratamento de nódulos da tiroide

Hospital de S. João introduz técnica não cirúrgica no tratamento de nódulos da tiroide

Em declarações à agência Lusa, Pedro Sá Couto, cirurgião geral do CHUSJ, explicou que “esta técnica não faz a remoção da tiroide, mas destrói o nódulo tiroideu” e que o objetivo é explorar esta abordagem no tratamento de “casos selecionados de patologia maligna”.

“Em centros mais desenvolvidos, nomeadamente na Coreia do Sul, já se faz em alguns doentes que têm patologia maligna e em que o risco cirúrgico é muito alto. Acho que vamos crescer para aí. É um objetivo. Operamos cerca de 500 tiroides por ano, muitas delas com patologia maligna, e há situações em que esta técnica vai ter lugar como complemento a todo o outro arsenal terapêutico que temos”, descreveu o clínico.

Em causa está uma técnica de abordagem aos nódulos da tiroide através de radiofrequência, sem recurso a cirurgia.

O procedimento consiste num sistema composto por uma agulha que é colocada no interior do nódulo tiroideu, com apoio de ecografia e apenas com anestesia local.

A agulha gera calor para vaporizar o nódulo, destruindo-o, ou seja conseguindo a regressão ou desaparecimento deste, enquanto o utente se mantém acordado durante o procedimento.

Pedro Sá Couto destacou que esta técnica é “particularmente oportuna para utentes que apresentam altos riscos cirúrgicos”, nomeadamente doentes mais velhos com bócios [doença nodular] grandes que têm patologia cardíaca, respiratória ou são hipocoagulados, por exemplo.

“Esta técnica permite um controlo da sintomatologia”, sintetizou o cirurgião.

Destacando que o procedimento é feito com anestesia local, logo com o doente “acordado e colaborante”, o médico falou das vantagens de procedimentos realizados em regime de ambulatório.

“Depois de algumas horas os doentes vão para casa. Se evoluirmos para aí [maior número de procedimentos em ambulatório], mudamos o paradigma da organização hospitalar. É muito mais confortável para a pessoa, bem como para a estrutura hospitalar porque permite concentrar os recursos em situações mais complexas”, referiu.

De acordo com Pedro Sá Couto, esta técnica que é feita há quase 20 anos principalmente no Oriente e começa a dar passos no mundo Ocidental, foi já consagrada pela Associação Europeia de Tiroide.

O CHUSJ pretende introduzi-la na rotina de procedimentos nesta área, tendo tratado o primeiro doente com recurso a esta técnica em dezembro.

Pedro Sá Couro, que teve o primeiro contacto com a técnica num congresso internacional em 2018 e depois a viu ao vivo em Turim, na Itália, estima chegar ao tratamento de 30/40 utentes até ao final deste ano.

“A origem na Coreia do Sul tem a ver com a cultura dos orientais que não gostam nada de ser operados e procuraram opções que não impliquem incisão ou cicatriz. Neste momento, este número acompanha as necessidades, mas o que se prevê é que cada vez mais os doentes comecem a pedir. Estamos a falar de uma alternativa à cirurgia. Acho que é uma técnica que vai crescer em termos de indicação”, acrescentou.

Descrevendo-a como “mais uma arma terapêutica”, o cirurgião geral lembrou que no CHUSJ, onde existe uma unidade de biopsias aspirativas, há “muito treino e conhecimento” no uso da ecografia na patologia nodular da tiroide.

NR/HN/Lusa

Patrícia Garrido: “No cancro do pulmão há um preconceito relativamente ao uso da reabilitação respiratória”

Patrícia Garrido: “No cancro do pulmão há um preconceito relativamente ao uso da reabilitação respiratória”

 

 

De acordo com a pneumologista da Unidade do Pulmão do Centro Clínico Champalimaud, Patrícia Garrido, existe um preconceito relacionado com a reabilitação respiratória no doente oncológico. “Pensa-se que o doente oncológico tem que ficar sossegado em casa… Mas não é assim”, explica a especialista que sublinha que há ensaios clínicos que demonstram que “um doente oncológico, com doença avançada e a fazer radioterapia, quimioterapia ou imunoterapia” beneficia deste tipo de intervenção.

HealthNews (HN)- As doenças respiratórias são uma das principais causas de morte e incapacidade em Portugal. Trata-se de patologias negligenciadas?

Patrícia Garrido (PG)- O facto de estas doenças serem de instalação indolente faz com que as pessoas só se apercebam que estão com um problema respiratório numa fase mais avançada, impedindo, assim, um diagnóstico precoce. 

O Serviço de Urgência, infelizmente em muitos casos, é a porta de entrada para o diagnóstico mas deveria ser a Medicina Geral e Familiar e detetar estes doentes numa fase mais precoce da doença. Portanto, é muito importante que as pessoas tenham acesso ao seu médico de família de maneira a garantir o rastreio, a avaliação clínica, de imagem e a realização de provas de função respiratória. 

HN- Quais as doenças que atualmente suscitam maior preocupação?

PG- A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica. Muitos doentes não se apercebem da instalação da doença… Associam a tosse e a expetoração ao tabaco, considerando estes sintomas “normais”. A DPOC conduz a uma deficiência respiratória importante que provoca perda de anos de vida e de qualidade de vida. É uma doença que conduz a uma degradação multissistémica, com descompensações frequentes numa fase avançada, internamentos e um consumo de antibióticos importante. 

Outra doença que nos preocupa é o cancro do pulmão. É uma doença oncológica silenciosa que tem como principal fator de risco o hábito tabágico. Seria importante aumentar a sensibilização para a cessação tabágica e garantir um programa de rastreio para o Cancro do Pulmão. Quando detetado precocemente, o cancro do pulmão pode ter um melhor prognóstico, com menor impacto para o doente, não esquecendo a “toxicidade financeira” para a sociedade. 

HN- Qual o papel da reabilitação respiratória neste tipo de doenças?

PG- Há cada vez mais estudos científicos que demonstram o benefício da reabilitação respiratória em qualquer fase da doença. A reabilitação respiratória acaba por ser uma intervenção adequada para todos os doentes cuja doença impacte de forma negativa a qualidade de vida. No caso da DPOC, estes programas permitem reduzir os sintomas como a fadiga, dor, dispneia; previne o declínio da capacidade física, ajuda a uma boa drenagem das secreções, evitando infeções respiratórias de repetição; garante treino dos músculos respiratórios e dos membros superiores essenciais para a qualidade de vida dos doentes. 

Na parte oncológica, há um preconceito relativamente ao uso da reabilitação respiratória. Pensa-se que o doente oncológico tem que ficar sossegado em casa… Mas não é assim. A reabilitação respiratória, no cancro do pulmão, não está apenas limitada a um processo pré ou pós operatório. Está cada vez mais provado que um doente oncológico, com doença avançada e a fazer radioterapia, quimioterapia ou imunoterapia pode fazer reabilitação respiratória com melhoria na qualidade de vida comprovada em estudos publicados na literatura. 

HN- Para além dos benefícios físicos, a reabilitação respiratória tem benefícios psicológicos.

PG- Sem dúvida. No caso da DPOC e no Cancro do Pulmão, a reabilitação respiratória ajuda o doente a adaptar-se a sua doença. Ao ser feita com o acompanhamento de outros doentes e especialistas, como psicólogos, nutricionistas e fisioterapeutas, acaba por ser muito motivador. 

HN- De acordo com a Sociedade Portuguesa de Pneumologia, menos de 0,5% dos doentes com indicação para reabilitação respiratória têm acesso a programas. Como olha para estes dados? O que é preciso ser feito para contrárias estes números?

PG- Olho com muita preocupação. Considero que há um vasto leque de doentes que podem beneficiar da reabilitação respiratória e que não têm acesso, quer por falta de Centros especializados fora do meio hospitalar, quer por ausência de consciencialização de que existem estes programas, quer por preconceito de que estes doentes devem permanecer sossegados porque se cansam. 

HN- A não comparticipação da reabilitação respiratória não poderá ser também um fator que impede o acesso dos doentes a este tipo de intervenção?

PG- Sim. A não comparticipação por parte dos subsistemas de saúde afasta muitos doentes. Sabemos que o SNS está sob pressão e nem sempre é possível chegar a todos os doentes. Portanto, se houvesse uma maior preocupação por parte das seguradoras e ADSE de permitir a comparticipação de programas de reabilitação, haveria mais doentes a beneficiar deste tipo de intervenção. 

Uma maior aposta na reabilitação respiratória iria significar ainda menos doentes a faltar ao trabalho, menos internamentos devidos às descompensações das suas patologias respiratórias, e menos polimedicação.  

HN-  Uma nota final

PG- Toca a mexer! É importante que os doentes procurem o seu médico de família e o seu pneumologista e questionem se, no seu caso, faria sentido ou não integrar o programa de reabilitação respiratória. 

Por último, penso que é importante frisar que a educação para a saúde respiratória é essencial para se poder dar a volta a este preconceito sobre o benefício da reabilitação respiratória. Esta não é apenas para os doente pré e pós cirúrgicos. É para todos o doente respiratório crónico.

Entrevista de Vaishaly Camões

Hospital Santa Cruz aplica técnica inovadora no tratamento da taquicardia ventricular

Hospital Santa Cruz aplica técnica inovadora no tratamento da taquicardia ventricular

0“A grande vantagem da eletroporação focal é que permite usar os cateteres que usamos todos os dias, sem aumentar muito o custo e com uma grande eficácia”, adiantou o chefe do Serviço de Cardiologia e diretor da Unidade de Arritmologia de Intervenção do Hospital de Santa Cruz, que integra o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO).

Segundo o especialista, a eletroporação começou a ser utilizada no Hospital Santa Cruz há seis meses e neste momento está a ter “uma evolução”, nomeadamente “tratar das arritmias mais complexas, com os utensílios mais apropriados e com energia mais segura e tendencialmente mais eficaz”.

Já foram feitos três tratamentos com esta terapêutica inovadora. O primeiro foi para testar a qualidade do tratamento, num doente com fibrilhação auricular.

“Ficámos muito bem impressionados. Os outros dois foram para tratar doentes que estavam à espera deste tratamento há algum tempo porque tinham tido recidivas de taquicardia ventricular após terem sido submetidos a ablações convencionais com radiofrequência. Um deles já teve alta do hospital”, salientou o cardiologista.

Pedro Adragão explicou que “a taquicardia ventricular é uma arritmia em que o coração bate depressa, muitas vezes relacionada com cicatrizes que estão no ventrículo”, sendo a causa mais frequente dessas cicatrizes o doente ter tido um enfarte do miocárdio.

“Passados anos, essa cicatriz pode levar ao aparecimento de ritmos muito rápidos e que têm risco de vida. As pessoas vão sentir-se mal e podem mesmo morrer subitamente”, salientou.

Para tratar essas taquicardias, há várias formas, sendo a “mais eficiente” tentar modificar a cicatriz, através de cateterismo.

“A forma de eliminar essa taquicardia é aplicar energia, atualmente a ablação com radiofrequência. Esta energia provoca uma queimadura e destrói as células musculares que mantêm a taquicardia”.

Contudo, a técnica tem várias limitações, nomeadamente a dificuldade de penetrar nos tecidos com cicatriz e em tratar toda a parede do músculo cardíaco, tendo por isso uma taxa de recidiva elevada: Um terço dos doentes vai voltar a ter taquicardias, disse.

A eletroporação focal é baseada numa descarga elétrica com “uma voltagem muito alta” e consegue obter o mesmo efeito sem ter efeito térmico e sem fazer coagulação.

“Faz uma necrose que é parecida com a apoptose (do envelhecimento celular), que atravessa melhor a cicatriz e que tem capacidade de penetrar profundamente nos tecidos. Eventualmente pode ser mais eficaz a evitar recidivas”, realçou.

Segundo disse, os médicos estão esperançados porque, por um lado, a técnica “é menos arriscada, não provoca coágulos e, por outro lado, tem uma capacidade ainda não totalmente conhecida, mas muito esperada de fazer uma lesão homogénea”.

“Se isso for obtido estamos numa inovação que vai permitir tratar melhor os doentes com mais eficácia e com menos risco e isso é muito importante porque estes doentes estão muitas vezes muito tempo internados, usam unidades de cuidados intensivos e têm um mau prognóstico, com uma mortalidade muito elevada”, sublinhou.

LUSA/HN