Alegado médico angolano detido por suspeita de enganar mais de 200 mulheres

Alegado médico angolano detido por suspeita de enganar mais de 200 mulheres

Na nota de imprensa, o SIC informa que o cidadão angolano, de 36 anos, foi detido no dia 01 deste mês, estando implicado nos crimes de burla qualificada, exercício ilegal de profissão e ofensas graves à integridade física.

O suspeito apresenta-se como médico, é proprietário da clínica Daisy Well, localizada no distrito urbano de Belas, na centralidade do Kilamba, e vem exercendo atividades ilícitas há mais de quatro anos, refere a nota.

De acordo com o SIC, o suposto médico diz ser especialista em ginecologia, obstetrícia, urologia, procedimentos de inseminação artificial, fertilização ‘in vitro’, realizando também exames de colheitas de sangue, exsudado vaginal, hidroturbação, retirada de óvulos e exames hormonais.

Os exames eram realizados em condições precárias, tendo nos últimos quatro anos enganado mais de 200 mulheres que procuraram a clínica para ter um filho, às quais eram cobradas elevadas quantias para atingirem esse objetivo, segundo a nota.

Os valores cobrados variavam entre os dois milhões de kwanzas (3.724 euros) e 10 milhões de kwanzas (18.620 euros), sendo que, a título de exemplo, para a realização de uma inseminação artificial eram cobrados 2,6 milhões de kwanzas (4.841 euros) e para uma fertilização ‘in vitro’ 4,6 milhões de kwanzas (8.565 euros).

“Quanto aos exames, estes variavam entre os 400.000 kwanzas (744,8 euros) a 600.000 kwanzas (1.117 euros), sob pretexto de que os exames de urina, sangue e exsudado vaginal são enviados para a Inglaterra de onde vêm os resultados, alegando trabalhar em parceria com médicos daquele país, simulando também estar colocado na Maternidade Lucrécia Paim, onde exerce as funções de médico-cirurgião”, refere o documento.

O SIC realçou que o suposto médico terá causado com as suas atividades ilícitas várias doenças infecciosas, por conta de dosagens inapropriadas de medicamentos e mau manuseamento de instrumentos.

LUSA/HN

Daniela Macedo: “A dificuldade no acesso aos cuidados de saúde cria ansiedade e medo nos doentes oncológicos”

Daniela Macedo: “A dificuldade no acesso aos cuidados de saúde cria ansiedade e medo nos doentes oncológicos”

HealthNews (HN)- Quais os cancros mais prevalentes a nível nacional?

Daniela Macedo (DM)- Em termos de padrão de incidência o cancro da mama, o cancro da próstata, o cancro do pulmão, o cancro colorretal e os tumores gástricos são os mais comuns a nível nacional. 

HN- Como se vivem estas doenças em Portugal? Como é ser um doente oncológico em Portugal?

DM- Em Portugal todos os doentes têm acesso àquilo que de melhor se faz no tratamento da doença. Apesar de apresentarmos algumas vicissitudes, em termos de demora dos circuitos inerentes à realização de exames de diagnóstico, a verdade é que estamos perfeitamente alinhados com o resto do mundo. Em Portugal, seguimos todas as recomendações das autoridades de saúde europeias e americanas. 

HN- Atualmente assistimos a uma crise nos cuidados de saúde primários, com falta de médicos de família. Que impacto é que isto tem nos doentes oncológicos?

DM- Infelizmente o nosso sistema de saúde apresenta algumas falhas a nível de acesso aos cuidados de saúde primários. Isto limita desde logo o diagnóstico precoce da doença oncológica… Quando os doentes não têm médico de família estes acabam por atrasar os seus check-ups regulados, subcarregando os serviços de urgência hospitalar. Muitos doentes quando se dirigem aos hospitais é quando já estão em desespero e quando não toleram mais os sintomas. Nestes casos, a doença já está numa fase mais avançada. 

HN- Estes constrangimentos criam, portanto, alguma ansiedade nos doentes…

DM- Sim. A dificuldade no acesso aos cuidados de saúde cria ansiedade e medos nos doentes oncológicos. Imaginemos uma pessoa que saiba que a ecografia que fez ao fígado aponta para nódulos suspeitos de serem metástases e que tem de esperar para fazer uma série de exames (endoscopia, colonoscopia, TAC, biopsia) para confirmar o diagnóstico… Tudo isto cria muita ansiedade. Os doentes querem conhecer a sua situação clínica e serem rapidamente tratados. 

HN- Há humanização no tratamento da doença oncológica? 

DM- Eu acredito que sim. Falo por mim, mas também pelos meus colegas de oncologia… Nós temos sempre algum cuidado na forma como abordamos e comunicamos com os nossos doentes. Vejo essa preocupação até nos próprios internos. Os colegas mais novos tentam ter uma relação próxima com os pacientes.

HN- Precisamente sobre a comunicação médico-doente…Há assuntos que ainda são pouco abordados nas consultas, nomeadamente o impacto da doença na sexualidade. Porquê?

DM- Penso que se trata de uma questão cultural. Não é um assunto que o doente oncológico costume abordar com o médico. Apesar de ter havido uma evolução na relação médico-doente – todo o procedimento de tratamento é muito mais discutido – há temas que mesmo assim continuam a ser um tabu. 

Eu própria nas minhas consultas, quando abordo a questão da fertilidade e questiono os meus doentes sobre se pretendem ser pais ou fazer algum tipo de preservação de gametas, verifico que muitas vezes os próprios ainda nem refletiram sobre o tema. Portanto, penso que estas questões não devem partir unicamente do profissional de saúde, mas também do próprio doente.

HN- Mas admite que a sexualidade deveria ser um assunto mais abordado nas consultas…

DM- Sim até porque as próprias terapêuticas têm implicações na fertilidade, na própria ejaculação e no atingir do orgasmo. Portanto, deve ser um assunto falado de forma habitual entre o médico e o doente. 

Penso que também faria sentido haver colegas da área da ginecologia e da urologia a colaborar connosco de maneira a melhorar a vida íntima dos doentes.

HN- A ciência diz-nos que 25% da população portuguesa corre o risco de ter cancro até aos 75 anos e 10% desses casos devem ser fatais. Que medidas devem ser adotadas para travar a incidência deste tipo de doenças?

DM- Garantir um estilo de vida e uma alimentação saudável é fundamental. As pessoas devem praticar exercício físico e evitar o sedentarismo, assim como os hábitos tabágicos e alcoólicos. São medidas que podemos melhorar e que representam fatores de risco para alguns tipos de tumores. 

Por outro lado, é importante que as pessoas sejam vigilantes da sua saúde e sigam as indicações das autoridades de saúde. Por exemplo, no caso das senhoras estas devem fazer o rastreio do cancro da mama e do colo do útero.

HN- Portugal gasta pouco nos cuidados oncológicos. Considera que há falta de vontade política no que toca à prevenção da doença?

DM- Acho que o problema é mais de fundo… A saúde em Portugal tem alguns défices. Até agora não houve uma atualização do sistema nacional de saúde. Acho que ainda está tudo a funcionar à moda do início. É preciso ter em conta que hoje em dia os doentes têm múltiplas doenças. Isto aumenta a complexidade do tratamento e implica um gasto maior dos recursos de saúde. Se há ou não falta de vontade política? Não sei. Penso que talvez no passado não se tenha aplicado da melhor maneira os recursos e agora estamos a pagar as consequências. Portanto, não considero que seja só falta de vontade política. Penso que houve uma série de fatores que, ao longo dos anos, levaram a que os recursos fossem aplicados noutros setores. 

Acredito que os nossos decisores políticos querem continuar a ter um bom sistema de saúde. É muito importante que assim seja porque temos uma população muito envelhecida e não podemos ignorar que o cancro é a segunda causa de morte.

HN- O risco aumenta na população mais idosa. Pode-se dizer que o cancro é uma doença associada ao envelhecimento?

DM- Sim. A idade acaba por ser um dos fatores de risco para o desenvolvimento do cancro.

HN- Que mensagem gostaria de deixar no âmbito do Dia Mundial da Luta Contra o Cancro?

DM- As doenças oncológicas são patologias graves, mas graças à ciência tem havido uma forte evolução em termos de tratamentos. Felizmente em Portugal temos conseguido acompanhar as inovações que são feitas, mas é preciso um maior esforço no diagnóstico precoce. Por outro lado, considero que os serviços de oncologia deveriam trabalhar mais em equipa com outras especialidades para dar um maior apoio aos doentes a nível da sexualidade, nutrição, psicologia e fisioterapia. 

Entrevista de Vaishaly Camões

CHUC realiza intervenção pioneira em doente cardíaco

CHUC realiza intervenção pioneira em doente cardíaco

Em comunicado, a unidade hospitalar salientou que o doente, alvo de vários internamentos nos últimos dois anos, encontrava-se internado por descompensação cardíaca e foi proposto para uma intervenção valvular percutânea, através de cateterismo e colocação de duas próteses valvulares, “com o novo sistema Pascal Precision da Edwards Lifesciences”.

“A intervenção decorreu sem incidentes e o doente teve alta dois dias depois, melhorado clinicamente e com uma perspetiva de menor número de internamentos no futuro e seguramente melhor qualidade de vida”, refere a nota.

O sistema Pascal Precision da Edwards Lifesciences “apresenta vantagens evidentes em relação ao anterior, graças ao revestimento hidrofílico, novo sistema de controlo da prótese e mais um fixador que permite uma maior estabilidade e previsibilidade de movimentos, com menor necessidade de compensações e, consequentemente, melhores resultados”.

Lino Gonçalves, diretor do Serviço de Cardiologia, realça “os bons resultados desta técnica de reparação mitral, com uma taxa de sucesso superior a 95%, sendo o CHUC o maior centro nacional, com 38 doentes tratados em 2022”.

Segundo o coordenador da Unidade de Intervenção Cardiovascular do Serviço de Cardiologia “esta é, de facto, uma alternativa terapêutica para os doentes não candidatos a cirurgia cardíaca após discussão em ‘Heart Team’, isto é, um grupo constituído por especialistas altamente diferenciados de cardiologia de intervenção, cirurgia cardíaca, imagem cardíaca avançada e cardiologia clínica”.

Segundo Marco Costa, esta nova técnica tem um impacto grande na redução da mortalidade e morbilidade dos doentes com insuficiência cardíaca, conforme os estudos clínicos o demonstram.

O especialista salienta que se trata de “uma técnica muito complexa, que obriga a uma rigorosa seleção dos casos para manter a elevada taxa de sucesso, bem como a um trabalho de equipa coeso, com a ajuda inestimável de especialista na área de imagem (ecocardiografia transesofágica 3D)”.

A intervenção foi realizada por uma equipa constituída pelos médicos cardiologistas Marco Costa, Luis Paiva, Manuel Santos, Ana Botelho e Luis Puga (imagem cardíaca) e Joaquim Viana, anestesiologista.

LUSA/HN

Especialista pede unidades de internamento de geriatria nos hospitais

Especialista pede unidades de internamento de geriatria nos hospitais

“A entrada numa unidade de geriatria não é definida por critério etário. É a circunstância que cada doente apresenta”, disse à Lusa Gorjão Clara, exemplificando: “um idoso com 85 anos, saudável e sem medicação especifica, que tem uma pneumonia, não tem indicação para ir para uma unidade de geriatria, pois não tem patologia complexa”.

“O mesmo já não acontece a quem com esta idade sofra de insuficiência cardíaca ou renal, ou deficiência cognitiva. Esse doente, multipatológico, põe grandes dificuldades na abordagem terapêutica pois temos que pensar em todas as doenças presentes para que ao tratar uma não agravemos a outra. É este que deve ir para uma unidade de geriatria”, explicou à Lusa na véspera da primeira reunião da Associação de Médicos dos Idosos Institucionalizados.

O responsável, que ainda hoje leciona uma aula na faculdade de medicina sobre geriatria – cadeira que se chama Introdução às Doenças do Envelhecimento – recordou que é em conjunto com o médico interno de serviço que a decisão deve ser tomada, “tal como acontece com as outras especialidades”.

Gorjão Clara, um defensor da especialidade de geriatria, sublinhou que a população está cada vez mais envelhecida e que muita é polimedicada, implicando outras exigências de abordagem do médico.

Disse igualmente que Portugal “está atrasado 30 anos”, recordando que na Europa, além de Portugal, apenas a Grécia não tem a especialidade de Geriatria.

“A geriatria provoca anticorpos”, reconheceu o especialista em Medicina Interna, adiantando que a resistência à criação desta especialidade se deve muito ao receio que os médicos internistas têm de ver esvaziada a sua área de intervenção.

As especialidades que foram sendo criadas ao longo dos anos “foram esvaziando a área intervenção da Medicina Interna. Por exemplo, hoje, se tiver dores no peito, a pessoa procura cardiologia, e não internista”.

“Este esvaziar da Medicina Interna veio criar, do ponto vista emocional, um problema que é estes médicos acharem que perderam importância social e que são menos valorizados por isso, não há argumentos científicos para a não criação da especialidade de geriatria”, afirmou.

De acordo com este especialista, a Medicina Interna tem “um papel fundamental”, defendendo que “é impossível que os hospitais existam sem internistas”.

“Os médicos de medicina interna são o grupo de especialistas mais importantes dentro de um hospital”, disse.

Lembrou que há dezenas de anos que a especialidade existe e é reconhecida como tal em todo o mundo e deu o exemplo do último país da Europa a reconhecer a especialidade de geriatria: a França, em 2000.

Em Portugal, os médicos que fazem formação nesta área e nela trabalham podem ter a competência em geriatria reconhecida pela Ordem dos Médicos.

A este propósito, contou ter ficado surpreendido pelo facto de os candidatos a bastonário da Ordem dos Médicos terem vindo reconhecer apenas a necessidade de estruturas de cuidados paliativos, recordando: “os cuidados paliativos não são para os velhos, são para todos os grupos etários. Mas parece que ignoram que cuidados paliativos não são geriatria”.

Sobre o ensino da medicina, disse precisamente que o ensino clínico (prático), e não apenas o teórico, da geriatria é “uma das falhas”.

“A geriatria é uma cadeira clínica, prática, e não teórica. Podemos ensinar a teoria, mas falta o resto”, concluiu.

Gorjão Clara foi até outubro coordenador do grupo de estudos de geriatria da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, tendo coordenado e organizado formações em geriatria a médicos que dão assistência a idosos em lares.

É presidente da Associação de Médicos dos Idosos Institucionalizados, lançada no ano passado e que tem sábado a sua primeira reunião, onde serão abordados os desafios da assistência médica aos idosos que vivem nos lares.

LUSA/HN

Probabilidade de ter um AVC aumenta a partir dos 55 anos, saiba quais os fatores de risco

Probabilidade de ter um AVC aumenta a partir dos 55 anos, saiba quais os fatores de risco

Citado na nota de imprensa hoje divulgada pela SPAVC, Vítor Tedim Cruz alerta que “o AVC continua a ser a principal causa de morte em Portugal, sendo que, se vivermos tempo suficiente, uma em cada quatro pessoas vão ter um”.

O responsável explicou que “existem alguns fatores de risco que, ao acumularem-se, aumentam a probabilidade de a pessoa ter um AVC a partir dos 55 anos e, em alguns casos, numa idade ainda menor”.

A hipertensão, a baixa atividade física, a alimentação pouco saudável, o excesso de peso, a fibrilação auricular, o tabagismo, o consumo de álcool, o colesterol elevado, a diabetes, a depressão e o stress são apontados como 10 fatores de risco pela Organização Mundial da Saúde.

Apesar de em Portugal a mortalidade por AVC apresentar uma tendência decrescente, os especialistas alertam para a necessidade da prevenção e a importância de saber identificar os principais sintomas do AVC.

A iniciativa FAST Heroes 112 surge como uma resposta a esta necessidade. Através de recursos educativos interativos gratuitos e com a ajuda dos professores portugueses, tem como objetivo educar crianças entre os 5 e os 9 anos e os seus familiares. Pretende-se, assim, que as crianças adquiram competências práticas para salvar vidas de uma forma envolvente e divertida.

PR/HN/VC