Comida vegana quer sair de um nicho e tornar-se normal na gastronomia portuguesa

Comida vegana quer sair de um nicho e tornar-se normal na gastronomia portuguesa

Entre abril e outubro, cinco restaurantes portugueses vão receber jantares ‘pop-up’ exclusivamente veganos, uma iniciativa que pretende ser uma “declaração de que é preciso normalizar, de que não há locais especiais ou inacessíveis para o que quer que seja na gastronomia”, disse à Lusa Paulo Amado, da Edições do Gosto, que organiza o ‘Dirty Vegan Show’.

“O que queremos com o ‘show’ é normalizar a ideia de comida vegetal. Queremos que seja disponível, acessível”, prosseguiu.

A gastronomia vegetariana tem conquistado um papel de destaque, nos últimos meses, em Portugal: o restaurante ‘Encanto’, de José Avillez, foi o primeiro vegetariano da Península Ibérica a receber uma estrela, na edição de 2023 do Guia Michelin Espanha e Portugal, enquanto o chef David Jesus (‘Seiva’, Leça da Palmeira) conquistou o prémio Destaque do Ano atribuído pelo blogue de gastronomia Mesa Marcada.

Para Paulo Amado, abrem-se atualmente duas possibilidades.

Por um lado, “está a valorizar-se aqueles que fazem uma afirmação exclusivamente vegetal, que é um caminho frutífero, mas mais longo”, e, por outro, há esta aposta “numa normalização, o que quer dizer que é preciso valorizar o que já se faça só de vegano”.

O nome do festival, adiantou, tem também “algo de provocativo”.

“Comida vegetariana, macrobiótica, vegana parecem segmentos como algo esotérico, isolado, não disponível. O que nós queremos, dentro desta lógica de normalização, é comer com as mãos comida muito saborosa, divertida, só que só tem proteína vegetal”, explicou.

O pontapé de saída do ‘Dirty Vegan Show’ foi dado hoje, em Lisboa, com um almoço preparado por seis chefs: David Jesus, Pedro Abril (‘Musa’, Lisboa), Diogo Pereira (‘Raya’, Alandroal), Natália Finger (‘Planto’, Lisboa), Juliana Penteado (‘Juliana Penteado Pastry’) e Bruno Rocha (‘Bairro Alto Hotel’).

David Jesus considerou que o crescimento da comida vegetal decorre da maior preocupação com a sustentabilidade, quer a nível ambiental quer nutritiva.

“A nossa base de sabor é vegetal e isso tem sido uma tendência também impulsionada pelo mercado estrangeiro”, comentou à Lusa.

No ‘Seiva’, exemplificou, serve em média 70 pessoas por dia e 90% do público é omnívoro, mas os clientes regressam ao restaurante porque “é muito bom”.

“A comida vegetal cria apetite, cria gula e é muito competente e isso é que é importante”, sustentou.

Bruno Rocha, do Bairro Alto Hotel, tem apostado nos pratos vegetarianos na sua cozinha, porque acredita que “é preciso não ceder a todos os caprichos dos clientes, é preciso também educá-los”, nomeadamente respeitando a sazonalidade dos produtos.

Se os clientes estrangeiros estão “mais familiarizados” com estas opções, já o público português tem “um caminho longo a percorrer”, porque “ainda há esse estigma de que não vão ficar saciados”, considerou.

O ‘Dirty Vegan Show’ vai decorrer nos restaurantes ‘Fava Tonka’ (20 de abril), ‘O Marmorista’ (18 de maio), ‘Seiva’ (06 de junho), ‘Musa Marvila’ (12 de julho) e ‘D’NX Gastronomic Lab’ (19 de outubro).

LUSA/HN

Termas do Centro propõem ‘tour’ saudável com gastronomia e música de Miguel Gameiro

Termas do Centro propõem ‘tour’ saudável com gastronomia e música de Miguel Gameiro

“As termas são espaços de saúde e bem-estar e, nesse conceito, a alimentação é fundamental. Com este ‘tour’, procuramos apresentar essa faceta da gastronomia saudável”, justificou o coordenador da rede Termas Centro, Adriano Barreto Ramos.

Em declarações à agência Lusa, Adriano Barreto Ramos explicou que esta iniciativa arranca em maio e passará nas 20 estâncias termais da região Centro, durante pouco mais de um mês.

“Escolhemos o Miguel Gameiro, sobejamente conhecido no mundo da música, mas com uma faceta menos conhecida enquanto ‘chef’, para realizar ‘showcookings’ de produtos endógenos”, acrescentou.

De acordo com o coordenador da rede Termas Centro, Miguel Gameiro vai “confecionar pratos com um elemento endógeno de cada uma das regiões por onde vai passar”.

Produtos como o mel, o cabrito ou o queijo fazem parte de uma imensidão de produtos de excelência a utilizar na confeção dos pratos, cujas receitas serão disponibilizadas em livro no final do mês de junho.

“Teremos em ‘ebook’ e também em edição impressa”, revelou.

A juntar ao ‘showcooking’, está também prevista a atuação de Miguel Gameiro em cada uma das estâncias termais.

“Acreditamos que esta seja uma iniciativa diferenciadora. Em cada uma das estâncias termais gostaríamos também de associar um pequeno mercado local, com os produtores da região a divulgarem os seus produtos locais”, evidenciou.

O Tour Saudável Rede Termas Centro, com ‘showcooking’ de produtos endógenos e atuação do ‘chef’ e músico Miguel Gameiro, terá a sua apresentação oficial na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL).

De véspera, a rede Termas Centro apresenta também o livro “A Rota da Termas Centro por Elisabete Jacinto”, que reúne as várias experiências do ‘tour’ que a piloto de todo-o-terreno fez pelas 20 estâncias termais da região Centro, explorando também toda a sua envolvência.

Em cada visita, Elisabete Jacinto teve a oportunidade de conhecer de perto as instalações e usufruir de experiências termais, para além de descobrir o território onde as várias termas estão situadas, com passeios pela natureza, experiências gastronómicas, cultura ou património.

A rede Termas Centro resulta do PROVERE – Programa de Valorização Económica dos Recursos Endógenos com o mesmo nome, que foi criado com o objetivo de valorizar as estâncias termais da região Centro.

Integram a rede Termas do Centro um total de 20 estâncias termais: Termas de Alcafache, Termas de Almeida – Fonte Santa, Termas de Águas – Penamacor, Termas do Bicanho, Caldas da Felgueira, Caldas da Rainha, Termas do Carvalhal, Termas da Curia, Termas do Cró, Termas da Ladeira de Envendos, Termas de Longroiva, Termas de Luso, Termas de Manteigas, Termas de Monfortinho, Termas da Piedade, Termas de Sangemil, Termas de São Pedro do Sul, Termas de Unhais da Serra, Termas de Vale da Mó e Termas do Vimeiro.

LUSA/HN

Guia Michelin destaca adaptação dos restaurantes à covid19

Guia Michelin destaca adaptação dos restaurantes à covid19

“Definitivamente, 2020 e 2021 têm sido anos muito desafiantes para toda a indústria da restauração, mas a maioria dos restaurantes conseguiu resistir bem à tempestade”, comentou Gwendal Poullennec, em entrevista à Lusa em Valência, cidade espanhola que acolheu este ano a gala de apresentação do Guia Michelin Espanha e Portugal 2022.

O responsável do Guia Michelin considerou “bastante impressionante” a “resiliência, a criatividade, a forma como [os chefes de cozinha] se adaptaram à situação, sendo muito mais flexíveis na forma como operam os seus próprios restaurantes e no que oferecem aos clientes”.

Um restaurante pode, por exemplo, ter simplificado o menu, “mas sem comprometer a qualidade da experiência que oferece aos clientes”.

Por outro lado, destacou, “o cliente está agora mais ansioso que nunca por ir a restaurantes”, o que se nota na dificuldade de reservar mesa em muitos locais.

A própria Michelin e os inspetores do guia também tiveram de adaptar-se às novas circunstâncias.

“Mudámos o planeamento para nos adaptarmos, para garantirmos que estamos no terreno todos os dias, para sermos realmente o mais flexíveis possível, para sermos capazes de avaliar com justiça os restaurantes, mas também para reconhecer todas as novas aberturas e todos os novos projetos”, comentou Gwendal Poullennec.

“Apesar da covid-19, continuamos a destacar todos os talentos da indústria, dando particular destaque aos novos talentos, continuando a descobrir novos lugares e a partilhar endereços com a comunidade de amantes de comida”, acrescentou, salientando que essa é “a forma mais eficaz de apoiar a recuperação” deste setor.

O Guia Michelin também tem apostado no digital, outra consequência da pandemia.

“Todo o guia é totalmente digital e graças a isso podemos estar atualizados em permanência”, salientou.

Apesar de o guia ser ibérico, na internet Portugal e Espanha têm espaços diferenciados, com as referências escritas em português, destacou.

A transmissão online da gala anual de apresentação do guia, desde o ano passado, fez também alargar o público que assiste ao evento.

“Temos cada vez mais pessoas a seguir-nos e dispostas a saber quando algo está a acontecer dentro da indústria da restauração”, destacou.

LUSA/HN

Ilha cabo-verdiana de São Vicente dedicam três dias à ‘rainha’ cavala

Ilha cabo-verdiana de São Vicente dedicam três dias à ‘rainha’ cavala

O festival gastronómico “Kavala Fresk Feastival”, cuja IX edição foi apresentada hoje, vai decorrer no Mindelo de 23 a 25 de julho, envolvendo 15 restaurantes, mas com um novo formato devido à pandemia.

De acordo com Kizó Oliveira, da Mariventos, produtora do festival, a organização optou pela “criatividade” para ultrapassar esta fase, tendo em conta a “alteração do formato”, mas mantendo a essência, que é a cavala como “rainha do festival”.

Através de meios digitais, o público ficará a conhecer a programação e os restaurantes aderentes, mas para evitar aglomerações nas ruas como nas edições anteriores, neste caso devido às restrições impostas para conter a pandemia, os pratos confecionados deverão ser consumidos nos próprios restaurantes.

“Trazemos o ‘Kavala Fresk’ com a mesma essência, também porque estamos a englobar toda a ilha, da mesma forma que nas outras edições, com as seis partes da anatomia da cavala, mas de forma diferente. Estendemos para três dias de forma a darmos aos restaurantes oportunidade de ter rendimento”, explicou Conceição Delgado, também da Mariventos, recordando os prejuízos sofridos pela restauração da ilha, sem turismo.

Esta IX edição realiza-se após a suspensão das atividades em 2020, ainda nos primeiros meses de pandemia, mas garantindo as regras sanitárias, em articulação com a delegacia de Saúde da ilha.

“Os restaurantes deverão funcionar de acordo com o plano de contingência estabelecido e evitar aglomerações”, afirma a organização.

O evento, de acordo com o presidente da Câmara de São Vicente, parceira do “Kavala Fresk Feastival”, representa a essência da ilha, ligada ao mar e à cultura.

“Este é que é São Vicente. Cultura, dinamismo e atividade, e o facto do grupo ter trabalhado para realizar o ‘Kavala Fresk’ este ano é uma grande vitória, neste momento difícil, especial. Há muitas formas que podemos trabalhar e dar continuidade a todo este processo, ao desenvolvimento cultural que tem feito com que São Vicente esteja no atual patamar”, afirmou Augusto Neves.

O presidente da câmara acrescentou que tal como tem vindo a acontecer nas edições anteriores, o município quis aliar a este evento, “que já é uma marca para a ilha”, a mensagem, para dentro e fora do país, de que a cultura “mesmo que em formato diferente” não ficou estagnada.

A programação do festival envolve um ‘show cooking’ no Mercado Municipal, onde irá decorrer o “Kavala no Mercado de Verdura” e uma conversa com especialistas na área económica, segurança alimentar e uma nutricionista.

No programa digital e nas redes sociais estarão em destaque, num roteiro gastronómico, os restaurantes que fazem parte do festival e cada um participará no concurso, com um júri a eleger posteriormente o melhor prato de cavala.

Este ano, as competições de natação que também se realizavam dentro do festival vão acontecer na praia da Laginha, além da programação do habitual concerto em alto mar, agora com público mais restrito.

“O ‘Kavala na mei de Mar’ irá decorrer no catamarã Itoma e foi das atividades que conseguimos manter, de acordo com as regras das autoridades com um público reduzido”, explicou Conceição Delgado.

O festival mantém também uma programação direcionada para as crianças, nomeadamente na parte da culinária, tendo sempre a cavala como ponto central.

O “Kavala Fresk Feastival” tem sido um dos eventos de maior dinamização económica na ilha de São Vicente e após a ausência de 2020 realiza-se este ano com o lema “Mesma essência, num novo formato”, ao contrário de outros eventos culturais, que não foram retomados devido à pandemia.

LUSA/HN

Feira do queijo de Seia ‘online’ prolongada até 13 de abril

Feira do queijo de Seia ‘online’ prolongada até 13 de abril

“Devido ao elevado sucesso de vendas, a Feira do Queijo de Seia vai prolongar-se até dia 13 de abril, em vez do encerramento previsto para dia 28 de fevereiro”, referem os CTT – Correios de Portugal, numa nota enviada à agência Lusa.

O certame digital, promovido pela Câmara Municipal de Seia, começou no dia 13 de fevereiro e envolve os CTT e a plataforma de vendas ‘online’ Dott.

Apesar da pandemia, a organização refere que “a famosa Feira do Queijo de Seia, que se realiza por altura do Carnaval, há já 43 anos, não deixou de se realizar este ano, mesmo com todas as restrições” e acontece diariamente ‘online’ (em https://dott.pt/pt/campaign/feira-do-queijo-serra-da-estrela-seia), com custos de envio grátis para qualquer encomenda através dos CTT.

Este ano, o município de Seia juntou-se ao Dott (considerado o maior ‘shopping online’ de Portugal) e aos CTT (que são responsáveis pelo processo de logística e distribuição), para levar “o melhor da Serra da Estrela” até ao consumidor, cumprindo todas as regras de segurança.

“Os envios serão gratuitos para todas as encomendas até ao fim da feira, para Portugal Continental e Ilhas”, referem os CTT – Correios de Portugal.

Segundo a empresa, “esta é uma oportunidade única para o país degustar os produtos típicos de Seia, como o são o afamado queijo de ovelha, o Queijo Serra da Estrela DOP [Denominação de Origem Protegida], os enchidos serranos, o vinho sub-região da Serra da Estrela, mas também o mel de urze, os licores, a broa e o Bolo Negro de Loriga”.

“Para os expositores, esta é uma forma de potenciar as suas vendas e de firmar a marca de Seia e da Serra da Estrela”, sublinha.

A iniciativa “segue as mais recentes tendências das transações comerciais, tendo por missão apoiar os produtores locais no escoamento dos seus produtos a nível nacional no atual contexto de pandemia covid-19, que impediu a realização de mercados físicos e alterou os hábitos de consumo dos portugueses”, lê-se.

“Os CTT serão responsáveis pelo processo de logística e distribuição dos produtos, em linha com a consciência que têm do papel crítico que desempenham na manutenção de cadeias de comunicação e logística vitais para a economia e a sociedade portuguesa, papel reforçado no atual contexto, apoiando também as empresas na presença nos canais digitais através das suas soluções e serviços”, refere a nota.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.508.786 mortos no mundo, resultantes de mais de 112,9 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.243 pessoas dos 802.773 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

LUSA/HN