IA revoluciona a medicina ao interpretar relatórios médicos e antecipar riscos de mortalidade

IA revoluciona a medicina ao interpretar relatórios médicos e antecipar riscos de mortalidade

Uma nova ferramenta baseada em IA pode, no futuro, ter capacidade de ler os relatórios elaborados pelos médicos e antecipar com precisão os riscos de morte, a readmissão hospitalar e outras possíveis complicações.

Criado por uma equipa da Faculdade de Medicina de Langone, em Nova Iorque, o ‘software’ já se encontra a ser testado em vários hospitais parceiros da universidade, com o objetivo de torná-lo uma prática comum entre a comunidade médica no futuro.

Um estudo sobre o seu possível interesse para esta área foi publicado esta quarta-feira na revista científica Nature, noticiou a agência France-Presse (AFP).

O seu principal autor, Eric Oermann, neurocirurgião e engenheiro informático, explicou que, embora os modelos preditivos não baseados em IA já existam há algum tempo, estes são pouco utilizados na prática, porque exigem um grande volume de dados, trabalho na inserção de dados e formatação.

Mas há “uma coisa que é comum à medicina em todos os lugares, é que os médicos anotam o que veem e o que falam com os pacientes”, realçou em entrevista à AFP.

“Portanto, a nossa ideia básica era saber se poderíamos partir de notas médicas como fonte de dados e construir modelos preditivos a partir delas”, destacou.

O modelo preditivo – NYUTron – foi formado a partir de milhões de observações médicas dos registos de 387.000 pacientes tratados entre janeiro de 2011 e maio de 2020 em hospitais ligados à Universidade de Nova Iorque.

Estas observações incluem os relatórios escritos dos médicos, as anotações sobre a evolução do estado do paciente, as radiografias e as imagens médicas, ou mesmo as recomendações dadas aos pacientes na alta hospitalar, formando um conjunto de 4.100 milhões de palavras.

Um dos principais desafios do ‘software’ foi conseguir interpretar a linguagem utilizada pelos médicos, que varia muito entre os profissionais, principalmente nas abreviaturas utilizadas.

Os investigadores também testaram a ferramenta em condições reais, em particular treinando-a para analisar relatórios de um hospital em Manhattan e depois comparando os resultados com os de um hospital no Brooklyn, com diferentes pacientes.

Observando o que aconteceu com os pacientes, os cientistas conseguiram medir o número de vezes que as previsões do ‘software’ se mostraram corretas.

Como conclusão perturbadora, o ‘software’ NYUTron identificou 95% dos pacientes que morreram em hospitais parceiros antes de receberem alta e 80% daqueles que foram readmitidos menos de um mês após a alta.

Estes resultados superaram as previsões da maioria dos médicos, assim como os modelos de computador não baseados em IA atualmente em utilização.

Mas, para surpresa de todos, um médico muito experiente, muito respeitado na comunidade médica, deu previsões “ainda melhores do que as do ‘software’”, acrescentou ainda Eric Oermann.

O ‘software’ também previu com sucesso 79% do tempo de permanência dos pacientes no hospital, 87% dos casos em que os pacientes tiveram o reembolso negado pelo seguro e 89% dos casos em que o paciente sofria de patologias adicionais.

A Inteligência Artificial nunca substituirá a relação médico-paciente, mas pode permitir “dar mais informação (…) aos médicos para que possam tomar decisões informadas”, concluiu.

LUSA/HN

Estudantes de Medicina em Valência vão poder fazer 6.º ano em Portugal

Estudantes de Medicina em Valência vão poder fazer 6.º ano em Portugal

O protocolo foi assinado entre a Universidade Católica de Valência, em Espanha, e a CESPU que, no final do ano passado, viu chumbada pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) uma proposta para a criação de um novo curso de Medicina.

Em declarações à agência Lusa, o diretor do departamento de Ciências da CESPU e coordenador do 1.º ciclo de estudos em Ciências Biomédicas explicou que a instituição conta receber, já a partir do próximo ano letivo, cerca de 40 estudantes, que farão a sua rotação clínica nos hospitais do grupo Trofa Saúde.

“Foi possível começar a contemplar Portugal da mesma forma que outras instituições internacionais com as quais a Universidade Católica de Valência já tinha protocolo, permitindo que os alunos se distribuam por vários países no último ano”, disse Ricardo Dinis-Oliveira.

Em Portugal, os estudantes vão passar por diferentes especialidades, estando previstas 970 horas de formação em prática hospitalar, com rotações a cada cinco semanas que incluem Medicina Interna, Cirurgia, Pediatria, Urgência, Unidades de Cuidados Intensivos e Medicina Geral e Familiar.

De acordo com o responsável, muitos dos alunos da universidade de Valência são portugueses que completaram a formação pré-clínica no Instituto Universitário de Ciências da Saúde da CESPU, através da licenciatura em Ciências Biomédicas, tendo depois obtido equivalência e prosseguido a formação médica em Valência, a partir do 4.º ano.

“O curso de Ciências Biomédicas foi programado para ter um plano de estudos altamente sobreponível com a formação que é dada nas universidades espanholas”, explicou Ricardo Dinis-Oliveira.

Nesses casos, os estudantes poderão agora regressar a Portugal para completar a sua formação.

Apesar de várias propostas apresentadas, a instituição de ensino portuguesa, do setor privado, não tem ainda um curso de Medicina. A proposta mais recente previa a criação de um mestrado integrado em que os primeiros três seriam feitos na licenciatura em Ciências Biomédicas e os quatro seguintes num mestrado em Medicina, sendo que também poderiam ser admitidos estudantes com licenciaturas equiparadas através de outra instituição.

O curso foi chumbado pela A3ES, que considerou que os objetivos não estavam suficientemente definidos e levantou questões quanto à licenciatura de Ciências Biomédicas da CESPU enquanto alternativa aos primeiros dois anos da formação em Medicina.

No entender de Ricardo Dinis-Oliveira, o protocolo agora assinado é, “simbolicamente, um atestado de competência” e reconhece a qualidade da licenciatura, bem como das unidades de saúde previstas no projeto para o curso de Medicina.

“Não estamos a falar de uma faculdade qualquer, mas de uma das melhores faculdades a formar médicos em Espanha”, sublinhou, considerando também que o reconhecimento da universidade de Valência, através do protocolo, legitima a proposta da CESPU que, para alguns alunos, vai passar a lecionar quatro dos seis anos do mestrado integrado espanhol.

LUSA/HN

Doentes vão poder recolher na farmácia medicamentos fornecidos por hospitais

Doentes vão poder recolher na farmácia medicamentos fornecidos por hospitais

“Já testamos o modelo de forma a garantirmos que há total segurança clínica em que esse medicamento seja distribuído próximo do sítio onde as pessoas moram, dependendo da vontade delas. Isto está a ser trabalhado do ponto de vista técnico, nomeadamente com a Ordem dos Farmacêuticos e com a Associação Nacional de Farmácias”, esclareceu o ministro.

Pizarro disse estar “seguro” de que “no segundo semestre deste ano, na parte final deste ano, o sistema estará generalizado com o benefício muito grande para a vida das pessoas”.

Entre “150 mil a 200 mil portugueses” têm de se deslocar uma vez por mês ao hospital para receber medicamentos, destinados a doenças mais complexas – como doenças oncológicas, doenças autoimunes e certas infeções, como o VIH SIDA – que são fornecidos gratuitamente pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) e “muitas dessas pessoas fazem centenas de quilómetros para levantar o medicamento”, referiu.

O ministro disse ainda que há “pequenas adaptações a fazer, nomeadamente ao nível dos circuitos informáticos”. “Temos de garantir que os medicamentos chegam às pessoas e que não há falhas no abastecimento, embora o abastecimento seja da responsabilidade do SNS”.

“Estamos, no fundo, a entregar de uma forma diferente aquilo que já entregávamos, em vez de obrigarmos as pessoas a fazer em alguns casos dezenas ou centenas de quilómetros para ir ao hospital, estamos a colocar o medicamente na farmácia à escolha da pessoa o mais próximo possível de sua casa”, frisou.

O ministro da Saúde falava aos jornalistas após participar na conferência para assinalar 40.º aniversário da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), que hoje se realizou no Palácio da Bolsa, no Porto.

Manuel Pizarro lembrou que nos últimos três anos começaram a sua formação nesta especialidade mais de 500 jovens médicos.

“A condição principal é formar os médicos suficientes para nos aproximarmos do objetivo de dar a cada português uma equipa de medicina familiar, a segunda condição é criarmos condições para que esses médicos sejam atraídos para ficar no SNS”, disse o ministro.

O governante acrescentou que, “no atual concurso, dos 307 médicos que acabaram a especialidade no continente 278 – um pouco mais de 90% – ficaram no SNS e ainda houve 36 médicos que não estando no SNS vieram ao concurso e ficaram”.

“É um trabalho que temos de continuar a fazer com persistência, temos agora de abrir novas fases deste concurso para tentarmos conseguir que mais algumas dezenas de médicos que estão fora do sistema venham para o SNS”, sublinhou.

Pizarro defendeu ainda a criação de modelos alternativos temporários de prestação de cuidados “para que a realidade no SNS não seja uma realidade boa para quem tem médico de família e ausência de cuidado para quem não tem”.

“Tem de haver modelos alternativos que vamos desenvolver nos próximos meses”, acrescentou.

“Se todos os concursos nos últimos anos tivessem corrido como este ano, com uma taxa de retenção superior a 80% em geral e superior a 90% para os recém-especialistas teríamos a situação bastante melhor do que temos atualmente”, considerou.

NR/HN/Lusa

Eutanásia: Ministro escusou comentar falta de elemento da Ordem dos Médicos

Eutanásia: Ministro escusou comentar falta de elemento da Ordem dos Médicos

“A lei terá sido promulgada pelo senhor presidente da República por estes dias, tanto quanto sei, nem publicada está no Diário da República [a lei foi publicada hoje em Diário da República], vamos tratar de um assunto que é delicado, que divide algumas opiniões na sociedade portuguesa, mas que é um assunto que teremos de tratar”, disse Manuel Pizarro.

No entender do ministro, “são mudanças na sociedade portuguesa que têm de ser introduzidas de forma paulatina para se tornarem normais para a vida das pessoas, respeitando as diferentes posições de cada um”.

“Estou confiante que o diálogo resolverá este assunto”, acrescentou.

O ministro falava aos jornalistas à margem de uma sessão sobre “Saúde, Qualidade de Vida, Envelhecimento e Políticas Públicas”, Conversas no Bonfim “Saúde e Qualidade de Vida 55+”, na Junta de Freguesia do Bonfim, no Porto.

A lei que despenaliza a morte medicamente assistida, conhecida como lei da eutanásia, foi publicada na quinta-feira em Diário da República, entrando em vigor 30 dias depois da regulamentação, que deverá ser aprovada pelo Governo num prazo de cerca de três meses.

A regulamentação da lei deverá estabelecer, entre outros pontos, o modelo de registo clínico dos pedidos de morte medicamente assistida e o modelo de relatório médico final.

De acordo com a lei, nos dois primeiros anos de vigência, a Comissão de Verificação e Avaliação dos Procedimentos Clínicos de Morte Medicamente Assistida (CVA) terá de apresentar um relatório de avaliação à Assembleia da República a cada semestre.

Este relatório deverá conter informação estatística detalhada sobre todos os elementos relevantes dos processos de morte medicamente assistida e eventuais recomendações.

A entidade, responsável por confirmar o cumprimento de todos os passos legais de cada processo de eutanásia e dar a autorização final para a sua concretização, está ainda envolta em dúvidas, porque o bastonário da Ordem dos Médicos já assegurou que não irá nomear nenhum profissional para representar os médicos.

NR/HN/Lusa

Técnicos de Emergência Médica defendem criação de paramédicos

Técnicos de Emergência Médica defendem criação de paramédicos

“Portugal deve empenhar-se na criação dos paramédicos, por forma a garantir a segurança da comunidade a que atende, de forma estratégica, fornecendo a igualdade de cuidados médicos de emergência a todos os portugueses, e só o fará com a paramedicina”, consideram.

Segundo a ANTEM, “não é financeiramente comportável a continuidade do atual sistema, que insiste em falhar invariavelmente, originando verdadeiras situações deploráveis”, já que Portugal não dispõe de profissionais de saúde em número suficiente para continuar num modelo obsoleto.

“Estes profissionais de saúde são cada vez mais necessários nos hospitais e demais infraestruturas da saúde, fornecendo os cuidados para os quais foram formados de base, nas especialidades que fizeram”, lê-se numa nota da ANTEM.

Um bebé de 11 meses morreu na sexta-feira ao final de tarde no hospital de Portimão enquanto aguardava transferência para Lisboa, já que o hospital de Faro estava sem serviço de Pediatria, disse à Lusa fonte oficial.

Segundo fonte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), quando as equipas se preparavam para transportar o bebé para o hospital de Faro de helicóptero, o seu estado clínico agravou-se, tendo a criança acabado por morrer ao final da tarde.

De acordo com a ANTEM, os paramédicos estão entre os profissionais de saúde mais versáteis do mundo e a paramedicina “é verdadeiramente a profissão apta a atuar em todos os extremos”.

“Por este e outros motivos, a ANTEM mantém a insistência na criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, não obstante o aparente desinteresse que se tem vindo a vislumbrar na busca da verdade, da responsabilização e de um novo caminho para o INEM”, conclui.