Sofia Duque: “Esperamos revolucionar paradigmas na 5.ª Reunião do NEGERMI”

Sofia Duque: “Esperamos revolucionar paradigmas na 5.ª Reunião do NEGERMI”

HealthNews (HN)- Sendo já a quinta reunião deste núcleo, o que é que traz de novo este ano?

Sofia Duque (SD) – A Reunião do Núcleo de Estudos de Geriatria é sempre uma oportunidade de abordarmos novos temas relevantes em Geriatria, abrangendo tópicos de natureza médica, mas também psicossocial e ética. Por outro lado, revisitaremos alguns temas já abordados em reuniões anteriores, mas que devem ser atualizados face à sua relevância no tratamento da pessoa idosa. De novo, teremos um workshop pré-congresso sobre sarcopenia e uma mesa de discussão multidisciplinar à volta de dois casos clínicos de doentes idosos.

HN- Quais os principais objetivos da reunião?

SD – O objetivo primordial desta reunião é fomentar a abordagem global da pessoa idosa, tanto no hospital como na comunidade e instituições, aproximando os vários profissionais de saúde que cuidam dos idosos, reconhecendo que todos são necessários para o tratamento completo do idoso. Esperamos contribuir para a melhoria dos cuidados de saúde dos nossos idosos, potenciando a sua autonomia e bem-estar.

HN- Quais os temas que merecem um maior destaque/ importância?

SD – Todos os temas selecionados são importantes e dada a grande abrangência e curriculum próprio da Geriatria foi um desafio eleger os temas a abordar nesta reunião. O Secretariado do NEGERMI construiu o programa desta reunião após um brainstorming, que procurou conciliar os tópicos mais específicos da Geriatria com as necessidades práticas da vivência clínica, sem esquecer os diferentes níveis de assistência clínica dos doentes idosos e os diferentes estádios funcionais e cognitivos das pessoas idosas.

HN- Quais os hot-topics em Geriatria?

SD – Na nossa reunião vamos falar sobre a comunicação com doentes idosos com défice cognitivo e auditivo. Focaremos várias síndromes geriátricas como a insónia, a fragilidade, a dor crónica. Teremos uma mesa especialmente dedicada ao doente com Doença de Parkinson, um exemplo paradigmático do doente geriátrico, e focar-se-ão as quedas e hipotensão ortostática e a disfagia. Também haverá sessões sobre a nutrição e a vacinação em Geriatria, dois pilares para um envelhecimento saudável e bem-sucedido. Vários desafios da prática clínica em Geriatria serão discutidos como a avaliação da capacidade de condução, a gestão do luto e a desprescrição de benzodiazepinas. Dois modelos de cuidados geriátricos especializados em Geriatria vão ser desvendados: a Oncogeriatria e a Medicina Geriátrica Peri-Operatória. Novos fármacos populares em Medicina Interna irão ser analisados à luz dos princípios fundamentais da Geriatria e tentaremos obter respostas para alguns dilemas terapêuticos da prática clínica: O tratamento da osteoporose deve ser diferente consoante o local do esqueleto com menor T score? No idoso frágil, os fármacos anti-hipertensores e alvos terapêuticos devem ser diferentes? E que fármacos e dispositivos inalatórios devemos eleger para tratar DPOC no idoso frágil? Também teremos uma apresentação dos Palhaços d’Opital e encerraremos com chave-de-ouro discutindo com uma verdadeira equipa multidisciplinar dois casos clínicos de doentes idosos, um hospitalizado e outro a viver na comunidade.

HN- Quais as doenças geriátricas que mais preocupam os profissionais de saúde?

SD – Pergunta desafiante e provocatória… Porque frequentemente as doenças que mais preocupam os profissionais de saúde nem sempre são as que mais preocupam os idosos nem as que mais influem na sua qualidade de vida. Esperamos na Reunião do NEGERMI tocar em várias doenças que preocupam os idosos, já que o nosso objetivo é preservar o seu bem-estar e qualidade de vida. Desta forma, é expectável e mesmo desejável que na reunião se fale de muitos aspetos que antes não valorizámos na prestação de cuidados a pessoas idosas. Esperamos assim revolucionar paradigmas!

HN- A Geriatria é uma especialidade que merece uma maior atenção do que aquela que tem?

SD – A Geriatria encontra-se claramente subdesenvolvida em Portugal. Não existem respostas clínicas especializadas em Geriatria de forma estrutural no serviço nacional de saúde, apesar de Portugal ser um dos países mais envelhecidos da Europa. Pontualmente, em alguns hospitais existem consultas de Geriatria geral ou especializadas numa subpopulação com necessidades especiais – uma minoria dos idosos portugueses tem acesso a tais consultas; em ambiente de internamento hospitalar contar-se-á pelos dedos de uma mão modelos que funcionam em pleno de acordo com os princípios fundamentais da Geriatria; a presença obrigatória de um Geriatria nas unidades de cuidados continuados ou nos estabelecimentos residenciais para idosos é atualmente uma utopia…. E os poucos avanços que ocorreram nos modelos assistenciais em Geriatria nos últimos anos, fruto da perseverança e determinação de alguns entusiastas da Geriatria, rapidamente sofreram um retrocesso avassalador com a pandemia; no fundo, porque as respostas clínicas especializadas em Geriatria nunca foram consideradas um direito básico dos idosos, mas antes uma resposta clínica supérflua, secundária e substituível por outros modelos clínicos menos especializados. Quando em Espanha a maioria dos hospitais tem serviços de Geriatria, em Portugal ainda tentamos desenvolver projetos piloto movidos essencialmente pela preferência individual de algum profissional menos ortodoxo e com ideias disruptivas, incompreendidas pela maioria dos seus pares. Mas mais do que falar da Geriatria, importa falar das pessoas idosas e perguntar porque não têm os mesmos direitos e acessibilidade a cuidados de saúde especializados que os seus pares a viver em Espanha, França ou Bélgica? Será a essência dos idosos portugueses diferente dos seus congéneres europeus?…

HN- De que forma é que se pode promover o bem-estar dos idosos?

SD – Para promover o bem-estar dos idosos é fundamental valorizar as suas prioridades, objetivos e expetativas e considerar as várias dimensões da pessoa. Se os cuidados de saúde são fundamentais, tão ou mais importante podem ser a socialização, o envolvimento em atividades lúdicas, a espiritualidade, a autonomia de tomar decisões e fazer escolhas, a capacidade económica para viver dignamente e com conforto.

 

Núcleo de Estudos de Geriatria lança campanha de sensibilização à vacinação

Núcleo de Estudos de Geriatria lança campanha de sensibilização à vacinação

A campanha arranca na data em que se celebra o Dia Internacional do Idoso.

A iniciativa, que acontece pelo segundo ano consecutivo, “destina-se a sensibilizar todos os idosos, os seus cuidadores e familiares, para a necessidade, segurança e eficácia da vacinação contra diversas infeções, com destaque nesta altura do ano para a gripe e a pneumonia, na população idosa”, informa o comunicado enviado à Lusa.

“A Direção Geral de Saúde (DGS) já recomenda a vacinação de alguns doentes crónicos e imunodeprimidos contra a doença pneumocócica invasiva e a pneumonia pneumocócica, mas, pela elevada suscetibilidade dos idosos a estas infeções e a sua potencial gravidade, consideramos importante expandir esta recomendação a todos os idosos, com ou sem doenças associadas”, afirma o responsável da campanha, Paulo Almeida, na nota.

Esta campanha assinala a importância das vacinas antipneumocócicas, da vacina contra a Zona, contra o tétano e a difteria –  a única incluída no Programa Nacional de Vacinação para idosos -, e contra a gripe – recomendada anualmente pela DGS para os indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos.

Paulo Almeida esclarece que “os idosos são mais suscetíveis às infeções devido à diminuição progressiva da resposta imune com o envelhecimento associada às comorbilidades e síndromes geriátricas, pelo que sem programas específicos de vacinação, as doenças infecciosas continuarão a ter um impacto muito negativo nesta população nas próximas décadas”.

“O aumento da esperança de vida justifica uma cuidadosa adaptação das recomendações vacinais à terceira idade, tendo por base uma melhor compreensão das razões subjacentes à baixa taxa de cobertura, bem como um melhor conhecimento da imuno-senescência”, destaca o documento, sublinhando que como “para os idosos não tem havido um plano de vacinação específico”, tem havido uma “baixa taxa de cobertura vacinal neste escalão etário”.

“As vacinas atualmente disponíveis têm um potencial suficiente para baixar o peso das doenças infecciosas nos idosos, independentemente de viverem no domicílio ou em instituições, prevenindo internamentos hospitalares e a deterioração funcional com subsequente diminuição da qualidade de vida”, acrescenta.

A título de exemplo, o NEGERMI indica que “as infeções do trato respiratório inferior são a quarta causa de morte nos países desenvolvidos, sendo três vezes mais frequentes acima dos 60 anos”, e que “o tétano ainda aparece em muitos países, incluindo Portugal, especialmente na população acima dos 50 anos”.

LUSA/HN

Núcleo de Estudos de Geriatria lança campanha contra preconceitos na velhice

Núcleo de Estudos de Geriatria lança campanha contra preconceitos na velhice

A ação, denominada “Os Idosos são Valiosos”, vai ser dada a conhecer na véspera do Dia Mundial dos Avós e conta com a participação de 39 personalidades de diversos quadrantes da sociedade portuguesa e com a participação especial do Papa Francisco.

“A nossa espécie passou a viver muitos mais anos, a sociedade evoluiu. O conceito de que ser velho é ser doente e que a maioria dos velhos são doentes, dependentes e dementes, confirmou-se afinal como preconceito”, refere no comunicado o coordenador do NEGERMI, João Gorjão Clara.

“Os velhos de hoje são, na maioria, autónomos, sem compromisso cognitivo e sentem-se saudáveis”, acrescenta.

Marcelo Rebelo de Sousa, Adriano Moreira, Eunice Munhoz, José Jorge Letria, Rui de Carvalho, Rui Nabeiro e Simone de Oliveira são algumas das figuras de renome que aceitaram dar o seu testemunho.

“A ideia chave, a ideia força desta campanha é valorizar o papel daqueles que mais experiência têm, que mais deram e receberam ao longo das suas vidas e que não podem ser esquecidos. Antes, devem ser valorizados”, frisa o Presidente da República para a campanha.

O médico geriatra João Gorjão Clara diz na nota que “o envelhecimento populacional provocou algumas perturbações nas sociedades ditas evoluídas”.

Os idosos, continua, são “ignorados nas qualidades e conhecimentos com que uma longa vida os enriqueceu”, sendo marginalizados e até “violentados física e psicologicamente pela sociedade e muitas vezes pelos familiares”.

“Com esta iniciativa pretendemos também demonstrar que a especialidade de Geriatria não se limita apenas à intervenção na prevenção e tratamento das doenças, mas tem também o dever de se preocupar com o reconhecimento dos direitos, a defesa do bem-estar e da qualidade de vida dos idosos”, conclui Gorjão Clara.

A campanha será divulgada na RTP, na Rádio Renascença e nas redes sociais da SPMI.

LUSA/HN

SPMI quer promover a formação em geriatria

SPMI quer promover a formação em geriatria

De acordo com a coordenadora-adjunta do NEGERMI, Sofia Duque, “o grande objetivo desta reunião é promover a formação em geriatria a todos os profissionais de saúde que cuidem de idosos em vários níveis de cuidados assistenciais – ambulatório/comunidade, hospital e instituições”.

Os especialistas referem que a pandemia da Covid-19 veio enfatizar que as pessoas idosas apresentam elevada vulnerabilidade a eventos adversos, por exemplo relacionados com o confinamento no domicílio. É neste sentido que a SPMI sublinha a importância da atualização de conhecimentos sobre Geriatria, uma vez que os idosos “carecem de cuidados de saúde e sociais especializados”.

Na reunião irão ser abordados temas como a diabetes no doente idoso, dilemas no tratamento farmacológico, projetos para a promoção do envelhecimento saudável, promoção da autonomia do doente idoso, gestão do doente fora do internamento, a importância da geriatria nas outras especialidades e, a alimentação no doente idoso com demência entre outros.

Esta reunião é direcionada a médicos de Medicina Interna e especialistas de outras áreas da saúde que perspetivem obter e partilhar conhecimentos, experiências e visões no âmbito da medicina geriátrica. “Destaca-se ainda a possibilidade de apresentação de trabalhos, estando aberta a submissão de abstracts até dia 30 de setembro.”

Os participantes poderão assistir em direto ou em diferido uma vez que as sessões serão gravadas e disponibilizadas na plataforma.

Os interessados devem consultar mais informação Aqui.

PR/HN/Vaishaly Camões