10/05/2023
Apesar do forte impacto no dia-a-dia dos doentes, a dirigente da Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino (APDI) garante que “com um tratamento adequado, exercício físico e uma alimentação saudável” é possível garantir a qualidade de vida dos doentes. E por considerar que apenas um sabe a pouco, a ADPI promove ao longo deste mês um conjunto de webinars dedicados às DII.
HealthNews (HN)- Quais são os principais sintomas destas doenças e por que razão o diagnóstico precoce é tão importante?
Ana Sampaio (AS)- Os principais sintomas das Doenças Inflamatórias do Intestino passam pela perda de peso, diarreia, dor abdominal, fadiga e febre. No caso da Colite Ulcerosa, os doentes podem apresentar fezes com sangue. Portanto, quando mais cedo for feito o diagnóstico menos grave será a doença no futuro. Tratar-se de uma patologia silenciosa e, muita vezes, a sua progressão é muito rápida. Daí ser tão importante atuar de forma precoce.
HN- As Doenças Inflamatórias do Intestino não têm idade, afetando cada vez mais jovens e adultos em idade ativa. Como é que estes doentes lidam com a doença?
AS- Numa fase inicial, estas pessoas têm alguma dificuldade em conseguir lidar bem com a patologia. Quando o diagnóstico é feito, os doentes apresentam muitos sintomas e, portanto, ficam a achar que ao ser uma doença crónica vão ter que viver o resto da vida com as queixas. É por isso que na nossa associação desconstruímos todos esses medos e os informamos de que com um tratamento adequado, exercício físico e uma alimentação saudável é possível ser feliz apesar de ter Doença de Crohn ou Colite Ulcerosa.
HN- De que forma estas doenças afetam o dia-a-dia dos doentes?
AS- Numa fase inicial, é preciso realizar muitas consultas e exames, levando a que o doente se tenha de ausentar do trabalho. Por outro lado, as DII também têm forte impacto na vida social. Quando os sintomas estão muito exacerbados, muitos doentes acabam por não ir a uma festa ou a um encontro familiar.
HN- São doenças com impacto psicológico e emocional bastante significativo…
AS- Sem dúvida. Muitos doentes sentem vergonha em falar sobre a sua condição.
É por isso que na nossa associação temos consultas de psicologia. Os nossos especialistas tentam sempre explicar que há momentos de crise, e que nesses períodos pode ser necessária alguma adaptação na vida social e laboral, mas que são momentos pontuais.
O facto de estas pessoas terem de ir muitas vezes a casa de banho pode ser um fator de stress. Muitos doentes quando vão a algum sítio a primeira coisa que querem saber é onde fica a cada de banho.
HN- A ADPI promove nos dias 9, 16, 23 e 30 de maio um conjunto de sessões online. Quais os assuntos que irão ser discutidos?
AS- A primeira sessão será sobre a doença na mulher, na fertilidade, no período da gravidez e na amamentação. Há muitas pessoas que estão sob tratamento e têm muitas dúvidas sobre se podem ou não amamentar. Desta forma, iremos contar com a presença de um especialista e de uma mãe.
A segunda sessão será dirigida ao surgimento da doença na idade pediátrica e nos jovens. Para tal, o webinar vai contar com o testemunho de uma jovem e com a participação de um pediatra e de uma psicóloga.
A terceira sessão sobre as DII no adulto. Nesta sessão iremos contar com a colaboração de uma enfermeira. Estes profissionais são muito importantes na gestão da doença. Muitos doentes fazem a medicação em hospitais de dia e quem lá esta é normalmente um enfermeiro e, pontanto, quem presta apoio.
O último webinar será dirigido para os doentes mais idosos, pois sabemos que há um segundo pico da doença por volta dos setenta anos. A sessão irá contar com a intervenção de um gastroenterologista, um nutricionista e de um associado.
Entrevista de Vaishaly Camões
02/05/2023
“O biomarcador digital e-DASTHMA poderá ser um importante auxílio não só no acompanhamento de pacientes com asma não controlada, como também na tomada de decisão partilhada e, futuramente, na geração de alertas diários para pacientes ou médicos”, afirma hoje, em que se assinala o Dia Mundial da Asma, a FMUP.
A investigação, publicada na revista The Lancet Digital Health e também liderada pelo Centro Hospitalar Universitário Charité (Alemanha), recorreu a dados do “mundo real” através de uma aplicação móvel gratuita de doenças respiratórias, intitulada MASK-air.
“Os investigadores analisaram o equivalente a 135 mil dias de mais de 1.500 pacientes com rinite alérgica e asma”, esclarece a faculdade.
O trabalho, que reuniu investigadores oriundos de mais de 10 nacionalidades, comprovou que o novo método eletrónico pode também ajudar na estratificação dos pacientes para a seleção de medicamentos biológicos, aplicação em ensaios clínicos ou estudos observacionais.
Citado no comunicado, o primeiro autor do estudo, Bernardo Sousa Pinto, esclarece que este tipo de ferramentas “possibilita uma prestação de cuidados de saúde mais personalizada, permitindo identificar os casos que requerem cuidados médicos de maior proximidade, bem como orientar o tratamento atendendo ao seu perfil de controle e adesão”.
Atualmente, são utilizados questionários que permitem avaliar a evolução dos sintomas por períodos de uma ou mais semanas no controlo da asma.
“Se a esses questionários acrescentarmos este tipo de dados de informações diárias, estamos a contribuir para melhorar o controlo da asma neste grupo de doentes”, afirma Bernardo Sousa Pinto.
O professor da FMUP e investigador do CINTESIS acrescenta ainda que a ferramenta desenvolvida é “inovadora” porque, ao contrário de outro tipo de questionários, “tem em conta, simultaneamente, os sintomas e o uso de medicação”
No artigo, os investigadores referem que o novo método de medição é ainda “capaz de evitar os vieses de memória associados a avaliações de longo prazo”, o que permitirá uma “melhor identificação” da ocorrência de exacerbações da asma.
Este novo método, baseado em biomarcadores digitais, é também comparado pelos investigadores à abordagem adotada na prática clínica para a monitorização da diabetes, na qual a hemoglobina glicada é usada para o controlo a longo prazo e a glicemia para a avaliação diária.
LUSA/HN
20/03/2023
A otite é uma inflamação ou uma infeção de causa viral ou bacteriana no ouvido, seja por vírus, fungos ou bactérias, que causa geralmente dor.
Os tipos de otite
Uma otite é uma inflamação ou uma infeção do ouvido, sendo que o ouvido tem essencialmente três partes. Há vários tipos de otite, que variam conforme a parte do ouvido afetada, a causa e o seu tempo de duração.
- A labirintite (otite “interna”) começa para lá do tímpano e onde se localizam o caracol e a cóclea, responsáveis pelo nosso equilíbrio. Perto de estruturas como os nervos vestíbulo-cocleares, estas otites são muito complicadas e menos frequentes.
- A otite externa ocorre no ouvido externo, que vai da orelha até ao final do canal auditivo. Tratando-se de uma infeção da pele, ocorre sobretudo no verão e resulta da entrada de corpos estranhos no ouvido, como os cotonetes e os bicos das toalhas, especialmente em ouvidos húmidos. Por exemplo, ao tentar secar o ouvido, as pessoas fazem uma pequena ferida na pele, que permite que as bactérias que vivem na nossa pele consigam migrar e infetar.
- A otite média aguda é a mais comum de todas e afeta a parte média do ouvido, que vai do tímpano até o final dos ossículos — martelo, bigorna e estribo. Mais frequente nas crianças, está também relacionada com o facto de o ouvido estar bem ou mal ventilado pelo nariz e nasofaringe, resultando numa infeção respiratória. Está mais relacionada com aquelas constipações, com aquelas infeções virais do nariz e da garganta, que levam a que o ouvido fique mal arejado, porque a trompa de Eustáquio, tubo que liga o ouvido ao nariz e que serve para ventilar, essa trompa deixa de estar a funcionar bem, os ouvidos acabam por infetar e podem até rebentar e deitar pus.
Além destes tipos de otites, há ainda a otite média serosa. É uma doença muito frequente em crianças mais pequenas e que por vezes até leva a que sejam operados aos adenoides e a colocar tubos de ventilação. São otites também, mas inflamatórias, sem infeção, seja por bactérias ou vírus.
Fatores de risco da otite
Os fatores de risco dependem do tipo de otite em causa.
- Na otite externa, as pessoas que mexem nos ouvidos são as que têm normalmente otites externas.
- A otite média aguda ou a otite média serosa dependem de uma série de fatores — anatómicos, alérgicos, imunitários. Por exemplo, as crianças portadoras de síndrome de Down têm com maior frequência otites serosas, por razões anatómicas. É muito mais difícil ventilar os seus ouvidos, mas há também crianças, as mais pequeninas, e alguns adultos, que são mais suscetíveis a este tipo de patologia.
Sintomas
Fundamentalmente, a dor é o grande sintoma. Na otite externa e na otite média aguda, a dor é contínua e constante, enquanto na otite serosa é uma dor em pontada e que se interrompe. A criança pode acordar a meio da noite agarrada ao ouvido a dizer que dói e cinco minutos depois está a dormir já sem dor.
Tratamentos
Na otite bacteriana, o tratamento é o antibiótico, oral ou tópico, enquanto, na otite serosa, o tratamento passa por procurar ventilar melhor o ouvido médio, recorrendo a anti-inflamatórios e a uma boa higiene nasal.
Quando estes tratamentos não resultam, há que recorrer então a uma cirurgia. Este último tratamento é reservado habitualmente para estas otites e para as otites crónicas.
As otites crónicas são aquelas que têm uma doença específica, que é o colesteatoma, que é uma doença do ouvido — é a pele do ouvido que começa a crescer ultrapassando as outras células, nomeadamente as células ósseas, destruindo o osso. Há ainda as outras otites crónicas que deitam pus, mas que são mais simples e que no fundo resultam de uma infeção continuada através de uma perfuração do tímpano, essas são as otites crónicas e obviamente mais raras, são otites mais frequentes em sociedades com piores cuidados de saúde. É muito importante diagnosticar e tratar precocemente, nomeadamente na criança, de forma a evitar estas formas crónicas.
17/03/2023
Os dados resultam de um inquérito feito no ano passado pela Sociedade Portuguesa de Ginecologia, que aponta para a existência no país de cerca de 350 mil mulheres com a patologia, uma em cada 10 em idade fértil, a maioria entre os 30 e os 35 anos.
Em declarações à Lusa no mês da endometriose, a especialista em endometriose Filipa Osório, que é também membro da direção da Secção de Endoscopia da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, sublinhou que a origem da doença inflamatória não é totalmente conhecida e não tem cura.
Mas acentuou a importância de um diagnóstico atempado, que permita perceber qual o tratamento adequado a cada caso, que mantenha a doença “controlada, estável”, para devolver à mulher qualidade de vida.
A dor incapacitante é a principal manifestação dos sintomas, mas também pode ser o aparecimento de massas pélvicas ou a dificuldade em engravidar.
“A mulher com uma dor menstrual que a incapacite de fazer as suas atividades diárias deve procurar ajuda especializada, para tentar excluir ou diagnosticar” a endometriose, alertou, à Lusa, a ginecologista-obstetra.
Segundo Filipa Osório, “é normal ter uma dor tolerável e que passa com um paracetamol, mas uma dor que é incapacitante tem de ser investigada, para se perceber o que deve ser feito para devolver à paciente qualidade de vida”.
Susana Fonseca, presidente da MulherEndo – Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose, lamentou o desconhecimento e os “muitos mitos associados enraizados na sociedade, que levam à desvalorização dos sintomas” pela própria mulher e também por profissionais de saúde.
A responsável sublinhou existir a ideia de que “ter dor menstrual ou dor associada às relações sexuais é normal”.
“Esses mitos vão-se perpetuando, levam a que a mulher não procure logo ajuda e a um diagnóstico tardio”, mas existe uma diferença entre um desconforto e uma dor que impede de fazer a vida normalmente, alertou.
A presidente da MulherEndo contou que já fez quatro cirurgias, por os sistemas urinário e gastrointestinal terem ficado comprometidos, uma vez que foram precisos “muitos anos e muitos médicos” até ter um diagnóstico e o problema escalou.
No entanto, frisou, o tratamento deve ser multidisciplinar, “adequado a cada situação” e à agressividade da doença em cada mulher.
Embora não haja forma de prevenir a doença inflamatória que resulta da implantação do endométrio fora da cavidade uterina, provocando “quistos, nódulos, aderências”, é possível controlá-la, por exemplo através da conjugação de hábitos de vida saudáveis com a terapêutica, normalmente um tratamento hormonal, não indicado para todas as doentes.
A adoção de uma alimentação com restrições nos produtos lácteos, carnes vermelhas, glúten, açúcares processados ou café e álcool evitam uma dor tão intensa.
O exercício físico também funciona como anti-inflamatório, explicou Filipa Osório, segundo a qual se tenta, sempre que possível, evitar a cirurgia, embora qualquer tratamento possa ser reversível e a dor voltar.
A médica enfatizou a importância de um diagnóstico precoce em mulheres que querem engravidar, para se tentar “preservar ao máximo a reserva dos ovários” e “assegurar a possibilidade de uma gravidez futura”.
Filipa Osório acentuou que metade das mulheres com infertilidade têm endometriose e, dessas, uma em cada três precisa de ajuda para engravidar.
Para sensibilizar a sociedade para a necessidade de procurar ajuda atempada e desmistificar a normalidade com que se encara a dor menstrual ou sexual, assim como alertar para o impacto que a endometriose pode ter na vida das mulheres e reduzir o desconhecimento, realiza-se em 25 de março a EndoMarcha, com início às 14:00 junto ao Pavilhão de Portugal, no Parque nas Nações.
Em 17 de fevereiro, o parlamento discutiu uma petição da MulherEndo para a criação de uma estratégia nacional de combate à doença, que reuniu mais de oito mil assinaturas e que motivou projetos de lei e projetos de resolução de todos os partidos com representação parlamentar.
No entanto, o PS chumbou todos os projetos de lei e projetos de resolução que previam mais direitos laborais e assistenciais a estas pacientes.
De acordo com o guião de votações, os socialistas apenas aprovaram o seu projeto de resolução, para uma estratégia nacional de combate a estas doenças, e uma do PAN, para um dia nacional de sensibilização.
LUSA/HN
25/01/2023
Citado na nota de imprensa hoje divulgada pela SPAVC, Vítor Tedim Cruz alerta que “o AVC continua a ser a principal causa de morte em Portugal, sendo que, se vivermos tempo suficiente, uma em cada quatro pessoas vão ter um”.
O responsável explicou que “existem alguns fatores de risco que, ao acumularem-se, aumentam a probabilidade de a pessoa ter um AVC a partir dos 55 anos e, em alguns casos, numa idade ainda menor”.
A hipertensão, a baixa atividade física, a alimentação pouco saudável, o excesso de peso, a fibrilação auricular, o tabagismo, o consumo de álcool, o colesterol elevado, a diabetes, a depressão e o stress são apontados como 10 fatores de risco pela Organização Mundial da Saúde.
Apesar de em Portugal a mortalidade por AVC apresentar uma tendência decrescente, os especialistas alertam para a necessidade da prevenção e a importância de saber identificar os principais sintomas do AVC.
A iniciativa FAST Heroes 112 surge como uma resposta a esta necessidade. Através de recursos educativos interativos gratuitos e com a ajuda dos professores portugueses, tem como objetivo educar crianças entre os 5 e os 9 anos e os seus familiares. Pretende-se, assim, que as crianças adquiram competências práticas para salvar vidas de uma forma envolvente e divertida.
PR/HN/VC