16/05/2023
“Depois de não se terem registado infeções por Marburg durante os 21 dias estipulados pela OMS [Organização Mundial da Saúde] e após o magnífico trabalho e resultados obtidos na luta e contenção deste vírus: declarei hoje [segunda-feira] o fim do vírus de Marburg na Guiné Equatorial”, escreveu Nguema na rede social Twitter.
De acordo com dados da OMS, a Guiné Equatorial registou, até 20 de abril, 12 mortes entre os casos confirmados laboratorialmente, com uma taxa de mortalidade de 75%. Quatro dos casos confirmados recuperaram, sendo desconhecido o que aconteceu ao outro infetado.
O vírus continua ativo na Tanzânia, que registou um total de nove casos entre 16 de março e 30 de abril, incluindo oito confirmados laboratorialmente e um provável.
Até à data, foram notificadas na Tanzânia seis mortes (taxa de mortalidade de 66,7%), incluindo um caso provável e cinco casos confirmados, e dos casos confirmados, três recuperaram.
Na semana passada, a OMS enalteceu as autoridades de saúde de ambos os países por “mostrarem um forte compromisso político”, tendo nas últimas semanas “reforçado ainda mais as funções críticas de resposta”, como a vigilância da doença, incluindo nos pontos de entrada e saída das áreas afetadas, atividades laboratoriais, gestão de casos clínicos, prevenção e controlo de infeções ou comunicação de risco e participação da comunidade.
A organização recomendou que seja mantida a vigilância, mas considera que não se justificam restrições de viagens ou comércio com a Guiné Equatorial ou a Tanzânia.
O vírus de Marburg, para o qual não há vacina, é transmitido aos seres humanos através de morcegos e propaga-se através do contacto direto com os fluidos corporais de pessoas, superfícies e materiais infetados.
A doença começa de forma aguda, com febre alta, dor de cabeça intensa e mal-estar, podendo evoluir para sintomas hemorrágicos graves e a taxa de mortalidade varia, podendo chegar aos 80%.
LUSA/HN
26/03/2023
“Especialistas treinados pela OMS e pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos foram destacados para a área afetada para fornecer cuidados médicos e rastrear possíveis contactos”, revelou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em conferência de imprensa.
Até agora, foram confirmados oito casos na Tanzânia, país vizinho de Moçambique, dos quais cinco morreram, e pelo menos 160 contactos foram identificados como afetados e estão a ser sujeitos a controlos, detalhou o diretor geral da OMS.
“Tal como acontece com o Ébola, é um vírus com uma elevada taxa de mortalidade”, confirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, recordando que, por enquanto, não há vacinas ou tratamentos contra a doença, mas há vários produtos em ensaios clínicos.
Segundo as autoridades da Guiné-Equatorial, 11 pessoas morreram da doença de Marburg, num surto comunicado pela primeira vez em 07 de janeiro, mas a OMS confirmou até agora nove casos, dos quais oito esta semana, elevando o total para 20 suspeitos.
Os surtos declarados da doença em África desde a década de 1970 causaram mais de 3.500 mortes e antes dos dois países agora afetados ocorreram no Gana, Guiné, Uganda, Angola, República Democrática do Congo, Quénia e África do Sul.
Tal como o Ébola, o vírus de Marburg provoca hemorragias súbitas e pode levar à morte em poucos dias, com um período de incubação de dois a 21 dias e uma taxa de mortalidade de até 88%.
A doença foi detetada em 1967 na cidade alemã de Marburg – origem do seu nome – por técnicos de laboratório que foram infetados enquanto investigavam macacos trazidos do Uganda.
17/03/2023
Foram detetados casos de “poliovírus derivado de vacina em circulação do tipo 2 (cVDPV2)” “numa criança de 4 anos no distrito de Isalé, no Burundi ocidental, que não tinha sido vacinada contra a poliomielite, bem como em duas outras crianças que eram contactos do rapaz de 4 anos”, disse a OMS numa declaração.
Cinco amostras “da monitorização ambiental das águas residuais” também confirmaram a presença do poliovírus, adiantou a organização.
Segundo a OMS, o Governo do Burundi, que declarou a deteção do vírus uma “emergência nacional de saúde pública”, planeia lançar uma campanha de vacinação contra a poliomielite para proteger todas as crianças dos 0 aos 7 anos contra o vírus.
“A deteção do poliovírus circulante tipo 2 mostra a eficácia da vigilância da doença no país. A poliomielite é altamente contagiosa e é essencial agir rapidamente para proteger as crianças através de uma imunização eficaz”, disse a diretora regional para África da OMS, Matshidiso Moeti.
A responsável afirmou que a organização apoia “os esforços nacionais para aumentar a imunização contra a poliomielite de modo a que nenhuma criança fique para trás e em risco de sofrer os efeitos debilitantes da doença”.
Segundo a OMS, “o poliovírus de tipo 2 em circulação” é a forma mais comum de poliomielite em África e os surtos deste tipo de poliovírus são os mais comuns na região, com mais de 400 casos de “paralisia flácida aguda” registados em 14 países afetados em 2022.
A poliomielite é uma das causas de paralisia flácida aguda, “definida como o início agudo de fraqueza ou paralisia com tónus muscular reduzido em crianças”, de acordo com a OMS África.
LUSA/HN
09/03/2023
“Estamos muito preocupados com as notícias de um surto de sarampo na região”, disse o porta-voz do ACNUR para a Etiópia, Neven Crvenkovic.
Os refugiados chegaram à região somali da Etiópia fugindo dos combates entre o Exército Regional da Somalilândia, uma região autoproclamada secessionista independente no norte da Somália, e civis antigovernamentais armados.
“Continuamos a ver recém-chegados, embora em menor número”, disse o porta-voz, que agradeceu às autoridades etíopes por manterem “as suas fronteiras abertas para estas pessoas que fogem da violência e insegurança”.
Crvenkovic disse também que muitos refugiados perderam o seu meio de subsistência e necessitam desesperadamente de assistência nutricional e de instalações médicas.
Os serviços públicos de educação ou saúde nas três áreas da região somali que acolhem refugiados (Bokh, Galhamur e Danod) são escassos.
O porta-voz salientou que um dos maiores desafios é o fornecimento de água numa área onde antes da chegada dos refugiados somalis já havia 45.000 pessoas deslocadas internamente devido a uma seca intensa, a pior registada no Corno de África nos últimos 40 anos.
Os confrontos de que fogem estes refugiados começaram a 06 de fevereiro em Las Anod, a capital administrativa da região de Sool no sul da Somalilândia, um território disputado pela própria Somalilândia e pelo vizinho estado somali de Puntlândia.
O exército da Somalilândia lançou um ataque à sede de um comité de 33 pessoas nomeadas pelos líderes tradicionais para discutir o futuro da região Sool como pertencente à Somalilândia ou Somália, incitando os civis a pegar em armas para se defenderem, disseram as autoridades locais.
No entanto, o Ministério da Informação da Somalilândia deu uma versão diferente dos acontecimentos, relatando que as suas bases do exército e sede do ministério em Las Anod “estiveram sob forte fogo de terroristas armados mobilizados por líderes anarquistas tradicionais da cidade”.
Desde então, mais de 200 pessoas foram mortas, segundo as autoridades de Las Anod, e até 200 mil pessoas foram deslocadas dentro da Somalilândia, informou hoje a ONU.
A Somalilândia encontra-se numa crise política depois de o seu presidente, Muse Bihi Abdi, ter decidido prolongar o seu mandato, que deveria ter expirado em novembro passado, por um período de dois anos e cancelado a realização de eleições regionais.
A Somalilândia, que foi um protetorado britânico até 1960, não é reconhecida internacionalmente, embora tenha a sua própria Constituição, moeda e Governo, e um melhor desenvolvimento económico e estabilidade política do que a Somália.
A região declarou a sua separação da Somália, uma antiga colónia italiana, em 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barré foi derrubado.
Nas últimas décadas, a Somália e a Somalilândia encetaram, sem sucesso, várias tentativas de diálogo sobre a independência da região.
LUSA/HN
06/03/2023
Esta manhã, numa ação de protesto organizada pelo CESP – Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços – cerca de duas dezenas de pessoas, entre funcionárias e elementos sindicais, exigiram a valorização dos seus salários e direitos, e denunciaram estas alegadas questões sanitárias.
“Além das péssimas condições de trabalho, continua a haver um problema grave de saúde, devido à escabiose, também conhecida por sarna. Já é a segunda ou terceira vez que o surto acontece. Começou há meio ano, com mais de 20 casos entre trabalhadores e utentes, e surgiu de novo”, disse Marisa Ribeiro, coordenadora do CESP.
A sindicalista afirma que “a cada dia que passa há um novo caso”, entre funcionários e utentes, garantindo que, atualmente, “mais de 15 trabalhadores estão com sarna” e apontando inação por parte dos responsáveis da instituição.
“Continua a haver um número elevado de trabalhadores e de utentes com a doença e a Santa Casa não faz nada. Mais de 15 trabalhadores estão com sarna e alguns tiveram de recorrer à baixa médica, quando devia ser o seguro de saúde da instituição que devia assumir”, reiterou.
Marisa Ribeiro denunciou ainda “má qualidade da alimentação dada aos utentes e trabalhadores”, falando em ingredientes de “pouca qualidade e mal confecionados”, e deu conta de uma “praga de baratas” que continua a existir nos quartos dos utentes e na cozinha.
“Embora em menor número, continua a existir. O tratamento que foi feito não foi suficiente. As autoridades sanitárias já estiveram presentes, exigiram medidas, mas ainda não está resolvido”, disse Marisa Ribeiro.
Às acusações do sindicato, corroboradas no local por trabalhadoras, foram rebatidas pelo provedor da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Varzim.
“A questão das baratas está mais do que ultrapassada. A empresa que nos faz a desinfestação diz que situação está controlada e que os últimos relatórios não detetaram a presença desses insetos. A praga está controlada”, disse à Agência Lusa Virgílio Ferreira.
O responsável também rejeitou a existência de um surto de sarna, embora tenha reconhecido a existência de “casos pontuais”.
“O nosso médico disse-me que não existe surto de sarna. No passado, surgiram alguns casos, cerca de 20, mas foram tomadas as medidas sanitárias adequadas e administrados medicamentos de forma gratuita aos utentes e trabalhadores. Neste momento pode haver um ou outro caso, mas não é significativo”, afirmou o provedor.
Já sobre as questões salariais, Virgílio Ferreira garantiu que a instituição “está a cumprir a lei” e os acordos celebrados com o sindicato.
“O CESP, o sindicato mais representativo nesta casa, acordou, em outubro de 2021, a última grelha salarial com a CNIS [Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade]. Cabe ao CESP fazer novos acordos para atualizar as tabelas salariais. Cumprimos o que está na lei e já atualizamos os salários mínimos”, disse o responsável da Misericórdia da Póvoa de Varzim.
LUSA/HN